quarta-feira, 14 de julho de 2010

A mídia tem fome

Enquanto não encontrar o corpo de Eliza e o mostrar, esquartejado, e após usar de toda sua força para fazer o goleiro Bruno imolar-se publicamente, a mídia não descansará. Trata-se de um assassino. Um psicopata. Uma vítima de lar desfeito, falta de estrutura, família, amigos do bem, que subitamente, por seu próprio esforço, em área muito competitiva, consegue sobressair e ganhar muito dinheiro. Ele, que usava mulheres como coisas, errou na medida de seus atos. Espero que ele e seus companheiros nunca mais saiam da cadeia.
Agora, o grau de exposição a que ele e os companheiros estão sendo submetidos pela mídia, com o conluio da polícia, principalmente a mineira, é exagerado. Há um delegado que está gozando seus minutos de fama, mostrando para todo o Brasil seu despreparo. Agentes que fazem os suspeitos desfilarem diante de todas as câmeras. Repórteres escavocando parentes, colegas, buscando o choro, o emocional. Vendedores de DVDs piratas já acenam nas ruas, com filmes pornô que Eliza protagonizava, juntando, na capa, ela e Bruno. É demais. Essa é a nossa fome? Nossa fome de Justiça e Paz, liquidando os que foram flagrados cometendo crimes? Um linchamento na mídia. É justo? Tudo isso é porque nossa Justiça é lenta e injusta? Assim, usamos o que temos em mãos para linchá-los? Lembra aquelas execuções na guilhotina, na revolução francesa, ou as bruxas queimadas na fogueira, ou os templários sendo executados. Após um sem número de dias presos e torturados, desfilavam, em carroças, destroçados, retirada toda sua dignidade, aos farrapos, esfomeados, descabelados, diante da plebe que lhes cuspia e gritava impropérios e gozações, vibrando a cada sibilo do machado para depois, cumprida a execução, voltar à casa e à vidinha comum. É esse o nosso mundo moderno?

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Meus parabéns pelo inspirado protesto. Subscrevo.

Edyr Augusto Proença disse...

Obrigado pela visita, Yúdice
Abs
Edyr