terça-feira, 27 de novembro de 2012

Dó de Gil

Não que ele se importe, sequer saiba da minha dó por ele. Mas é que ao ouvir seus últimos discos, especialmente o último, "Concerto para Cordas e Máquinas de Ritmo", fiquei penalizado. Não que precise, está rodando o mundo, recebendo justíssimas homenagens por sua obra. Um gênio brasileiro, gênio internacional. Mas, há alguns anos aconteceu da garganta, as cordas vocais darem problema. Já operou. Não tem jeito. Gil, o excepcional cantor, rei do improviso vocal, orgulhoso de sua capacidade, não tem mais voz. E então acompanhamos suas interpretações de maravilhosas músicas, melodia, ritmo, letra, arranjos sensacionais de orquestra e vamos aos poucos, de dó, ficando tensos, torcendo por ele, esquecendo as outras maravilhas todas, querendo, a todo instante, que ele consiga o drible vocal que insinua e nada feito, ele vai no tom baixo, rouco, falhando, nos breves momentos em que o coração suplanta o cérebro e ele tenta a nota maviosa e falha. É muito chato. Eu, que tanto o amo, fui mal educado por ele. Sua voz, melodias, letras, ritmos. Não consigo ouvi-lo assim. E o cd é maravilhoso, até porque ele vai de Quanta a Domingo no Parque, canta Caymmi, Tom, Gonzaga e os arranjos são lindos. Não sei se o que o motiva a seguir em frente, ele que sempre foi tão orgulhoso de suas capacidades. Não consegue ficar longe do palco? Precisa do dinheiro? Em minha opinião, "Quanta" foi o último trabalho em que ainda nos ofereceu seu máximo. A partir daí, a fonte secou. O cd, consegui aproveitar um pouquinho mais na segunda escutada. Na primeira, terminei tenso, torcendo por ele. Desculpe, não pude evitar, fiquei com dó de Gil

Briga entre quadrilhas

Mesmo com as novas e cada vez mais terríveis descobertas sobre os crimes cometidos por petistas no Poder, há espaço suficiente, no noticiário, para a demissão de Mano Menezes no comando da seleção brasileira. Ocorreu em um raro momento em que o time por ele treinado, vinha obtendo razoável performance. O novo presidente da CBF disse que o treinador não havia sido sua escolha, que aguardou o término da temporada futebolística e que pensa na Copa das Confederações, ano que vem. Também não gosto de Mano Menezes. Minhas razões são menos técnicas e mais acusadoras de mais uma ação de quadrilha, visando dinheiro e poder.
Ricardo Teixeira foi procurado pelos "loucos do Corinthians", Ronalducho, Sanchez e outros, para um projeto ambicioso de transformar o "timão" em clube reconhecido internacionalmente, rico e forte. Se Ronalducho fez sua parte, Teixeira fez a sua. Contratou Mano Menezes, que era da turma "mosqueteira" para treinador. Assim, vendeu para a Europa um grande número de atletas do Corinthians, após convocá-los e faze-los jogar na seleção. Já nem lembramos seus nomes, tão medíocres que são. Mais ainda, delegou a Sanchez, ex-presidente do Corinthians, o comando da seleção. Tite, atual técnico do Corinthians, chegou a ser chamado "Homem do Ano", pela revista Alfa. O clube vem enumerando títulos e agora decide o campeonato mundial de clubes em Tóquio. Jogos transmitidos pela tv, álbum de figurinhas, camisas, um trabalho muito bem feito. Na seleção que jogou contra a Argentina naquela pelada em La Bombonera, metade dos convocados era do Fluminense, muito justamente, mas a outra metade era do "coringão". Pera lá. O Corinthians também ganhou um estádio, justamente para ter jogos na Copa, tendo sido desprezado o Morumbi, do São Paulo, por conta de toscos problemas. Até Lula se envolveu.
Mas Ricardo, que recebia sua parte, precisou cair fora. A ameaça clara de prisão fê-lo partir para Miami e deixar tudo nas mãos de seu vice, político das antigas, Marin, ligado históricamente ao São Paulo. A partir daí, em todos os jogos, Lucas, atleta do São Paulo, vendido para o Paris Saint Germain, ao qual se apresentará em janeiro, em transação recorde em euros, nunca foi escalado no time titular, a não ser faltando dez, quinze minutos para o final das partidas. Algumas vezes, foi escalado de ponta esquerda, onde não tem nenhum cacoete. Parecia provocação. E era. Em seu lugar, Hulk, que saiu de Portugal para a Ucrânia, sei lá, em transação também milionária.
Agora veio o troco. Acabou o ano da seleção, acabou Mano, seus ternos bem cortados, sua postura obtida em aulas de como lidar com jornalistas e uma idéia de seleção, que mesmo com erros de escalação, convocações interesseiras e outros, vinha se firmando. Saiu Mano, claro, pediu demissão, também, André Sanchez, o diretor, ex-presidente do Corinthians. Agora, quem manda é a turma do São Paulo. Mas que treinador virá? Todos queremos Guardiola, sabendo que os atuais técnicos brasileiros estão defasados inteiramente. Mas não. Ao que parece, teremos o mais defasado dos defasados, Felipão, no cargo. O mesmo que depois da Copa no Japão, conquistou o vice campeonato da Copa Européia, dirigindo Portugal, dona da sede, foi despedido após poucos jogos do Chelsea e agora, após conquistar a Copa do Brasil, não impediu a queda do Palmeiras à Série B. O resultado dessas "vitórias" é a seleção brasileira?
As quadrilhas brigam, o povo, apaixonado por sua seleção sofre, temos uma Copa pela frente e o que será de nós?