quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rio 22 graus

Entrei em um taxi e o motorista parecia incomodado. Me disse que não aguentava os buracos nas ruas. Naquele instante, quatro da tarde, uma luz impressionante e linda, sem uma nuvem no céu, temperatura de 22 graus, Zona Sul, cariocas e turistas passeando nas ruas, tomando chopp ou café nos bares e cafeterias, outros rumo à praia, naquele instante, eu disse a ele que também olhasse em volta, olhasse para cima, notasse a luz e me dissesse se havia, realmente motivo para estar aborrecido. Ele pensou bem e disse não. Claro que não. Chego a compreender a falta de qualquer vontade do carioca em trabalhar. Não é possível. Não há como não ser hedonista. O carioca é, para o turista, o figurante da grande cena que é o Rio de Janeiro, Zona Sul. Ele está jogando futevolei, andando na orla, vestindo roupas sumárias, passando, cheio de charme, tomando chopp, nas livrarias, boutiques, ele está lá, para nossa admiração. Convocar essas pessoas ao trabalho, ao escritório fechado, chega a ser um crime..
No meio disso tudo, essa tragédia envolvendo o goleiro do Flamengo. Uma das piores consequencias da fama, no Rio, no ambiente do futebol ou do meio artístico, é a proximidade do risco, de estar com pessoas erradas. Eu o vi, certa vez, no aeroporto. Muito alto, muito magro, olhar de doido. O que ele fez não tem perdão. Orgias, garotas de programa, meninas de vida complicada, lares desfeitos, sem apoio de ninguém, encontram um doido com dinheiro. E há uma criança. Bruno deveria ficar preso para o resto da vida. Não vai ficar. Primeiro porque vai rolar grande discussão sobre materialidade. Sem corpo, não há crime, por mais que gritem outras provas. A tranquilidade que ele demonstrava, era por saber que haviam dado fim no corpo da namorada. Mas se for condenado, passará mais de dez anos preso? Sairá com trinta e poucos anos, ainda novo. Não jogará mais, profissionalmente, com certeza. Penso que a essa altura, a galera do presídio já disputa seu passe para o campeonato interno. Como ficcionista, penso no menino, que será criado no Mato Grosso, com a avó. Suponha que Bruno fique preso uns 18 anos. E que o rapaz venha vingar a mãe. Ficção? Desculpem, não quero brincar com algo tão sério. Fiquei muito chocado com tudo isso. O delegado mineiro é péssimo, tentando aparecer, com uma dicção engracadíssima. Bom, vamos aguardar novidades.

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