Sou
um escritor. Posso dizer isso após 16 livros lançados, quatro deles traduzidos
e lançados na França, entre outros países. Tenho orgulho em acrescentar que já
estive duas vezes na Sorbonne, Paris, a primeira para falar na Bilipo,
Biblioteca de Livros Policiais, a segunda para uma turma avançada de Estudos
Lusófonos. Estive, recentemente na Biblioteca Pública de Curitiba e fiquei
maravilhado com o trabalho desenvolvido ali. Aqui em Belém, minha cidade natal,
para a Biblioteca Pública do Estado, sou um desconhecido. Não somente eu mas
diversos outros colegas. Ou é preguiça,
ou ignorância, o que desqualifica pessoas que imagino, sejam formadas em
Biblioteconomia. Nunca participei da Feira/Farsa de Literatura, até o ano
passado promovida pelo sectário de Cultura. Sim, estive por duas vezes lá, a
primeira convidado pela Editora da Universidade, a segunda pela Aliança
Francesa. Eventos paralelos. Nem por isso, claro. Com outros colegas que sentem
a mesma coisa, passamos a realizar a Feira Literária do Pará, com apoio da
Livraria Fox e Editora Empíreo. Decidimos fazer por nós. Foda-se. Fazemos
porque queremos e não temos verba pública nem particular de ninguém. Agora deu
cria, com a Feira de Livros Infantis.
A
nova gestão da Secult já iniciou trabalhos. Sei perfeitamente que nestes
primeiros meses tratará de se virar com o orçamento planejado pelo sectário
passado. Me interessam as idéias. Uma nova feira literária já foi anunciada.
Talvez me incomode que em todas as ações, procurem atingir comunidades e
associações de todos os tipos, mas não falem nos artistas. Músicos, Atores,
Escritores, enfim. A divisão de administração entre a Secult e a Fundação
Tancredo Neves (foda-se o novo nome), foi mais um crime do sectário. Criou uma
série de órgãos independentes uns dos outros. Cada um atira para o seu lado e
ninguém acerta o alvo. Sim, acho que a direção do Waldemar Henrique deve caber
a alguém das Artes Cênicas e pronto. Chega de bem intencionados. As coisas não
iam mudar? Por enquanto, sei não. Mas voltando à Biblioteca, onde nunca estive
como escritor, já que durante mais de vinte anos fui (ainda serei?) persona non
grata, quando os escritores vão ser chamados ao menos para conversar? Nós, que
durante mais de vinte anos continuamos lutando por conta própria, realizando a
Flip, passamos a ser os novos indesejados? A Biblioteca apenas para visitas de
estudantes e alguns pesquisadores, lutando contra aparelhos defasados? Há de
haver difusão dos escritores atuais em todo o Estado; relançamento de livros
importantes; lançamento de novos escritores. Ainda não sei quais são os planos.
Não sei sequer o nome da diretora da Biblioteca Arthur Vianna, nem do setor de
Literatura. O que era péssimo, vai piorar?