segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Tiririm Tiririm Tiririm

Devo muito de minha inspiração para escrever à influência de minha mãe, que criou a mim e meus irmãos com muita fantasia, criatividade, bom humor e ironia. Lembro dela neste final de ano, ainda forte, dando aulas de Redação, aos 86 anos, porque inventava estórias sobre o Ano Velho e o Ano Novo, exercitando nossa imaginação. E próximo à passagem de ano, já deitado, presumidamente dormindo, ficava olhando pela janela, uma determinada sombra que qualquer luminária provocava no prédio ao lado, Edifício Piedade, imaginando que se movia, que talvez fosse o Ano Velho indo embora, cansado, desgastado pelo fim que chegava. Ouvia, ainda, som de batidas contra postes de ferro, características da época. E de repente, dormia.


 

Adiante, praia de Copacabana, RJ, com uma turma que incluía meu saudoso primo Avelino Henrique, passando por entre umbandistas, olhando, curioso, suas práticas, misturando respeito e felicidade.


 

Mais tarde, adulto, na Assembléia Paraense, smoking, com cara de criança, perfilado, orgulhoso, cantando o Hino Nacional. Em seguida, todos aqueles senhores respeitáveis, sérios, tiravam o casaco, adiante a camisa para fora da calça, sem gravata, despenteados, olhos rútilos, cantando a plenos pulmões "o meu carnaval eu quero fazer na base do berimbau. E eu vou cantando assim tiririm tiririm tiririm", segundo o maravilhoso Jackson do Pandeiro. Havia um espírito de confraternização, de pertencimento àquele grupo, sei lá. Hoje penso que parece aquela festa do filme Titanic ou Poseidon, antes do naufrágio, claro. A vida adulta me invadindo como as águas e eu me afogando em minha ingenuidade, querendo prorrogar ao máximo a adolescência.


 

A maturidade chegou e com ela, um enjôo completo por bebida alcoólica, além da pergunta eterna: preciso beber para ficar alegre ou me é suficiente estar alegre, sem precisar beber? Se preciso da bebida, a alegria não é legítima. Me pergunto até hoje se tem a ver deixar de beber com deixar de gostar desses eventos. Não é bem dos eventos. Até hoje ainda cantam o Jackson do Pandeiro, creiam, com o carnaval se tornando algo bastante estranho. Fui da ala de compositores do Quem São Eles, com dois sambas enredo cantados na avenida. Em alguns desfiles, bebi. Em outros, cheirei lança perfume. Mais tarde, nada e ainda assim, me diverti. Talvez a roda de amigos tenha ficado cada vez menor. Talvez tenha sido isso. Nem a bebida, nem a velhice, digamos assim, e sim a falta de turma. Também tenho vontade de passar o reveillon fora daqui, em um transatlantico, por exemplo (toc toc), nada de Poseidon, ou no Rio de Janeiro. Sentir aquela vibração que hoje já não sinto por aqui. E olha que fui o criador do reveillon da Assembléia Paraense ocupando toda a sede campestre, quando lá estive como diretor de Cultura, por quatro anos. Tive a idéia e muitos outros a desenvolveram, claro. Já não vou à Assembléia para o Reveillon. Passo com minha mãe, tudo muito simples e depois encontro com namorada, amigos poucos, talvez ,e vamos dormir. A emoção mais forte é receber telefonemas dos filhos. Ultrapassa todos os limites. Você que está ali, tão racionalmente tranquilo, desmorona ao desejar-lhes um feliz 2009. Pede juízo, torce por sucesso, saúde, amor, felicidade.


 

Este ano de 2008 foi muito bom para mim, seja para a minha Jovem Pan, seja para o meu Cuíra, ou para minhas atividades literárias. Lentamente, com dificuldades tremendas, o Cuíra se impõe como local onde se faz Cultura. Um palco aberto a várias possibilidades. Montamos dois espetáculos fortes, o primeiro festejando os 80 anos da Rádio Clube, onde encontrei a possibilidade de, também, festejar meus pais em momento radiante de suas vidas e adiante, em Quando a sorte te solta um cisne na noite, propor a discussão de temas polêmicos em cena aberta. Lancei meu livro de contos Um Sol Para Cada Um e ainda espero melhor divulgação em 2009, principalmente nas grandes cidades. Por aqui, meus amigos jornalistas ajudaram muito.


 

Segundo a numerologia, meu número é 1. No entanto, sempre simpatizei com o 9, buscando-o, muitas vezes, na soma de número de apartamento, telefone, placa de carro e outros. Pois deixo 2008, cuja soma é 1 para entrar em 2009, onde, por conveniência, não ligo para a soma e sim para a existência do 9. Nada sério. O racional fala mais alto. Como brincadeira. Um jogo. Tenho um, inclusive, que qualquer did esses explico. Coisa desde criança. Enfim, Feliz 2009. Que consigamos driblar nossas crises e esta que chega de fora. É mais um ano para lutar, individualmente, para fazer um mundo melhor, cheio de amor. De olhar o outro não como paisagem, mas como ser vivo. Para ser uma pessoa melhor. Feliz 2009


 


 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Zapping

CD
DEAIS A JET - O MELHOR DE MARCOS VALLE
Um dos ícones da segunda fase da bossa nova, Marcos Valle não tem, como Jobim, Vinícius e até Carlos Lyra, a mesma fama, mas devia. É autor de clássicos como Ela é Carioca, Preciso aprender a ser só, Samba de Verão e Viola Enluarada, esta não sendo bossa, mas música de festival. Talvez porque foi adiante e ousou flertar com novos ares em Mustang Cor de Sangue, Com Mais de 30, e finalmente, as muito fracas Estrelar e Fogo de Sol, mas sempre algo jovem. Seu irmão, o letrista Paulo Sérgio Valle, prosseguiu na atitude mais comercial e enriqueceu, parceiro da turma do brega. Aqui, nesta coletânea, está toda sua trajetória, redescoberta por djs ingleses, que remixaram suas músicas e o fizeram retomar a carreira.
BOSSACUCANOVA - AO VIVO
Márcio Menescal, filho de Roberto, outro ícone da bossa nova, cuida de refrescaro gênero adicionando batidas eletrônicas e outros arranjos, em uma carreira regular. Este Ao Vivo é uma festa, recebendo convidados como Carlos Lyra, EdMotta, Fernanda Takai, Jaques Morelenbaum, João Donato, Leo Gandelman, Marcos Valle, Pedro Luis, Roberto Menescal e Simoninha, além da cantora Cris Delanno. O repertório tem de Eu quero um samba, de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, anos 50, transformada em bossa por João Gilberto, Maria Moita, Samba da miha terra, Essa Moça Tá Diferente, Samba de Verão, Águas de Março, Garota de Ipanema, Balanço Zona Sl, Influência do Jazz e outras. Alguns arranjos ficam ótimos, outros não. Mas é muito legal de ouvir.
A MÚSICA DE DOLORES DURAN
Thiago Marques Luiz desenvolve projeto que reúne famosos cantores interpretando a obra de compositores não tão lembrados, como é o caso de Dolores Duran. Aqui, A noite do meu bem vem com Leila Pinheiro e João Carlos Assis Brasil. Olhe o tempo Passando, com Célia (que não bate Maria Bethânia). Castigo é detonada por Fagner. Ótima, mais Angela Maria do que nunca, Fafá de Belém em Por causa de você. Wanderléa não decola em Fim de Caso, nem Tetê Spindola em Estrada do Sol, mas Cláudia Telles e Tito Madi fecham bem com O Negócio é Amar. Não citei Moska, Claudette Soares, Alaíde Costa, Vânia Bastos e Zezé Motta. Não é muito bom?
PAULA TOLLER - NOSSO
Não sei porque continuo comprando discos de Paula Toller. Talvez seja pelo jeito de cantar, despojado, lânguido, cool, mas que gosto. Ou porque presto homenagem à belíssima mulher, cada vez mais, com o tempo passando. Nosso, é gravado ao vivo, reunindo músicas de seus dois cds anteriores, mais algumas novidades. O problema é o mesmo do Kid Abelha. As músicas passam e não dá vontade de tirar o cd, tampouco paramos para prestar atenção. Nem quando Dado Villa Lobos, outro expert no assunto participa, ou Kevin Johansson. Ela consegue diluir Mamãe Coragem, que foi gravada por Gal Costa no auge da ditadura e ousa sambar em 1800 colinas. My God. Enfim, até que dá pra ouvir Derretendo Satélites, seu hit e Nada por mim. Esqueci de Saúde, de Rita Lee e Só Love, de Bochecha, juntas em uma tentativa absurda de vibrar com a platéia. Enfim, ela continua linda.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal

A lembrança mais antiga do Natal que tenho, é a sua chegada no meu prédio, Renascença. Desde cedo, o "Buraco", figuraça da cidade, chefe da família Rauland, chegava e ficava escondido no último andar. No térreo, onde hoje funciona uma padaria, era a Salevy, uma espécie de bazar, um shopping, digamos assim, cujo proprietário era Samuca Levy, a quem chamava de tio, pela amizade de meu pai. Na semana do Natal ele instalava barraquinhas na calçada da Presidente Vargas, no tamanho da loja, claro. No dia da chegada do Papai Noel, ficava lotada a frente do edifício. Como ele chegava? Como o trenó chegava e não víamos? Era um helicoptero? De repente ele surgia, acenava e jogava bombons ávidamente disputados pela molecada. Eu ficava entre o orgulho de morar no prédio que o Noel escolhera para descer, andar por andar, visitando os apartamentos, e o pânico que me tomava em finalmente ficar frente a frente com ele. Certa vez, escondido sob um sofá, acabei molhando as calças. Pior foi a surpresa de Edgar Augusto ao ver o Papai Noel aceitar um copo de bebida de nosso pai. Papai Noel é amigo do papai! E ele bebe! Sentira seu hálito, quando fora pedir a benção.
Adiante, lembro que pedi um Papa Filas, espécie de ônibus que devido a seu tamanho, acabava com as filas nas paradas. Ganhei. Era um domingo. Fomos à casa do Lago Azul. Saí, todo pimpão, puxando meu papa filas. Quando retornei, minha mãe teve um ataque. Ao invés de um papa filas, puxava pelo fio uma espécie de caminhão, feito de maneira magistralmente criativa com uso de latas de óleo de cozinhar, rodas de tampas de refrigerante e outros detalhes. Havia trocado com Cícero, filho do caseiro do Lago Azul. Minha mãe não conseguia entender como eu achava aquela "coisa", melhor que o papa filas. Mas era, mãe..
Em outra, lembro de acordar Janjo, meu irmão menor, e leva-lo para trás de uma poltrona, na sala do apartamento, onde aguardamos, tremendo, ele molhando as calças, para provar que o velho Noel não existia e sim nossos pais, que surgiram e foram colocando os presentes ao pé da árvore. Não há desculpas para isso.
O Natal começava em dezembro, quando os dias começavam a ficar enfarruscados, vento úmido e alguma chuva. E estávamos de férias. Mais novos, eu e meus irmãos nos jogávamos nas cadeiras da sala e ficávamos ouvindo os discos tocados pelo Edgar, no caso, Beatles. Quando chega esse tempo, ouço Beatles. Até agora. Lembro também de subir e descer a então São Jerônimo, para ir brincar na casa de Abílio Cruz, meu grande amigo e ídolo de pré adolescência, adolescência e maturidade, que se foi precocemente, vítima daquela doença que arrebenta as pessoas à vista de todos. Como ele era brilhante, correto, inteligente, bonito, amigo. Como éramos amigos! Hoje brincaremos de quê? Bicicleta, peteca, futebol, jogo de botão, tudo valia.
No Natal, lembro principalmente de meu pai. Nessa época, ele comprava presentes para muitos amigos. Pegava o telefone e discava para desejar Feliz Natal. De noite, na festa da distribuição de presentes, vinha e entregava aos filhos homens envelopes contendo um dinheirinho. Era uma maneira, um comportamento discreto, pois ele nunca foi de gestos, passar a mão, beijar, mas os olhos, o sentimento, eram intensos. Papai adorava o Natal. Nesta época, lembro dele. Agora sou mais que um adulto, o que chamam de meia idade, talvez mais que isso, já que poucos passam dos 100 anos e vou fazer 55 ano que vem, tenho no peito não somente a saudade dele, mas o sentimento precioso do Natal. De comprar presentes para os meus. De distribuir um dinheirinho entre a galera da rua, próxima ao meu trabalho. Sentir no peito uma alegria, meio melancólica por sua ausência, mas um sentimento de confraternização. Gosto de dar presentes. Nem demoro tanto a escolher. Não suporto quando vêm e dizem dos cinismos do Natal, da chatice de comprar presente. Isso é coisa de quem não sabe viver. Não há famílias perfeitas. Há corações natalinos, como o meu. Quero meus filhos próximo de mim. Como quem supre algo que não teve, gosto de beija-los, afaga-los, presenteá-los. Falo pouco porque engasgo de emoção e quase vem o choro, que detenho, embora não devesse. Gosto tanto deles que não há como medir. E gosto de minha família. Não somos fáceis. Cinco irmãos de gênio muito forte, extremamente realizadores, em uma área de total exibição. Construímos nossos nomes, cada um em seu lugar, mas misturando tudo, um ajudando o outro, falando todos os dias, convivendo tanto, que aos finais de semana nunca estamos junto. Se me fosse possível pedir algo ao bom velhinho, seria a volta de meu pai ao seio da família, ao meu lado, para conversar diáriamente, como fazíamos, para meu deleite. Meu Deus, como ele me faz falta!
Feliz Natal a todos!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Zapping

Tenho uma camisa com a palavra Preguiça estampada à altura do peito. Sou preguiçoso. No momento, adio até não poder mais escrever um conto para uma coletânea de autores sulamericanos, para a qual fui convidado, chamada Entre Guerras. Houve um sorteio de "guerras" e para mim, caiu palestinos x israelenses. Houve quem me pedisse para trocar. Clarro que nón! Aos poucos fiz as pesquisas necessárias. Não costumo escrever assim, mas vamos lá. O desafio é bom. O problema é a preguiça. Quando escrevo, sei que nos próximos dias escreverei de uma vez. Meu dead line é em janeiro.. Enquanto isso, mantenho-me sem ler livros, com a desculpa de não permitir outros estilos me influenciarem. Bobagem. É uma maneira de assistir a filmes em DVD. E ouvir cds, o que faço em meu carro, por falta de tempo. Resolvi comentar o que tenho visto e ouvido. Quando voltar a ler, também comentarei. Quando ao conto, nem tenho ainda seu título. Mas vai sair.
CD
Quando me perguntam como vai a música, respondo que vai muito bem. O que vai mal é o mercado, ainda sem saber o que fazer com as novas mídias. Mas também é preciso dizer que um dos males desta super oferta, pois qualquer um pode gravar seu cd em casa, sozinho ou com parceiros e jogar na rede, é que fica difícil encontrar algo que preste. De ruim, milhões. De mais ou menos, outros milhões. Mas encontrei um cd bom, Outro vento, de Julio Dain, lançado pela Biscoito Fino, produzido e gravado em Paris. Julio tem um timbre parecido com Chico Buarque. O instrumento dominante é o piano, onde foram compostas todas as músicas, interessantes, provocantes, atonais, às vezes, em compassos diferentes, também, como na abertura "eu não sei o que faço, dou cada passo em falso, quase amasso o nariz no chão, mas não perco o compasso, não". Ou em "Outro Vento", "por ti pratiquei meu desejo, praticamente fui louco por ti, por ti partilhei minha carne, partilhei do teu corpo, por ti". Muito bom, instrumentalmente sobretudo.
Também muito boa é a banda Jazzafinado, que lançou Segundo Round, pelo selo Paralelo Zero. Formada por Bernardo Bezerra, Julio Merlino, Rafael Garrafa, Rodrigo Borges, Rodrigo Scofield e Thiago Farta, deslumbra em um trabalho com raízes no funk dos anos 70 e 80, teclados com som de Rhodes, guitarra com wah wah, mas com melodias cativantes e execução muito boa, com espaço para evolução de cada um, sem embrulhar nada. Imaginem que apenas uma das faixas não é deles, interpretação linda para Libertango de Piazzolla. Procurem pela internet. Aqui, ninguém nem sabe o que é isso.
FILMES
Já repararam que De Niro, Pacino e Daniel Auteil não apenas ficaram parecidos na velhice, mas também esculhambados, amassados, suarentos, com barba por fazer, sempre? Assisti a dois de Auteil recentemente, o último deles, MR73, a última missão, a partir de fato real. Daniel faz um policial no limite do stress, cuja esposa e filhinha, aparentemente sofreram um acidente e apenas a mulher vegeta sobre uma cama de hospital. E tem de lidar com corrupção interna da Polícia, mais um criminoso que após longos anos preso, será libertado e matará uma mulher. É bom. Na onda das comédias românticas, Matthew Broderick e Brittany Snow fazem Finding Amanda. Ele, um roteirista fracassado de séries de tv, viciado em jogo e ela, a sobrinha que sem conseguir conviver com a mãe por conta do padrasto que a estupra, vira prostituta em Las Vegas. Fica ruim porque tangencia os verdadeiros problemas, mas ao menos o final permite à garota fazer sua escolha e o tio, também. "Cartada de Risco" também mistura tudo. Dominique Swain é a filha de um jogador de poquer profissional. Ele forjou sua morte ao correr perigo por conta de suas confusões. Ela está na Universidade e estagiando no hospital, descobre que um médico cobra por operações. Os amigos sabem de sua habilidade com as cartas. Há um concurso valendo 5 milhões de dólares. Nos momentos finais, não somente o pai reaparece como seu adversário é o tal médico ladrão. Tangencia os reais problemas e fica na comédia romântica. Todos felizes ao final.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Meia Entrada

Ninguém vai conseguir mudar essa lei exdrúxula. É políticamente incorreto. Os jovens vão se revoltar. Os políticos, ao contrário, vão defendê-la até o fim. Os artistas que se fodam. Porque estudantes não pagam meia nas passagens de avião? Nos saquinhos de pipoca? Nos super mercados? Porque somente os poderosos, riquíssimos artistas abrem mão de metade do que têm a receber, por seu trabalho, para que outros fiquem bem? Afinal, alguém tem que pagar aos artistas e empresários do setor, os 50% recolhidos, não é? Meia entrada para todos! Mas alguém vai pagar isso, não? Meia conta nos postos de gasolina, já! Tudo isso gerou imensas distorções. Uma delas está nas leis culturais, federal, estadual ou municipal. Principalmente na federal, onde segundo a jornalista Larissa Guimarães, da Folha de São Paulo, metade do dinheiro disponibilizado para a Lei Rouanet, é captado por 3% de empresas e entidades que apresentam projetos culturais em busca de patrocínio. Ou seja, dos 4.334 proponentes do ano passado, 130 conseguiram R$483 milhões, quase 50% do total. São empresas poderosas como Cirque du Soleil, Itaú, Telefônica e outras. No caso de Itaú, por exemplo, o dinheiro que o banco pagaria de imposto, é colocado de volta na empresa, através de seu Instituto de Cultura, gerando ótima mídia institucional de retorno. Lucro! E vêm artistas famosos, da Globo, que estreiam peças com tudo pago, passam um mês em cartaz e adeus. Não arriscam nada. Lembro, uma vez, Jô Soares, esculhambando com Celso Fratescchi, então Secretário de Cultura de São Paulo, por não haver aprovado um projeto. Como se Jô precisasse de dinheiro para montar um espetáculo, que com toda a certeza terá muito público, lotará os teatros e o fará ainda mais rico. O atual ministro, Juca Ferreira, declarou que em fevereiro, apresentará mudança ao Congresso, mudança nas regras da Rouanet, tentando descentralizar a aprovação de projetos, por exemplo. Não sei como fazer isso, pois com a Lei, os governos abriram mão de qualquer política cultural, com gravíssimos danos para o país, como sabemos. Hoje, são Departamentos de Marketing das empresas que decidem quem fará ou não seu projeto. Entre uma tragédia e uma comédia, a segunda com famosa atriz global, você sendo diretor de marketing, o que escolheria? O mesmo Juca declarou à Folha, no dia 7 deste mês, que "a cultura nos traduz e nos diferencia. É por meio dela que nos revelamos uma sociedade original, plural e tolerante. Além disso, gera renda, trabalho e cidadania. Sua cadeia produtiva responde por 8% do PIB. Gastos com cultura estão entre os maiores das famílias. No entanto, somente 4,2% dos municípios brasileiros têm estrutura para gerir cultura. Mais de 75% dos municípios não contam com centros culturais, museus, teatros ou cinemas. E boa parte da população nunca entrou na internet. Um absurdo. E ainda reclamamos não saber de onde veio essa barbárie que tomou conta do Brasil. No Pará, o governo abre mão, anualmente, de x milhões de impostos que são usados no patrocínio de cultura. Mais de cem projetos aprovados. No último, apenas três peças de teatro. De todos os aprovados, somente 10 ou 20% conseguem patrocínio. É que o empresário só pode entrar com 5% do imposto que paga. Isso já limita em uns dez, o número de patrocinadores aptos a participar. Mas são mais de cem projetos aprovados! A Comissão Organizadora ainda corta valores dos projetos apresentados, mesmo que esses valores sejam detalhados em planilha. Chama os aprovados de mentirosos, mas aprovados. E o município? Pior, muito pior. Sua lei tem um teto de R$20 mil e é só. Todos nos queixamos da escuridão que tomou conta do Pará nos doze anos do governo passado e o amadorismo deste, e nos esquecemos que a Secult tem mais de cem municípios para cuidar e não cuida, enquanto que a Prefeitura sequer tem um teatro municipal. A última vez que lembro da existência de alguma atividade, foi no governo de Coutinho Jorge, acho, quando Paes Loureiro estava à frente da Semec. Lá se vão uns 30 anos?
Quando passei um tempo na Secult, a Lei Sarney saía de cena e entrava a Rouanet. Mas também havia sido publicado um livro de um ex presidente da Fundação Anchieta, que gere a Tv Cultura de São Paulo. Ele comprovava, através de gráficos, pesquisas, a excelência da mídia cultural, no que diz respeito à valorização de marcas e lançamento de produtos, por exemplo, atingindo o público alvo em um momento de lazer, descanso, relaxamento, propício a receber a mensagem publicitária. Tudo foi esquecido. Hoje, sem qualquer lei, nada se faz. Ninguém quer usar seu dinheiro e sim o do Governo, afinal, sobre ele não há risco e deixa pra lá essa história de valorização de marca.
Tudo isso começou com Meia Entrada. É punk, cara. E ainda me lembro que certa vez, aquele secretário inesquecível, queria colocar na Lei Semear, que do valor recebido por projeto, seria descontado 10% para trabalhos sociais. Quá quá quá!
É a barbárie que chegou com tudo.

Eu odeio Los Hermanos!

Sim, eu não suporto esta banda. Passei a vida inteira ouvindo músicas. Na minha idade, posso dizer que já conheço muito, seja das entranhas das músicas, seja das engrenagens. Sou curioso, gosto de novidades. Sei que de vez em quando surgem esses artistas que inexplicavelmente fazem enorme sucesso. Lembrei agora de Paulo Coelho. Sem nenhuma ironia, acredito que seja mágico, tão ruins são seus livros e tão estupendo é seu sucesso mundial. Los Hermanos surgiram com Ana Julia, rock balada com algum peso, bem bacaninha, pra rodar no rádio. O resto do disco era ruim. Mas aos poucos, o grupo foi impondo seu som. O segundo disco, abria com a bem razoável Todo carnaval tem seu fim. Mas seguia com verdadeiras bobagens, non sense, letra e música, nada bom. Tornaram-se famosos, os jovens alucinados, entupindo os shows, comprando discos, cantando músicas, chamando de gênios. E Los Hermanos fizeram bem. Barbudinhos, sempre com cara de levemente entediados, declarações dúbias. Separaram. Um deles foi ao programa de Serginho Groissman. Marcelo Camelo. Mostraram um vídeo de Ana Julia. Pegou o microfone. Entediado. Pô, cara, a gravadora impôs isso, disse que precisávamos gravar para mostrar na tv. Veio uma produtora e nos deu essas roupas ridículas, cara, sei não.. Delírio da platéia. O gênio falou. E em seguida, tocou mais uma de suas péssimas jóias. Eu detesto Los Hermanos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Réquiem

É repetitivo. Já escrevi antes, mas não me contenho. Por três momentos: após minha pelada de sábado, alguém dizia que o Governo deveria dar dinheiro para Remo e Paysandu. Porque ao entrar em casa, à noite, vi na tv do porteiro o Bola na Torre. Porque hoje li a palavra réquiem na coluna de Gerson Nogueira.
Não foi por falta de aviso. Cheguei a ser incômodo, desagradável. Afinal, estamos no futebol amador, não interessam as novidades diárias nos cadernos esportivos, loucos por alguma notícia interessante. Fundo do poço? Há sempre mais alguma coisa. Ao Remo ainda resta jogar a Copa do Brasil, ser campeão sei lá. Ao Paysandu, a série C. À Tuna, que segue na frente de seus adversários, parece nada mais restar, já que sequer para o campeonato estadual se classificou. As razões são muitas, mas sobretudo incúria, falta de clubismo, serenidade, bom senso e profissionalismo. O mundo se modernizou lá fora, o futebol tornou-se uma máquina de fazer dinheiro. Menos aqui. Quer dizer, para os clubes, claro. Há muita gente rica. Que se deu bem e ainda posa de grande benemérito.
Nossos clubes, como foram fundados lá no início do século passado, precisam mudar sua razão social. Hoje, dez ou quinze figuras se reúnem, montam diretoria, convocam mais dez ou quinze conselheiros e tomam decisões. As sédes caem, são leiloadas, ninguém é pago e vida que segue, já que é preciso anunciar uma grande contratação. Há que mudar. Tornar-se propriedade de alguém. Hoje, quase ninguém paga mensalidade. Enfim, acabaram. Não sabem administrar. Remo e Paysandu com sédes no centro da cidade, cercadas por público abastado e nada. Garagens náuticas e nada. Estádios, áreas campestres e nada. Seus presidentes, homens de sucesso em seus negócios particulares, onde são premiados e usam as mais modernas técnicas, quando chegam ao clube, transformam-se. Profissionalismo, modernidade, técnica, nada disso parece chegar aos ouvidos, também, da torcida. Meu amigo, na pelada, profissional brilhante, inteligente, desfez todos os elogios ao achar que o governo precisa dar dinheiro aos clubes. Se aborreceu quando disse que também queria dinheiro para o Teatro. "Eu não gosto de Teatro", disse, tolo, aumentando sua bobagem. Numa região que não é vista com simpatia pela CBF pelas distâncias. Num Estado que tem o tamanho de um País, porque permitimos que o que temos de mais forte, seja ignorado? O campeonato estadual é, sim, importantíssimo. É necessário o entendimento entre clubes, federação, imprensa, prefeituras e governo. Sim, o governo. Pois ao municiar as prefeituras de tal maneira a que possam, quando for o caso, criar a infraestrutura de hoteis, estradas, estádios, gramados, principalmente, para receber os clubes, receberá de volta insumos, dará empregos, terá impostos recolhidos, fomentado o Turismo, por exemplo. Como esta, não pode ser. Dar dinheiro, nem pensar, mas utilizar a mobilização pelo futebol para desenvolver o Estado, arrecadar impostos e unir este Pará, seria muito bom. Quanto à imprensa, é para lembrar de ter assistido ao Bola na Torre, onde tenho grandes amigos e principalmente ídolos esportivos. Lá está, também, Gerson Nogueira, outro amigo. É realmente um réquiem do futebol paraense. Maranhão e Amazonas, nossos vizinhos, também acabaram com seu futebol. Nem isso nos comoveu. Estamos seguindo reto, direto, para o mais profundo do profundo. E, no caso dos meus amigos da imprensa, fatalmente, em algum momento, haverá demissões. Justamente a imprensa que tanto se desenvolveu técnica e profissionalmente, transmitindo Copa do Mundo, estando em todos os lugares. Não pode permitir. Precisa chamar às falas esses presidentes de clubes e sua federação. Precisa intervir, ao menos por instinto de sobrevivência. Não adianta programar Seminários e outros. Quem menos vai são representantes dos clubes. Tem que ser direto, na garganta. Será que ainda dá tempo? O paciente ainda respira? Já estamos com carreata até por campeonato do São Paulo. Em pouco tempo, teremos do Arsenal ou Real Madri. Futebol paraense? Só o pelada. Será que deixaremos isso acontecer?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Violência

Queria escrever hoje sobre uma cena de filme que assisti ontem, contextualiza-la com a minha literatura, mas fica para depois. A notícia do assassinato do cardiologista Salvador Nahmias me deixou perplexo, chocado, sem graça. Enfim, acontece todos os dias, mas quando alguém próximo sofre, o choque é maior. Salvador, além de excelente profissional, prestador de serviços para a coletividade, era uma grande figura humana. Outras pessoas já foram assassinadas, dentro do âmbito do meu relacionamento, nisso que se chama "saidinha", onde alguém, dentro do banco, avisa os comparsas sobre o que retira dinheiro e faz o assalto. Reagiu? Não sabemos. Às vezes, é sem querer, puro reflexo. E a questão da violência? Sei que pareço até tolo, ingênuo, diante dos acontecimentos, mas insisto que a barbárie que vivemos está ligada à ausência de Cultura. Lógico, algo imediato precisa ser feito, para que o cidadão de bem e o meliante sintam a presença da Segurança. Mas a longo prazo, só a Cultura, me desculpem, algo ralo no Brasil, pior ainda aqui, após doze anos de escuridão tucana e dois de amadorismo petista. Que choque!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dançando no Schivazappa

A Companhia São Paulo de Dança passou por Belém de maneira quase anônima, apesar de contar com excelentes bailarinos e ter trazido todo o material necessário para apresentações plenas. Época errada? Falta de divulgação? Assisti ao programa do primeiro dia. Uma amiga trabalhou nos primeiros meses da Companhia e arranjou ingressos. Pouca gente. Meia casa no Schivazappa. Onde estava a galera da dança em Belém? Alguns poucos por lá. Havia, naquela noite, apresentação de Clara Pinto, acho, no Teatro da Paz. Mas onde estava a galera de Ana Unger, fora ela própria, não somente presente, mas recepcionando a turma com um jantar, após a sessão. E outras galeras? Um dia desses, passei no prédio do IAP (que pessoalmente chamo de Instituto da Punheta, e explico em outra oportunidade) e vi uma exposição de fotos feitas dos antigos grupos de dança da cidade. Encontrei Teka Sallé e seu Amordaçado, Amor Dançado, para o qual colaborei, junto a Ronaldo Franco, com alguns textos. Pois é, sinto falta de Teka que se enredou na Escola de Teatro e Dança da Ufpa e deixou os palcos. Sei que existe a turma da Companhia do Moderno e outra que neste instante esqueço e que já se mostrou no Teatro Cuíra. Deve haver mais uma ou duas, mas todas enfrentando graves problemas de produção, espaço, patrocínio, tudo. A cena da dança fica praticamente circunscrita às apresentações de final de ano das escolas de Clara e Ana, feitas para milhões de pais filmarem delirantemente. Nada de artístico. É muito pouco.
A Dança, como o Teatro, sofreu muito com os doze anos de escuridão do governo tucano e a simples falta de qualquer iniciativa do governo petista. Bailarinos e atores precisam de tempo e lugar para pensar, ensaiar, conceber um espetáculo e local para se apresentar, não somente por um final de semana, mas por tempo suficiente para mostrar ao público, em Belém, no Pará e em outras cidades brasileiras.
O governo petista adorou a manobra de Simão Jatene, que ao deparar com a imposição do Governador AG em manter o Secretário de Cultura Paulo Fernandes no cargo, decidiu fatiar todos os cargos da área, de tal maneira a retirar seu poder. Assim, todos atiraram para todos os lados, menos o correto. Agora, acontece o mesmo. Por isso, IAP é Instituto da Punheta. Tudo o que propõe não resulta em nada. Não está ligado a nada. Assim como a Fundação Tancredo Neves, onde está Gerson Araújo, com formação de administração cultural, mas absolutamente preso à cadeira, sem verbas, nada, por conta de pertencer apenas a um Partido da base governamental. Nos livramos de um maluco que nos trouxe prejuízos gigantescos e agora temos um nada. A Cultura, aqui, se confunde com Lazer. E a Cultura, vem antes de tudo. De tudo. Sua ausência é determinante para a cena bárbara que assistimos.
Quanto ao programa da Companhia de Dança, não gostei. Dois primeiros números contemporâneos, mas sem apelo popular, extremamente técnicos, precisos, corretos, mas frios. Aí, quando vem o último, Tchaikovsky, clássico, é fácil gostar. Senti falta de algo mais Deborah Colker, Intrépida Troupe, e não sei se esses estudiosos acham isso muito popular, sei lá. Há dois paraenses no elenco, um deles solando especialmente em Belém, um dos números e sendo bastante aplaudido.
É preciso dizer que a Companhia é corretamente atacada pela galera da dança paulista. Ao contrário de ter uma política determinada para o setor e somente após criar sua própria Companhia, o Estado despeja um bom dinheiro aqui e não em programas para os artistas paulistas. Errado. Lembra os doze anos de escuridão, não?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Onde se cansa cedo

Meu pai dizia isso, de Belém. É uma cidade difícil, despreparada para as mínimas exigências da civilização, sob um clima hostil para o ser humano, que o piora ainda mais. Não, pior que tudo são as pessoas. Talvez seja da nossa índole, a mistura do português com o indio. Essa desconfiança eterna. Esse não obedeço, faço do meu jeito, quando quiser e se quiser. E também esse enfeitar-se, gostar de dançar, cantar, fazer Arte e ao mesmo tempo, a dificuldade em aplaudir o outro, cantar seus heróis. Todos os que moram aqui sabem disso, mesmo os que não sabem que sabem. Mas à escolha entre ficar como a maioria, à espreita, para alvejar e triturar quem ousar botar a cabeça de fora da estufa e ofertar-se à sanha, com a recompensa apenas de tê-lo feito, a despeito de tudo, fico com o segundo. E foda-se. Se não acreditar que a Cultura é que move a Humanidade, e não o dinheiro, corruptos e corruptores, melhor parar.
Comecei a escrever esta primeira postagem de meu novo blog, impulsionado por um email enviado ao jornalista Ismael Machado, a respeito de uma entrevista feita comigo para o caderno Você, de O Diário do Pará, que passou pelo Teatro e a Literatura, áreas de minha atuação. Sei perfeitamente que em Belém, você lê o jornal com a faca entre os dentes, para ficar com raiva porque este ou aquele e não você, está sendo entrevistado, tem espetáculo apresentado, livro lançado, enfim. Sei que ninguém dá sopa e quanto mais ridícula a reação, mais interessante fica, como o caso de Josette Lasance, autora do tal email ao Ismael.
É que, após afirmar as dificuldades para os escritores em Belém, no Pará, com críticas às autoridades, Ismael perguntou por alguns, que eu sabia, estariam escrevendo e mereciam mais reconhecimento. Sem nenhum tempo para lembrar, arrisquei, perigosamente, Marcos Quinam, e Marcelo Damaso. Poderiam ser outros. O próprio Ismael que escreveu sobre o Rock dos anos 80 em Belém. Enfim. Isso irritou muito Lasance. Já havia ouvido falar. Há alguns anos, próximo a alguma montagem teatral minha, havia um livro de poesias, dela, sendo lançado. Não vou dizer se gostei ou não. Nem lembro. Josette parte dizendo que estamos equivocados. Que há muita gente escrevendo bem em Belém. Salve! Muito bom! Mas aí, vêm as ofensas normais de sempre, qualificando-me como riquinho de apartamento confortável com fácil acesso à mídia e outros mimos. Que coisa!
Tenho onze livros lançados. Que ela diga que os imprimi com meu dinheiro de riquinho, o que não é verdade, foda-se. Mas, tenho onze livros lançados, quatro deles com distribuição nacional, participação em duas coletâneas nacionais e próximamente em duas internacionais, fora o livro traduzido e lançado na Inglaterra, Hornets' Nest.
É muito difícil pensar alguma coisa em Belém, se todos estão armados, babando, "lendo" tudo de outra maneira. Mas não me arrependo. O Cuíra, meu grupo, tem grandes planos para 2009. Iremos ao Teatro da Paz com o Prc5. Queremos, com ele, nos mostrar em outras cidades do Pará. Voltaremos com o Cisne. Temos "Abraço", com Z e Cláudio Barradas, aí, começando a querer ser ensaiada novamente. Começo a escrever "Sem Dizer Adeus", sobre as últimas 72 horas de Magalhães Barata, segundo sua amante Dalila Ohana escreveu em livro polêmico. Pensamos em um musical, também. Na área de Literatura, se Lasance me permite, lanço logo no início do ano uma coletânea de poemas com o título O Tempo do Cabelo Crescer, através da Lei Tó Teixeira e patrocínio do Hotel Regente. Adiante, lanço um livro de poemas inéditos. Tenho um livro de crônicas pronto, aguardando o melhor momento para lançar. Inicio, quem sabe, mais um romance. Já escrevi dois episódios de um seriado todo passado em Belém que está sendo oferecido aos canais fechados por produtor carioca. Se não der certo, penso em publicar 1 capítulo por mês, vendido nas bancas, tipo aquele Black Mask, onde Dashiell Hammett escrevia.
Lembrei agora que Lasance recomendava-me ler mais, ler mais e ser mais informado. Pois eu lhe digo, escreva mais, escreva e apareça, escreva e escreva bem, escreva e consiga publicar, usando das Leis Culturais e patrocinadores. Sente a bunda para escrever e depois a tire para correr atrás de patrocínio. Enfim, querida, faça, mesmo que se submeta à sanha de idiotas que resolvem os problemas do mundo em uma mesa de bar e vão dormir, trôpegos e felizes, para no dia seguinte voltarem à sua vidinha normal e parasita. Que não suportam ver que alguém se destacou, que pode abrir caminho até mesmo para quem, como você, lê tudo com a faca entre os dentes. Aqui a gente cansa cêdo, sim, mas no dia seguinte, acorda com ânimo redobrado.