quarta-feira, 7 de julho de 2010

São Paulo

São Paulo
Pois é, passei dois dias na cidade. Temperatura interessante. Estive na Casa Laboratório, para assistir “O Homem com a Flor na Boca”, de Pirandello, com Cacá Carvalho. Devo ter assistido umas cinco vezes ou mais. Em uma delas, lembro, um homem dormiu e roncava. O ator, então, passou a conduzir o espetáculo em tom mais baixo, para não acordá-lo. Pior, era marido de uma crítica que, impotente, assistia, desesperada. Outra vez, em um final de semana, Rio de Janeiro, serviu para pesar bem a questão da palavra falada, sua melodia e intensidade. Voltei a Belém e escrevi “Palco Iluminado”, encenada por Cleodon Gondim.
Tendo em vista o tamanho do espaço, há umas trinta cadeiras. Roberto Bacci fez pequenas alterações, perceptíveis apenas para quem já conhece o trabalho. O mais é o recital de sempre, feito por um dos homens de teatro mais completos do Brasil. Cacá vai tecendo a trama, mexendo nas palavras, despistando, oferecendo possibilidades. Dois rapazes parecem verdadeiramente tocados. Outras, à medida que a história se desenvolve e alcança seu ápice, choram. E ele morde, sopra, senhor da situação, manobrando os cordéis. Uma beleza. Há uma moça, Tatiana, que é Doutora em Artes Cênicas no Rio de Janeiro. Está em São Paulo para participar de uma prova para admissão de novo professor na USP. Mesmo sendo amiga e conhecedora das qualidades do paraense, derrama-se em elogios. Jovens têm os olhos brilhando de admiração. E eu, feliz, por ser seu amigo.

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