quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A nova Escola de Teatro

Saiu ontem, na Folha de São Paulo, matéria sobre a inauguração da SP Escola de Teatro, projeto do governo estadual para formação de profissionais de artes cênicas, ali no Brás. A sede definitiva funcionará na praça Roosevelt, no centro, custando pouco mais de 4 milhões de reais. Enquanto o prédio não fica pronto, prometido para agosto, foi reformada a Oficina Cultural Amácio Mazzaroppi, que custou 500 mil reais. A necessidade de se antecipar à finalização do prédio, foi pela adequação ao calendário letivo padrão, com aulas a partir de fevereiro. Custará, anualmente, 8 milhões de reais, geridos pela organização social de cultura Associação Amigos das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. O valor supera o montante que o governo estadual destinou neste ano a seus principais projetos culturais, entre eles, Programação de Ação Cultural, campanha Vá ao Teatro, Festival Nacional de Teatro Infantil de
Salto (no noroeste do Estado), Circuito Cultural Paulista e Virada Cultural Paulista. Tudo começou com a galera dos Satyros, reativando um prédio abandonado na Praça Roosevelt, então completamente abandonada a mendigos, traficantes e usuários de crack. Os Satyros e Parlapatões sçai responsáveis pela maioria dos cargos de direção e coordenação. A instituição oferecerá oito cursos regulares para atuação, cenografia e figurino, direção, dramaturgia, humor, iluminação, sonoplastia e técnicas de palco, com dureção de dois anos. Tudo gratuito. Haverá também cursos livres de seis meses.
Porque posto esse acontecimento? Precisa explicar? A Escola de Teatro e Dança da Ufpa, que depois de muita luta, conta com doutores e mestres e um teatro perfeitamente equipado, também tem colocado novos técnicos no mercado. E agora sei de uma Escola Estadual, que ainda não visitei, que fica ali, ao lado do Sebrae, dirigida por Vânia Castro. Mas a pergunta que faço é o que fazer, uma vez saído de uma dessas escolas locais? Em São Paulo, há um imenso mercado. Aqui, não há nada. Temos alguns novos encenadores, como Saulo Sisnando, Danilo Bracchi, talvez tenha esquecido alguém, com gente nova em cena, mas um trabalho hercúleo em trazer de volta o público. A maioria dos nossos grandes nomes está a serviço da Escola de Teatro, muito justamente recebendo salários condizentes com o grau que alcançaram, mas sem tempo para fazer teatro. Enquanto isso, aqui fora, quais são os novos teatros? Em São Paulo, o Shopping Bourbon inaugurou um de 2 mil lugares. Há outro, creio que na Vila Olímpia, que acaba de ser inaugurado, com 600 lugares. É o teatro, levado, também pela iniciativa particular como algo importante para a sociedade. Por aqui, pelo menos temos o Cuíra, com toda a luta do dia a dia.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Uma loja no shopping

Acabo de assistir, na web, trecho da inauguração de um teatro com uns 2 mil lugares, no Shopping Bourbon, em São Paulo. Alguns artistas falaram. Talvez Fernanda Montenegro, não lembro agora, disse : obrigado pela iniciativa privada decidir abrir uma loja para nós, neste shopping imenso, onde possamos vender nossos produtos, nossas peças de teatro. É quando vem a melancolia pelo deserto de idéias e iniciativas em que vivemos e lemos a relação de vips locais que viajam para Dubai, Paris, NY, Barcelona, Johanesburgo, sei lá, e voltam cada vez mais burros, mais egoístas, com mais desprezo para a terra onde vivem, de onde sugam tudo o que podem e não devolvem nada. Não querem mais, sequer patrocinar espetáculos pelas leis municipal e estadual, para se esquivarem de qualquer fiscalização. Uma loja no shopping. Nós também acabamos de ver inaugurado um shopping gigantesco, na Doca.

Vamos ao Teatro, mas não me chame

Não sou inocente. Sei perfeitamente o que estou fazendo. Também não quero ir para o céu. Faço o que faço, simplesmente porque desejo fazer. Acredito nisso. Também sei que vivemos um momento terrível, especialmente em Belém. É um assunto complexo. Mas a cada dia, o que me faz pular da cama é a vontade de fazer, realizar, passar do discurso à ação. E olha que nesses três anos de Cuíra, vi muita gente cair fora, confrontada entre o discurso que norteava uma vida e a possibilidade da ação.
Estamos no último final de semana da segunda temporada de “Abraço”, texto de minha autoria, minha primeira direção, e também música de minha lavra. Em cena, dois dos maiores atores paraenses, Cláudio Barradas e Zê Charone. Não posso me queixar de meus colegas jornalistas. Saíram matérias nos jornais, nas televisões, chamadas em rádio e até anúncio, pela amizade de Camilo Centeno. Sim, temos problemas de público. Quem vai, após o espetáculo, não cabe em si de alegria pelo que viu. Mas são poucos, para o tamanho dos dois atores. Será que ainda é porque o Cuíra fica na Riachuelo com Primeiro de Março? Como se as demais ruas da cidade fossem tranqüilas e seguras? Será porque acham que há prostitutas constrangendo as pessoas? Será porque o Cuíra não tem ar condicionado, embora os ventiladores instalados garantam uma temperatura absolutamente civilizada?
Vou apenas citar os doze anos tucanos, mais os quatro petistas, em que andamos para trás. É bom dizer que já de antes dos tucanos havia uma queda nas platéias. E eu posso encher o peito de orgulho e dizer que lotava Teatro da Paz, Schivazappa, até com sessões extras.
O problema é complexo, envolve o completo descrédito da Cultura, hoje confundida com lazer. Como disse um conhecido, dia desses, “a gente sai de casa para desopilar o fígado e não para ver o sofrimento dos outros”.
Quanto à sobrevivência, deixando de lado as leis de incentivo à Cultura, municipal e estadual, já que hoje ninguém mais quer patrocinar desse jeito, com medo de fiscalização, optamos pela Rouanet, com algumas possibilidades. Mais do que isso, concorremos e ganhamos alguns prêmios do Ministério da Cultura, Funarte e até mesmo da Secult, na forma de dinheiro, além de nos tornarmos Ponto de Cultura. Depois de três anos de luta extrema, as coisas parecem tomar rumo. O problema é o público. E eu me queixo. Como disse, no começo, não sou inocente e sei o que estou fazendo. O que não compreendo é o afastamento de uma parte do público que era essencial: os formadores de opinião. Eles escrevem blogs, são articulistas, jornalistas, artistas, profissionais liberais que no entanto, percorrem rodas disseminando conceitos dos livros, filmes, peças de teatro, exposições em que estiveram. Onde estão eles? Dão todo o seu apoio. Abrem espaço nos blogs, nos jornais, televisão, recomendam, mas não vão. Então, não estão assistindo nenhuma peça de teatro local ou é somente no Cuíra? Não consigo entender. São pessoas que sabemos, gostam de teatro, de Cultura. Gente importante. Gente com as quais gostaríamos de debater o que foi visto. Não para receber elogios, mas para o debate, para ouvir outros pontos de vista. Para ajudar a compreender. Para dar uma força. Para nos proteger. Para que sintamos alento, pois a guerra é terrível, como se uma montanha estivesse em nossas costas, nos empurrando para a desistência, deixar para lá, ir cuidar da vida. Agora mesmo, parece que estamos perdendo o apoio da Leal Moreira, tão frágil, tão importante para nós, onde ela construiria um mezanino e abaixo, banheiro para o público. Em contrapartida, eu escreveria crônicas para sua bela revista Living. A gente respira fundo, olha em volta e retoma a luta. Depois percebe que isso dá ainda mais força para continuar. Mas há momentos em que desejamos nos queixar, como agora. Onde estão vocês, amigos, gente inteligente, que gosta de Cultura, que vai assistir aos espetáculos. Onde estão vocês? É nosso último final de semana. Barradas faz 80 anos em janeiro. O cara vale qualquer coisa para ser assistido. E Zê Charone dá um show de técnica interpretativa. E agora temos até pano de boca, doado pelo amigo Gerson Araújo, do Centur. Senão é como a frase que está como título, que vi em uma tshirt há algum tempo atrás. Vamos ao teatro, mas não me chame. Isso não pode continuar assim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Replay 2

Tal como informei antes, estou republicando alguns posts que até hoje acho legal e atuais. Às vezes vem a vontade de escrever algo e lembro que já o fiz, antes. Assim, mais um Replay..


CARCAÇAS NOVÍSSIMAS

Quantas vezes você ouviu aquele cd que comprou, antes do novo, que acabou de comprar? Quanto tempo faz que aposentou seu iPod, porque comprou e agora circula por aí com seu nano iPod? Quanto tempo faz que deixou de lado seu computador pelo belíssimo notebook que acabou de chegar? Quanto tempo durou seu carro, até que, ensandecido por aquele comercial, você decidiu comprar o lançamento? Vivemos a era do consumo. Tudo muito tudo agora. De novo! Tudo muito tudo agora. De novo! De uma vez! O mercado tem fome. Você também. É o tempo da infelicidade. Sou infeliz porque não tenho as novas havaianas com desenhos dos cartunistas paulistas. Sou infeliz porque não tenho a nova camisa lançada há dois dias por Fause Haten. Qual a razão da minha infelicidade, hoje? Não há tempo para degustar. Somente para engolir e abrir a boca novamente, para engolir algo diferente. Aquele cachorro robô da Sony, está esgotado na cor branca. Agora saiu na cor preta. Imaginem. Nada de novo. Somente a cor.
Sei que é coisa do passado mas houve um tempo em que chegava o disco de um artista e o ouvíamos sem parar, por uns três meses, decorando as faixas, sabendo as letras, até que chegava o disco de outro artista favorito. Havia um tempo de degustação das coisas. Hoje, a obsolescência do material é tão alta que no Japão, aparelhos de tv são empilhados como lixo, por apresentarem defeitos cujo conserto sairia inviável em preço, sendo melhor comprar um novo. A internet e seus hightlights. A MTV com seus clips de três minutos, levando o jovem a dispersar a atenção com qualquer coisa além disso. Agora, com o vídeo iPod, teremos filmes, curta metragens, outra linguagem completamente diferente. É tela pequena, muda tudo. É como se quisessem comprimir tudo em menos tempo. Não há tempo a perder. Vêm aí os implantes de cultura, como naquele filme do Keanu Reeves? Toda a carreira de Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, sei lá, que maturei em longos anos, a garotada, hoje, faz download e já sai conhecendo tudo. Conhece, mas pôde maturar? Fez digestão? Sacou? Também não gosto dos prolixos, mas é verdade que email e msn, por um lado, estimularam as pessoas a voltar a escrever, mas por outro, também é tudo menor, curto, sem perda de tempo. Repare nas novelas. Cada take não leva mais que dez segundos. Informações subliminares. Torpedos, via celular, cada vez mais curtos, utilizando uma linguagem própria, que encurta as palavras, encantadora, sem dúvida, mas redutora, também. É como deixar de gostar de assistir partidas de futebol e se contentar com os “Melhores Momentos”. E, no entanto, nesse jogo, tudo é importante, porque há um contexto a perceber. E o que é feito com todo esse equipamento que fica velho, mesmo sendo, ainda, absolutamente novo? Vira decoração, fica jogado nas estantes, não tem serventia. Se é alta a obsolescência, também é o descarte. E é um material que não vai se consumir. Vai ficar. E ao mesmo tempo, o fosso entre os ricos e os pobres é cada vez mais profundo. Por que será que ninguém pensa neles? Informação é poder. Um computador, por exemplo, ainda novíssimo, mas obsoleto para você que já tem o novo notebook Vaio, da Sony, é essencial para quem precisa. Para quem não tem, é um tesouro. Um cd player substituído por um iPod. Máquinas fotográficas que ainda usam filme, substituídas por digitais. Para onde vai esse mundo de equipamentos descartados? Teríamos a humildade, juízo e generosidade em entregar em postos autorizados esse equipamento substituído, para que fosse entregue a quem não pode comprar? E seria entregue? Continuaremos feitos uns malucos, comprando e gastando cada vez mais e mais? Seduzidos pela propaganda? Iludidos pela fome do mercado? Devorando o que nos apresentem? Sem mastigar, sem sentir o gosto, sem fazer a digestão? Quando deixaremos de ser infelizes por não ter um celular último modelo, que faz tudo, só falta falar e que está sobre a mesa daquele restaurante, sendo propriedade de outra pessoa? É cobiça que nos move? É ascensão social? Psicólogos não gostam, mas há pessoas que quando estão deprimidas, correm para um shopping onde compram de tudo. Presenteiam a si próprias. Inflam o ego. Será que realmente queremos tudo isso? É novo, eu quero. Tudo muito tudo agora. De novo! Tudo muito tudo agora. De novo! Pense nisso. Liberte-se. Não precisa virar nenhum ermitão, ou guardião de carcaças novíssimas, mas é bom escolher bem suas guerras. Você realmente precisa deste ou daquele aparelho, que promete armazenar tantos dados que nem em três vidas você daria conta de preencher? Mas aprenda a degustar. Curtir. Qual é a sua?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão

Parece teoria da conspiração, ou que venho assistindo demais as aventuras de Jack Bauer, mas o que me impressionou mais nesse apagão que tomou conta de vários Estados, foi a facilidade aparente de se atingir três torres de transmissão e com isso, causar tanto estrago, por até cinco horas, por exemplo. O sistema foi feito para resistir a até duas quedas de torres, não três. E se, sincronizados, grupos terroristas derrubam as três torres, aproveitando que o presidente e demais autoridades pertinentes estão em alguma dessas cidades? E se tomam o Poder, sei lá que mais? Parece muito frágil isso, não?

A nova civilização

Por alguns dias, diariamente, republicarei alguns posts dos quais continuo gostando. é porque vem a vontade de escrever e lembro que já o fiz, anteriormente. Está bem?


A Nova Civilização
Coincidência ler em Flanar um desabafo sobre todo o desrespeito, estupidez, falta de educação, cultura e tudo o mais que chocou quem esteve no Mosqueiro, no Reveillon. Os incomodados que se retirem. Eles devem ter se divertido muito. A nova lei. A nova civilização se reinventando. No sábado, o Repórter Diário divulgou pesquisa realizada pelo sociólogo Valber Pires, sobre os camelôs atuantes no centro de Belém. O resultado é desamparo, falta de qualificação técnica e violência. Imaginem que a maioria dos camelôs já está na faixa etária de 30 anos, com 70% na informalidade, há mais de cinco anos, ou seja, ingressou na área em plena juventude e não deverá mais sair. A maioria não tem carteira profissional e 90% não paga Previdência. Mais de 70% dos entrevistados não possui Ensino Médio e muitos, sequer concluíram o Fundamental. Segundo Dados do IBGE e do Anuário Estatístico do Município de Belém, apesar do crescimento da economia acima dos 10%, registrou-se também um aumento no trabalho informal na cidade. Leio também, no Jornal Pessoal de Lúcio Flávio Pinto, que dos 7 milhões de paraenses, 6% é de analfabetos ou analfabetos funcionais. Dos 126 mil professores da rede pública de ensino médio, 1/3 não possui nível superior. E os que têm formação universitária, vieram de escolas particulares. Das 1216 escolas, 80% tem infra estrutura deficitária e obsoleta. Dados da Seduc.
Chega de números. Este é o abismo em que nos encontramos. Nosso povo não tem Cultura e por isso não tem Educação, Saúde, Saneamento e seguimos adiante. Não tendo nada disso, mas assistindo na Tv, diariamente, tudo o que o mundo moderno pode oferecer, age. E quando não obtém roubando, e nisso, deixando de lado tênis, relógios, celulares, mas colocando comida, por exemplo, inventa. A Nova Civilização. São novas leis, que podemos perceber em coisas simples. A motocicleta, por exemplo, virou sonho de consumo, depois da bike. Em ambos os transportes, não há lei a ser obedecida, a não ser a de quem está na direção. As motos também se transformaram em instrumentos ideais para matar e fugir rápidamente. O capacete, o disfarce ideal. Os jornais, parece, adequando-se à nova era, enchem suas páginas de cadáveres nas mais grotescas posições, encharcados de sangue. A reinvenção do mercado fonográfico, através do Calypso, negociando diretamente, estimulando a venda de piratas por camelôs, faturando nos shows. E se reinventam no visual, assistindo Shakiras e Madonnas, para dar seu jeito. Os números da Seduc mostram a gravidade do assunto. Sua mera revelação bastaria para cair um governo. E nem é somente culpa deste, claro. Pergunto o que Ana Júlia pensa disso. Como consegue dormir com esse barulho? E o tal prefeito, que também não é culpado único? Quanto à pesquisa entre os camelôs, percebam que eles são propagadores de Cultura no centro da cidade, por onde passa, diáriamente, boa parte da população. Vendem roupas, adornos, filmes, cds e outras coisinhas, digamos assim. Vendem seu mundo. O mundo reinventado. Tudo pirata. Bolsas e tênis Nike. Quem compra, sabe que é falso. Todo mundo sabe. E daí? Não é para ser Nike? Quem manda custar tão caro?
Agora mesmo, um grupo de lúmpens, deslocado de uma casa na Riachuelo onde a Polícia encontrou laboratório de drogas, achou de ocupar a esquina do Cuíra, Riachuelo com Primeiro de Março. Ocupar, simplesmente. Homens e mulheres em idade de trabalho, passam seus dias jogados em colchonetes pútridos, namorando, fazendo sexo, necessidades fisiológicas, bebendo, se drogando, brigando, discutindo, a qualquer hora do dia ou da noite, sem distinção. O mais interessante é que não tentam, de maneira alguma, se esconder, ocultar sua vadiagem, suas roupas andrajos, ou a trouxa onde guardam petecas de crack, que vendem para comprar PFs e bebida. Procuram exatamente o foco do holofote que ilumina a frente do Teatro Cuíra. Estão no palco, entendem? O mundo é deles. Infelizmente, a culpa é toda nossa. Nós, com nossas briguinhas internas, nossos ódios eternos, antipatias, nossos lucros pessoais, nos inviabilizamos políticamente desde que o Pará é Pará. Leiam o livro de Carlos Rocque sobre Magalhães Barata. Leiam sobre o velho Lemos. Nossa elite é uma elite de merda. Viaja o mundo inteiro e não traz nada de bom para a cidade. Pelo contrário. Nossos ricos, ao invés de agradecer à cidade por ter proporcionado sua riqueza, nada fazem. Está certo que pagamos impostos exorbitantes, mas também somos responsáveis por votar nesses pulhas que ao longo de nossa história, nos deixaram assim. Nossos jornais, aos domingos, repetem as mesmas fotos, das mesmas pessoas, nas mesmas festas, ou festejando os mesmos negócios. Um dia desses, ingênuo, Luizão tornou pública a má educação de Edu Lobo. Pra quê. Li mensagens que já o detratavam apenas por ter trazido o artista. Luta de classes, ainda. Lutamos entre nós. Queremos morrer abraçados. E somos caçados feito ratazanas prenhas, como diria Nelson Rodrigues, mortos a vassouradas, apenas porque ou nascemos em um lar de classe média ou conseguimos chegar lá, por mérito, por estudo, educação, cultura, e tentamos sobreviver com altivez nesta que tentou ser uma metrópole, mas voltou a ser uma selva. A floresta voltou e está engolindo a cidade. É a nova civilização. Tudo está por ser reinventado, segundo cada um de nós. Há esperança? Somos minoria

O Príncipe e a Abelha Rainha

Gosto muito de História. Desde criança. Há uns dois anos, livros contando a história do Brasil vêm obtendo expressivas vendas, mercê de um contexto maravilhoso e uma escrita leve e agradável. Acabo de ler "O Príncipe Maldito", de Mary del Priori, contando a história de Pedro Augusto, que seria o Pedro III, imperador do Brasil. A história tem todas as características de romance, novela, filme, o que quiserem. Eu não sabia nem de sua existência. Na sala de aula, passamos por cima de tudo isso, mais preocupados em guardar datas, ou saber se isso vai cair na prova. Um absurdo. A todas as pessoas que contei o enredo, ficou a impressão de ser algo agradável, bacana de saber. Imaginem se ao invés dessa bobajada das salas de aula, contadores de histórias passassem tudo, com interpretações, debates, discussão. Seria ótimo.
O Regente Feijó esteve à frente de tudo até Dom Pedro II assumir. Teve duas filhas, Isabel e Leopoldina, que casaram com dois europeus. Isabel seria a Rainha, com a morte de Dom Pedro II. O monarca iniciou a velhice, algumas doenças e começou o zunzunzum. Fofocas políticas, do povo e principalmente, nas internas. Isabel era casada com o Conde D'Eu, que ninguém suportava. Demorou a ter filhos. Leopoldina, não. Deu à luz dois meninos, o mais velho, Pedro, um homem bonito, que logo se impôs na sociedade e passou a ser um candidato natural ao trono. E a vida vai passando. Dom Pedro II resolve ir à Europa, tratar-se e também levar Pedro para conhecer o Velho Mundo. Enquanto o imperador se trata, o jovem corre as monarquias sendo homenageado, condecorado, procurado por candidatas a consorte. Enquando isso, no Brasil, não suportando as pressões, e já demorando muito, Isabel assina a Lei Áurea. Nem por isso fica mais simpática, bem como o marido. É bom dizer que a autora, Mary, cita apenas de passagem a Condessa de Barral, Domitila, que, convenhamos, não parece ter sido alguém a ser citado apenas de passagem. O imperador volta e é recebido com júbilo. No entanto, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Rui Barbosa, Quintino Bocayuva, José do Patrocínio e outros que tais, tramavam a República. Chamaram Deodoro de Mendonça, herói da Guerra do Paraguai, que por fuxiquinhos foi mandado para o Mato Grosso e declararam a República. O jovem Pedro, que articulava algum golpe, desde que o colocasse no cargo, só foi saber de manhã cedo, ao sair para dar uma volta de cavalo. Passou o resto do dia aguardando ser chamado para ocupar o trono. Isabel e o marido ficaram desesperados. Dom Pedro II voltava de Petrópolis e recusava aceitar o fato. Imaginem a guerra interna nesta família. Está bem, mandaram dizer que partiriam para o exílio no dia seguinte, às cinco da tarde. Não. Partem logo mais, de madrugada, sem tempo para reunir bens, resgatar títulos, nada. Já na viagem, o jovem Pedro apresenta sinais de loucura. Fica internado em um hospício, onde fica até morrer. Dom Pedro II morreu mansamente, algum tempo antes. De Isabel, não lembro. Leopoldina morreu logo, lá no começo da história. Uma novela.
Abelha Rainha
Sempre gostei de Bethânia. Desde a Boate Barroco. Depois, adolescente, me apaixonei pelo Maria Bethânia Viana Telles Veloso, que tinha "Olha o tempo passando". Adiante, em "Rosa dos Ventos", ela me ensinou a ouvir Fernando Pessoa. Algumas opções nem sempre me agradaram de todo, mas Bethânia sempre esteve íntegra. Agora, colhe os frutos, lançando, mais uma vez, dois discos de uma só vez. É MCB, eu diria, hoje, Música Culta Brasileira, que há alguns anos, era Popular. Tudo é bom em "Tua", principalmente a primeira música, "É o amor outra vez", de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro e a última, "Domingo" (domingo eu não sou boa companhia), de Roque Ferreira. O outro, "Encantaria", ainda não ouvi. Depois eu digo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Perdoem os erros

Quando comecei a escrever aqui, decidir fazê-lo de prima. Direto no blog. Acho que assim, vira como que um diário, na temperatura do momento. Sei que posso cometer alguns erros. Concordância, repetição de palavras, ortográficos, sei lá. Perdoem. Se tiver de escrever primeiro, copiar, colar e tal, já fui. Não tenho saco. Tá bem?

O que as pessoas pensam de você?

Essa é mais difícil. Lembro que, a cada vez que alguém ergue uma máquina fotográfica e percebemos, há uma movimentação em nosso corpo. Assumimos, cada um, a persona que por algum motivo, queremos que seja capturada naquela foto. Alguns mexem os ombros, outros abrem um sorriso Colgate, baixam o rosto, mulheres dão valor ao busto, qualquer coisa, menos a gente. Isso, não deixamos que seja capturado. Quais são os sinais públicos que damos para as pessoas, o público externo, formar idéia sobre quem somos? Que roupas vestimos? O carro. Onde vamos. Onde sentamos. Com quem. Vivemos em sociedade e todos analisamos a todos, alguns com mais outros com menos talento. O que as pessoas pensam de você? De mim, tenho a impressão que pensam que sou antipático. Digo isso porque não consigo superar uma certa timidez em público, não sendo expansivo como sou quando estou com meus próximos. E também sofro por morar em uma cidade que ainda guarda resquícios sócio econômicos que geraram grupos sociais. Já fui Diretor de Cultura da Assembléia Paraense e lá me acharam alternativo demais, qua qua qua. Muitos da área de Teatro ainda me acham mauricinho demais, qua qua qua.. Isso por conta de não ser nem de um, nem de outro. Pelo contrário, almejo entrar e sair de todas as estruturas incólume, sendo apenas eu próprio e o que determinar meu pensamento. Às vezes estou em um determinado grupo, plenamente aceito e vou buscar meu carro. Quando chego, sinto que olham e já me qualificam de outra maneira. Como se, na idade em que estou e após trabalhar desesperadamente, não pudesse ter um carro. Em outras, quando desço do carro de t shirt e jeans, sinto que há um olhar que deprecia, talvez. Muito pequeno. Belém. Mas esse é outro tema bacana para discutir. Os sinais que emitimos. A sociedade em que vivemos. O que as pessoas pensam de você?

Como você se vê?

Essa vem da lembrança de dois papers que escrevi. O primeiro, na extinta Província do Pará e o segundo, no texto de uma crônica em que comentava meus 50 anos de idade, que já vão longe...
Esse "Como você se vê", surgiu há pouco tempo. Em alguns lugares, com vários espelhos, podemos nos perceber em ângulos improváveis. Já começa uma surpresa. Hoje, com a profusão de câmeras e processos de filmagem, qualquer pessoa pode ver-se em uma tela. Não é algo simples. Como nos vemos? Quem pensamos que somos? Então nos vemos, aquela pessoa, na tela, ganhando volume, uma pessoa que tem gestos, um corpo, uma voz, andar, expressões. Nós. Em ângulos que nunca imaginamos. Percebemos, talvez, uma cabeça em desacordo com a elegância, gordurinhas, andar estranho, uma voz que se ouve diferente. Como você se vê, é para mim, algo para discutir muito mais. Gosto do tema. E como se veste? Ih, você percebeu que parece um velho, barrigudo, se vestindo como se tivesse 25 anos.. Bem, hoje qualquer um pode fazer isso. O problema é se cabe. Fit. E você percebeu isso naquele momento. Voltar para casa, refazer tudo? É, companheiro, a verdade é dura e pior, todos sempre viram isso, menos você, até agora. O problema é outro e aí, entro no que escrevi no texto dos 50 anos. Homens e mulheres, a maioria, diariamente, botam a cara em um espelho. No caso dos homens, para barbear-se. São alguns minutos se encarando. Mas, não é assim, simples. Olhamo-nos e imaginamos a cara de sempre, uma imagem, e nos barbeamos onde já sabemos, ser necessário. Vemos mas não vemos, não sei se me faço entender. Experimente olhar-se para valer. Examinar seus ângulos. Agora é ali, onde está chapada, sua face. Vêm as imperfeições. Bochecha caída, rugas, marcas no rosto, enfim, um desastre. Sabem o que me acontece? O cara que mora dentro de mim, o cara que me habita, digamos, é muito mais novo do que a carcaça. Ele não havia percebido a passagem do tempo. E as pessoas em volta, no dia a dia, também não percebem. É como deixar de ver alguém por um tempo e no reencontro, notar cabelos brancos, barriga, ou magreza, sinais de mudança, passagem do tempo, rejuvenescimento, sei lá. Mas o cara que me habita é danado. Ele ainda gosta de rock, é curioso, está sempre esfomeado atrás de novidades, dorme porque tem horário de dormir, quer jogar futebol todos os dias e emite um brilho pelos olhos que deve confundir estranhos. E então ele precisa raciocinar se não avança muito os sinais. Se a roupa que escolheu para sair combina com o resto. Já comprei várias camisas e calças que após a euforia da compra, passaram, direto, para meus filhos. Pena. Mas fico feliz em vê-los com elas. Me realizo, também. Enfim, bom de discutir isso, não?

Complexo de Vira Lata?

Isso me ocorreu de repente e divido com vocês meus pensamentos. O paraense sempre foi tomado como hospitaleiro. Pessoas de outros Estados passam por aqui e fazem muitos elogios. Dizem que "os paraenses, nem bem te conhecem e já vão te levando para casa, fazer refeição, passear". Isso é verdade. Às vezes, está uma visita na cidade e de repente, não nos contentamos em levá-la para passear, não deixá-la pagar nada. Chega a segunda feira e deixamos de trabalhar para levá-la até Mosqueiro, Salinas, sei lá. Antigamente, Belém era uma cidade portuária. Havia muitos estrangeiros nas ruas. Li que mais de 30 consulados. Mais tarde, até a Segunda Guerra, fomos uma cidade onde os aviões faziam escala e muitos ficavam. Normal, então, essa facilidade do povo em lidar com visitas, com estrangeiros, inclusive. Mas o tempo passou e hoje, tenho a impressão que temos complexo de vira latas, como dizia Nelson Rodrigues do Brasil. Creio que desejamos, ardentemente, ser aceitos. Queremos, ardentemente que a visita diga que somos pessoas bacanas. Que nossa cidade é linda. Que não vêem a hora de retornar. Que nunca esquecerão os passeios, a hospitalidade. Creio que depois de ouvir isso, respiramos fundo e nos aliviamos. Ufa. Tudo isso porque sabemos que somos esquecidos. Com o tempo, o Sul ficou forte e se segura. Minas, São Paulo e Rio. Há Salvador e Pernambuco. Recentemente, o turismo em Fortaleza. Manaus arrebentou e levou a Copa. Ficamos para trás. Nas pesquisas nacionais, não somos citados. Os aviões que vêm aqui, chegam de noite ou madrugada. Vôos internacionais? E espera lá, quem vem a Belém fazer turismo? Talvez turismo de negócios, os números provam. E o que mais? Para ver santos barrocos, há 365 igrejas na Bahia. Sabemos disso, mas adoramos nossa terra. Assim, ficamos nos arrastando, pirangando um elogio, largamos tudo, paparicamos a visita até vir o tal elogio. E isso me leva a outra pergunta: realmente amamos nossa cidade? Se a resposta é sim, eu digo que é mentira. Um sentimento antigo, que não resiste a uma atualização. Porque se amamos, qual a razão de não fazer nada para a destruição que assistimos, sem querer nos meter, ou não podendo, ou na base do deixa pra lá. Nós votamos nessas autoridades, ou trabalhamos de maneira ao nosso opositor não se eleger também, preferindo o caos, que é o caso atual. Realmente amamos a cidade? Não. E então, qual a razão de ficar nessa "hospitalidade", que na verdade é complexo de vira latas? Por favor, goste de mim.. Gostar pelo quê?

Ainda em Woodstock?

Pois é, virou uma obsessão. Bem, sou um pouquinho obcecado por algumas coisas. Primeiro assisti aos 4 DVDs sobre Woodstock, contendo shows que nunca haviam sido vistos. Depois, ouvi seis Cds contendo outros shows que haviam ficado de fora nas comemorações pelos 30 anos, quando saíram apenas 4 cds. Então, li Woodstock, de Pete Fornatale, dj e jornalista novaiorquino que estava lá e então, analisa show por show, na ordem correta em que foram feitos, diferente do documentário que criou seu próprio roteiro, bem como me posicionou sobre onde os músicos ficavam, o que diziam, os atrasos, alguns bem chapados, achando que se apresentariam quatro horas mais tarde e no entanto, chamados na hora e simples hippies que estiveram lá. Muito legal. E então veio "Aconteceu em Woodstock", de Elliott Tiber. Resumindo: Bethel foi uma região, nos anos 50, onde muita gente de NY ia jogar nos cassinos. Inventaram Atlantic City, Miami e a região entrou em decadência. Mark Lang, depois de investir uma nota em um terreno em Woodstock, recebeu uma negativa. Desesperado, achou Elliott. Este, com seus pais, tinham um hotel decadente. Mais ainda, Elliott, gay ainda não assumido, anos 60, fazia alguns shows de verão, tentando animar a galera. Era presidente da Câmara de Comércio da região e concedeu a si próprio a licença para promover um festival. Lang foi até lá. O terreno não servia. Em frente, havia a fazenda de Max Yasgur, perfeita. O livro conta todas as demarches, os obstáculos colocados por diversos moradores, os artistas, enfim, o ambiente em que se desenvolveu o festival. Agora virou filme, também. Acho que vou assistir e depois, dá um tempo, né?
Mas acabei de ler "Passageiro", de Cesário Mello Franco, muito bom. Linguagem rápida, orientação total da zona sul carioca, Ipanema, Leblon, bares, ruas, hum, acho que conheço esse estilo. Um garoto inteligente mas tímido, perde o pai, riquíssimo, self made man, a quem pouco conhecia, mas antipatizava. Descobrem que havia uma mulher com o pai. Atrás disso, ele vai conhecendo a vida e a luta do pai, que aos poucos, vai melhorando sua imagem, à medida em que ele também vai amadurecendo, inclusive com as meninas que adorava, mas tinha medo de chegar junto. Bacana.

A Feira Canalha, mais uma vez

Mais uma vez, a Feira do Livro. O secretário Edson dá entrevista mostrando a grandiosidade do evento. Que beleza! O número de participantes e o público estimado. Os escritores convidados, grandes nomes nacionais e alguns artistas da música, creio que estes, por conta do Hangar, extremamente generoso em trazê-los, por qualquer motivo. Todos parecem felizes, muito felizes. Até, talvez, os escritores locais, desinformados, frágeis, ingênuos, inscrevendo-se alegremente para participar do stand do escritor local. Será que eu é que estou errado? Desafino o côro dos contentes? Tento evitar sentir raiva, mas, idealista, não posso evitar. Essa Feira é canalha desde seu surgimento, retrato fiel da administração passada, absolutamente ignorante de seu papel e no entanto, imbuída dos melhores ou piores sentimentos na direção do sucesso de público, do evento, sem nenhuma preocupação com os alicerces. Creio que a mesma equipe prosseguiu à frente, na atual administração, que mais uma vez caracteriza-se pelo mais absoluto desconhecimento de sua função, de sua obrigação, trocando tudo por um projeto que pretende eleger seu dirigente máximo nas próximas eleições. Nos primeiros meses, compreendia-se a falta de ação, pois após doze anos de destruição, havia muito a construir. Com o tempo, deu para perceber que ninguém queria construir nada, a não ser uma candidatura.
Para os que somente agora podem me acompanhar, em poucas palavras, a razão de chamar a Feira do Livro de canalha. Se uma empresa particular decide promover uma Feira de Livros e para isso, aluga um lugar e por conta disso, aufere dinheiro vendendo espaços para livrarias, recebendo percentagens ou não; se traz escritores de fora, famosos, artistas da música, outros que tais e até, por boa vontade, abre inscrições para autores locais participarem de um stand do escritor local, tudo bem. Nada a opor. Agora, quando é uma ação de uma Secretaria de Estado da Cultura, está tudo errado. Porque é fundamental que não se esteja perseguindo ou apenas lucro, ou meramente sucesso de vendas ou de público, mas principalmente, um resultado cultural. Uma Feira de Livros é uma coroação anual de todo um trabalho desenvolvido, em todo o Estado, dividido, por exemplo, em três fases: relançamento de livros esgotados e importantes; lançamento de novos autores; popularização dos atuais escritores; diversos outros processos que popularizem de uma maneira geral a Literatura e os escritores locais. Assim, na Feira, teríamos o ápice de tudo e até podemos convidar algumas estrelas, que dividiriam palco com os locais. A festa é nossa. Enfim, o assunto é longo. Claro, assumo que sou suspeito para falar. Afinal, venho sendo censurado há 15 anos nessa feira, mesmo tendo escrito e publicado 11 livros, quatro deles com distribuição nacional, um deles traduzido e lançado na Inglaterra, além de compilações com outros autores, algumas internacionais. Mas, quem quiser que acredite, se não fosse escritor e atingido, também acharia a mesma coisa. É uma Feira canalha.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Eu e Verequete

Desculpem o título, vocês verão que não é nada demais. Mas é que ainda imerso na dor pela morte do nosso Verequete, lembrei de um encontro que tivemos, há mais de dez anos, quando exercia o cargo de Diretor ou Coordenador (coisa que o valha) da Secretaria de Estado de Cultura, no Centur. Não lembro as circunstâncias, mas estávamos gravando um disco ou cassete com Verequete, que mais uma vez, há muito andava sumido. Cheguei para trabalhar e o encontrei na sala de espera, querendo falar comigo. Preocupado se alguém o havia tratado mal, sei lá, fui logo perguntando, afobado, ao que ele me acalmou. "Eu vim aqui lhe fazer uma pergunta, que está me deixando muito atazanado. Agora que eu sou "contratado" aqui do Centur, queria saber se o senhor vai permitir que eu continue com a minha vendinha de churrasquinho, na porta de casa.. Sabe, é que além do dinheirinho, eu fico ali, conversando e vou levando o tempo, né?" Agora, ele está enchendo de ritmo a galera lá do alto.