segunda-feira, 26 de julho de 2010

Maninho, mas assim..

E Mano Menezes fez sua primeira convocação. Da seleção antiga, somente quatro, não é? Alguns, não conheço. O problema é muito maior. Como permitir que uma entidade tão problemática, realiza um evento do porte de uma Copa do Mundo? Está bem, não sei como resolver isso. O crime foi muito bem criado e ao longo dos anos, aperfeiçoado. Mas então, como mudar a maneira de jogar futebol? Como voltar ao estilo de jogo que nos consagrou? Como romper essa prisão do futebol resultado, antes não perder, quem sabe empatar, que bom, ganhamos. Mano Menezes, como a maioria dos técnicos brasileiros, é defensivista. Gosta de retranca. Procurem seus números. Como montará essa equipe que convocou? Aproveitará os meninos do Santos, mais Hernanes? Terá zagueiros velozes, que acompanhem a evolução da equipe no campo adversário? Sufocará o outro time em seu próprio campo em marcação pressão? Enfim, jogará como a Espanha? Para isso, muito treino e mudança de mentalidade, o que é bem lento. Se der certo, pode ser que seja obedecido no resto do país. O estilo de jogo que reduz um grande campo a uma quadra de futsal ou basquete. Temos jogadores, temos talento. Teremos guts?

Naquele tempo

Em 1967, eu tinha 13 anos de idade, o que significa, nos dias de hoje, como se tivesse uns oito anos. Mesmo assim, por interferência de meu irmão Edgar e de meus pais, envolto em um ambiente que respirava Cultura, assisti aos programas de tv com os Festivais de Música da Tv Record. Ouvi os discos um sem número de vezes. Agora está sendo lançado um documentário sobre o evento. Saiu no Globo, a matéria. A vitória foi de Edu Lobo, cantando "Ponteio", juntamente com Marília Medalha, Momento Quatro e Quarteto Novo. Dividindo prêmio, Chico Buarque e "Roda Viva", cantada com Mpb4. Caetano Veloso e "Alegria, Alegria", acompanhado por uma banda argentina. Gilberto Gil com "Domingo no Parque", cantado com Mutantes, Rogério Duprat e orquestra e creio, Heraldo do Monte no berimbau. Cara, Edu, Chico, Caetano, Gil. Compreendem o momento mágico? Todas as músicas viraram clássicos. Acho modernas até hoje.

Os fiéis e os infiéis

Assisti a dois filmes que mostram o grau de perplexidade dos americanos em relação ao inferno em que se meteram depois que Bin Laden e seus muslims resolveram mandar ver em uma Jihad contra eles, infiéis. Um se chama, creio "O Terrorista", com Samuel Jackson. Um cara, americano, convertido ao Islã, manda um vídeo dizendo que escondeu três bombas nucleares em três cidades americanas e que ainda iria fazer suas exigências. As bombas explodirão em tres dias. Após isso, postou-se em frente a uma câmera de vigilância de um shopping em LA, creio, onde foi capturado. Para torturá-lo, chamam Jackson. Este, chama uma mulher, do FBI, para fazer a boazinha. Samuel, com aquela pinta de mestre sala de rancho, fantasiado de príncipe etíope, como diria Nelson Rodrigues, bota quente. Corta dedos, queima, faz um inferno, enquanto o tempo passa e o terrorista nada diz. A boazinha e outros que assistem, vão à loucura, cheios de boas intenções, odiando Jackson. Até os filhos do cara, trazem para torturar, até que ele revela o lugar das bombas. Mas não eram tres e sim, quatro. Todos têm ódio de Jackson. A nossa civilização não faz assim! E o cara, na boa, conta que é sua jihad e pronto. Como fazer com um prisioneiro que se fez apanhar e que deixa-se morrer por pura vontade religiosa. Auto determinação.
Mas também não faça como Luc Besson, que dirigiu um tal de From Paris with Love. Me aparece um John Travolta, disfarçando uns 300 quilos, cabeça raspada, espião ou algo que o valha, matando umas 50 pessoas em Paris, desfilando como uma patricinha no Atalaia, seis horas da tarde de sábado. De A a Z, pois começa liquidando pencas de chineses com cocaína, daí envereda pelos muslims, arrebentando uns 300 carros, escapando incólume até o final, onde a espiã mulçumana, descoberta, bomba envolta no corpo, tenta acionar o detonador, sendo morta pelo idiota branco, escada de Travolta, apaixonado. O cara diz não faça isso porque eu te amo. E ela, desculpa aí, foi mal, mas é minha Jihad.. Eles, americanos, estão descontrolados.

O rock dos velhos

Acompanho a carreira do U2 desde o primeiro disco. Percebi quando se tornou um gigante da mídia. O truque nas músicas, começando sempre num crescendo, fazendo com que, no rádio, naturalmente, houvesse um espaço entre seu som e dos demais artistas. A questão religiosa, depois abrindo para o mundo e seus problemas. A tentativa em fazer algo mais dançante e o retorno ao som mais tradicional. Tudo o que a banda faz, é pensado com três, cinco anos à frente. Espetáculos grandiosos, onde as grandes estruturas de cenário, som e luz, precisam ser absurdamente modernas, o circo do rock and roll, compensando o fato de, para a maioria do público, os integrantes parecerem formiguinhas iluminadas, em uma platéia para 60, 80 mil pessoas. E o rock, lembram, precisa de aconchego, suor, calor, rala rala, para maior vibração. O rock é adolescência, hormônios explodindo, agressividade juvenil. Chega a ser espantosa a habilidade de Bono Vox e The Edge em criar melodias baseadas em apenas três ou quatro acordes. O guitarrista é um grande músico, descobrindo novas sonoridades, a partir de poucas notas. De vez em quando correm pelo palco, para dar movimento. Assisti ao DVD com o show 360 graus, que ainda está em cartaz. O disco que gerou já deve ter uns dois anos, acho. Depois do DVD virá o cd ao vivo, penso. E os caras param por um ou dois anos. O tempo passando. Os Rolling Stones, mais uma vez, anunciam a possibilidade de uma turnê de despedida, quase todos com quase 70 anos de idade! A pior coisa que pode acontecer a uma banda de rock é envelhecer.

a falta de comunicação

Quando começa o filme "Estão todos bem", de Kirk Jones, um remake de "Stanno tutti bene", de Giuseppe Tornatore, música de Enio Morricone, pensei que era mais um filme mostrando como desprezamos os mais velhos, fazendo com que eles fiquem sós, não os atendendo quando nos ligam, mas não. Robert de Niro está bem, como sempre, fazendo um viúvo que espera pela visita dos filhos, que nunca aparecem. Assim, decide visitar um por um, para matar as saudades. A cada visita, um susto, a impressão que encenam um bom cenário, para não preocupá-lo. A falta do que dizer, após os cumprimentos de praxe. Falta de assunto. O viúvo era desses pais que trabalham o dia inteiro e à noite, chegam tão cansados que não têm folego para conversar com os filhos. A mãe cuidava de tudo. O personagem de Niro pegou enfisema, pois foi operário de fábrica de fios condutores. Por isso, a cada viagem, por trem, vai olhando os postes e ouvindo uma cacofonia de conversas. Conversas que nunca teve com os filhos. Ao final, Paul McCartney cantando bela canção. Meu pai também trabalhava muito. À noite, quando estava em casa, era na máquina de datilografar, escrevendo para jornal. Aí comecei a ir com ele assistir aos jogos em que ele trabalhava. Ou então para o Lago Azul em uma famosa pelada às noites de quarta. Melhor, deu um click e ele voltou à música. Com isso, rejuvenesceu e tornou-se parceiro dos filhos. Até hoje.
E "Amor sem escalas", que candidatou-se ao Oscar? George Clooney, o bonitão, vive em um mundo artificial, onde não há dúvidas, contas a pagar e melhor, há milhagem. Viaja permanentemente pelos EUA. Mora em hotéis. Conhece com a palma da mão esse mundo. Sem compromissos. Namora, quando as agendas encaixam, com Vera Farmiga, bela atriz, também executiva, vivendo a mesma linha. O problema é que o filme enlouquece, querendo provar que bom, mesmo, é viver casado, nive to five, televisão, bingos e churrasco aos sábados. E quando Clooney sente amor por Vera Farmiga, vai atrás, bate na porta e descobre, grande golpe, que ela é casada e tem filhos. Nele, tinha uma fantasia. Se há uma coisa a destacar é esse momento. Bem feito. De resto, zero. De vez em quando me vou a algum lugar. Há algo interessante nesse mundo de viajantes. Muitas vezes, viajo sozinho. Aeroportos, taxis, hotéis, restaurantes. Gosto de transitar por esses lugares, anonimamente. Uma lembrança forte, quando andava em San Francisco, procurando uma Tower Records. No bolso do paletó, um rádio ligado na 101.3, creio, sei lá. De repente, toca "Like a Rolling Stone", com Bob Dylan e tudo fez sentido. Mas é bom voltar para casa, sem dúvida, embora não goste de "pertencer" a algum lugar. Sou paraense. De Belém. Mas minha cabeça está muito longe daqui.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Muricy não, mas quem, então?

Acho horrível a escolha do técnico Muricy para a seleção brasileira. É claro que todos dirão que não se pode agradar cem por cento. Mas é que, partindo da premisssa da necessidade de uma mudança completa no estilo de jogo da nossa seleção, o que se refletiria no futebol jogado no Brasil, a escolha não poderia ser pior. Rememorando, o futebol defensivo, com cada vez mais zagueiros e cabeças de área, passou a grassar após o fracasso da seleção na Copa de 82, chegando ao auge com Parreira, campeão em 94 e Felipão em 2002. Times defensivos, cheios de cabeças de área, mas com dois fenomenos à frente, Romário e Bebeto, Ronaldo e Rivaldo, decidindo. Ao longo do tempo, os cabeças de área foram aumentando de número e os armadores de estilo clássico, arrumadores de jogo, comandantes em campo, capazes de dribles, lançamentos, passe certo e ritmo de jogo, foram sumindo. Hoje, nossos craques em campo são veteranos, deslocados de sua posição de origem, ou estrangeiros. Querem ver? Petkovic no Flamengo, Conca no Fluminense, Gilberto no Cruzeiro, D'Alessandro no Internacional, esqueci algum? De novo, apenas o paraense Ganso. Pior, hoje, no melhor estilo Joel Santana, as equipes brasileiras armam barricadas à frente da grande área, e dois corredores à frente. Se há um contra ataque, a equipe, do último homem de defesa ao último do ataque, se alonga, ficando um vazio no meio. A galera da defesa, não sai com o time, mantendo pequena distância, um jogador do outro. Ninguém sai. Isso é o contrário do que se pratica, hoje, nos melhores centros. E o Brasil já foi o melhor centro. Lembro de um time da Noruega. O zagueiro despejava na outra área um lançamento onde o atacante, de dois metros, fazia pivô para os companheiros. Eliminavam o meio de campo. Ligação direta como esquema de jogo. Agora pensem se hoje, aqui no nosso Pará, alguma de nossas equipes troca mais de quatro passes consecutivos. O melhor estilo, hoje, é o da campeã do mundo, Espanha. Ouço críticas que pouco chuta, mas o seu melhor é transformação de campos de mais de cem metros em quadras de futebol de salão ou basquete. A lei do impedimento é a mais inteligente do futebol. Faz com que as equipes se amassem em determinado espaço de campo. A Espanha sufoca o adversário em seu campo de jogo. E tudo isso sem fazer faltas. Apenas a aproximação entre seus jogadores. Uma vez recuperada a bola, começa a ciranda de toques, como um time de futebol de salão girando, procurando a brecha, ou no basquete, girando a bola no garrafão. Os zagueiros precisam ser velozes e saber jogar, o que não temos, hoje, no Brasil. Acostumados à filtragem de inúmeros cabeças de área, nossos zagueiros são pernas de pau especialistas em agarra agarra dentro da área.
Eu não quero Muricy na seleção. Ele acabou com o trabalho implantado no São Paulo por Telê Santana. Eu torcia pelo tricolor. Gostava de seu futebol bonito. Muricy acabou com tudo. Não torço mais. Futebol feio, de pontapés, ligação direta, jogadores altos, fortes e ruins de bola. Futebol de resultados. Ele saiu e a equipe não consegue mais jogar bem. Agora no Fluminense. Ou era no Fluminense. Pior é que um mau humor o acompanha e o faz, apesar de ganhar milhões, de saber que se trata de uma profissão em contato diário com o público, imaginar que não deve ser cobrado, arguido e se irritar, distribuindo pontapés. O "professor" Muricy. Que pena a nossa seleção. Imagine o Ganso. Muricy acabou com o futebol do Dagoberto, camisa dez bom de bola, veloz. Hoje, um corredor maluco, que não sabe sua função em campo. Acabou com Richarlyson, que pintou como excelente meio de campo com Hernandes e hoje já está jogando até como zagueiro.
Mas se não for Muricy, quem seria? Mano Menezes, retranqueiro? Luxemburgo, tão enrolado em seus próprios problemas e trapalhadas? Felipão, retranqueiro? Não temos. Nossos técnicos são especialistas em manter seu cargo. Primeiro, não querem perder. Depois, quem sabe, atacar. Melhor é contra atacar, não é? Estão atrasados técnicamente, mas o pior é a falta de ousadia, que sobrou em Dorival Júnior, assim que teve um time que sentiu poder dar respaldo. Antes, foi retranqueiro também. Chamar quem? Cruyff? Guardiola? Imaginem o escandalo que seria. E se Zico fosse chamado? Nunca, porque é adversário de Ricardo Teixeira. Leonardo seria acusado, com razão, de não ter experiencia e repetir Dunga. Viram como fomos empurrando com a barriga essa situação? Todos vendendo jogadores, convocando europeus e imaginando que na hora tudo daria certo. Agora que procuramos jovens e principalmente um treinador, chamam Muricy.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Educação péssima no Pará

Acabei de ler em uma coluna do Estadão, uma frase ótima, dizendo "o Brasil ficou em sexto lugar na Copa e todos choraram, mas ficou em octagesimo quinto lugar em Educação, no mundo, e ninguém diz nada". Pior ficamos nós do Pará, em um dos últimos lugares, em relação aos outros Estados. E não dizemos nada. Alguns ficam até indignados, mas o que é feito? Sou apenas um escritor e jornalista e imagino que medidas técnicas se imponham, de maneira a alcançar toda a rede, incluindo professores em qualidade e número, escolas em qualidade e número e sei lá, tantas outras ações. Porque será que, aparentemente, nada é feito? Que aparentemente nada, cara. Estamos em um dos últimos lugares!
Passam as férias na casa de minha namorada, duas crianças. A primeira, de nove anos, morava em Icoaraci e agora está em Benevides. A segunda, já não posso chamar de criança, tem 14 anos e estuda na melhor escola de Abaetetuba. Posso dizer que desprezando pouca coisa, ambos estão no mesmo nível de conhecimento, muito próximo de zero. Não sabem ver as horas. Não sabem os Estados do Brasil. Além de Pedro Álvares Cabral, pouco mais imaginam. Em matemática, pior ainda. Em Português, um escândalo. É na base do "pra mim fazer", "nós ia" entre os mais simples. E ainda contam que as professoras falam assim. Não conseguem reter conhecimento. Estudam, tentando decorar, mas não conseguem. Não conseguem manter a atenção por mais de cinco minutos. Ambos conhecem toda a programação do SBT e Record. E as músicas bregas também. A situação é tão terrível que não sei mais o que dizer. Essa geração já está aí, sem condições de saber mais, de se desenvolver, ser gente, brilhar com seu intelecto. E ninguém faz nada.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bourne

O fato é que sou o tal leitor vulgar. No aeroporto, entro na livraria e claro, fico fissurado nos livros, suas capas coloridas e a vontade de comprar tudo. Saí de lá com "A Traição de Bourne", escrito por Eric van Lustbader, continuando a saga iniciada por Robert Ludlum. Bem, só percebo e me dou conta que Ludlum já morreu há alguns anos e os últimos livros com o personagem Bourne vêm sendo escritos por esse Eric, ao final da leitura. Na capa, o nome de Eric é bem pequeno, ao contrário do título e de Robert Ludlum. Basta começar a ler e perceber ter caído, grosseiramente, no golpe do best seller. Não é preciso ser especialista para perceber o esquema de escrita, padronizado, dividido cirurgicamente. No caso específico desta griffe "Bourne", milionária inclusive nos cinemas, a criação da história e os acontecimentos chegam fácil ao ridículo, ao absurdo fenomenal. Curioso, antigamente pensava que no livro, tudo era possível, contando com a imaginação, mas depois da computação gráfica, é no cinema que vale tudo, ficando o livro, na minha opinião, com uma missão mais comprometida com o real. Não aqui. Personagens saltam de um ponto ao outro do planeta com a facilidade com que vamos da Batista Campos a São Braz, quer dizer, nem tanto assim, não é? Disfarces, ferimentos, enfim. E, pensando bem, quanto mais os americanos (van Lustbader parece holandês, mas creio que Ludlum era americano) esculhambam seu governo e órgãos como FBI e CIA, mais e mais reforçam seu poder ideológico no mundo todo. É impressionante como só trabalham nesses órgãos absolutos imbecis, paspalhões, idiotas que qualquer um engana. São incapazes de tomar a decisão certa, dependendo o tempo todo de agentes que além de arriscar sua vida todos os dias, principalmente por seu patriotismo e apego ao bem, venham lhes dizer a coisa certa, pior, sendo constantemente traídos. O livro vai fundo na maluquice, perdendo qualquer contato com a realidade. O pior é que este leitor vulgar, embora estarrecido, foi até o final.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

Desde que o tempo é tempo, no inverno, a temperatura em cidades mais ao sul do Rio Grande do Sul cai bastante. Isso não é novidade, a não ser para o Jornal Nacional da Rede Globo. Não aguento mais. Todo ano, é a mesma coisa. Fátima Bernardes, ou quem na bancada estiver, está com os olhos brilhantes, como criança, dizendo que o frio chegou em São Joaquim e os termômetros estão congelando. De lá, fala a repórter fulana. E então vem a repórter, olhos brilhando, como quem vê neve a primeira vez, relatar e mostrar como está frio! E daí? Nunca viram? Será que é porque, após 20 graus, no Rio de Janeiro, todos pensam que estão no polo norte? É ridículo e cafona. No inverno, a temperatura cai no sul do Brasil e sobe vertiginosamente no norte. Todo ano.

John Lennon

Todos os dias passo ali na Presidente Vargas, esquina com Aristides Lobo, onde a prefeitura, em péssimo movimento, acampou alguns camelôs que agora ficam ali, imundos, tomando sol, vendendo comida acondicionada de maneira imunda, mas encarando quem passa de maneira desafiadora, já não bastassem todas as ameaças que já temos no dia a dia. Um deles, não sei o que vende, está sempre ouvindo flashbacks. O primeiro disco solo de John Lennon está sempre tocando. E música nos transporta no tempo e espaço. Eu ia passando e ouvindo aqueles sinos dobrando, prefaciando "Mother". Eu estava no Canecão, Rio de Janeiro, bem teen, aguardando o início de mais um Baile da Pesada, comandado por Big Boy e Ademir, djs da época. Então, vem um ao microfone e diz que, como havia fila grande na porta, iriam aguardar para iniciar o baile. "Enquanto isso, ouçam o disco novo de John Lennon, que acabei de receber de um amigo que chegou de Londres". E então vêm os sinos.
Edgar Augusto, meu irmão, quase nos enfiou Beatles goela abaixo. Fazíamos mímica, em frente ao espelho. Ele, claro, era sempre o cantor. Ou John ou Paul. Para mim e para o Janjo, quem sabe, George ou Ringo. Na pré adolescência, um dos primeiros choques foi tentar traduzir as letras. Era o momento do psicodelismo. Uma mudança de padrão na escrita. Não entendia nada. Celophane flowers of yellow and green towering over your head..
John e Paul, duas faces da mesma moeda. Acabei de assistir "Nowhere Boy", filme de Sam Taylor Wood, com Aaron Johnson, Anne Marie Duff e Kristin Scott Thomas, contando a história de Lennon, criado pela tia Mimi e descobrindo que a verdadeira mãe morava alguns quarteirões adiante, com outros filhos e outro marido. O pai Alf, bem, não se sabia por quais mares andava. Mimi dura, disciplinadora, segurança total. Julia é o contrário. Ele se apaixonou pela mãe. Mixed emotions. Ela o havia "dado" a Mimi.. Mas lhe mostra, no banjo, "Maggie May" e muda sua vida. Chega Paul, bonitinho, sem mãe, mas todo certinho, sem conflitos, tocando bem e compondo. Insuportavelmente competitivo. O filme vai até o embarque para Hamburgo. Ouvir a mãe ensinando ao filho "Maggie May" é muito bacana. Sempre fui dividido, também. John é mais áspero, mais rocker, com sua guitarra rasgante e versos curtos, duros. Um perfeito compositor de jingles. Diz o que precisa em poucas palavras. Direto ao ponto. Paul é virtuoso, gosta dos acordes cheios e de romantismo, embora seja um excepcional cantor, um branquelo que fazia um Wilson Pickett perfeito.
Aproveitei e assisti "The US vs John Lennon", documentário que relata a luta do Beatle contra o governo americano, por sua permanência naquele país. Vem o romance com Yoko Ono. Acho que nela, ele encontrou a mãe, a mulher e a amiga. "Mama don't go, daddy come home". Yoko, apenas, foi escrota em desejá-lo somente para si, podendo manipulá-lo com mais facilidade. De resto, ela foi a pessoa que topava todas, não era careta e achava bacana tudo o que ele fazia. Para um artista, uma mulher que seja parceira, é tudo o que se pode querer. A idéia de manifestações solitárias, usando sua fama, pela Paz foi sensacional. Os tais "Bed Ins" em Amsterdam e Toronto. Cantar "Give peace a chance". Os slogans, as músicas, como jingles, tudo perfeito. Uma revolução sem armas e sim pelo amor. Era muito bom. Cara, aquele primeiro disco solo dele é demais! Klaus Voorman no baixo e Ringo Starr na melhor performance de sua vida. Tem "God", "Well well well", enfim. Depois veio "Imagine", grande jingle, mas também há "Jealous Guy" e principalmente "Gimme some truth", esta, um rock and roll poderoso, político, insultante, genial "Estou cansado de ouvir e assistir políticos, mentirosos, hipócritas, enganadores.. tudo o que eu quero é um pouco de verdade". Um artista ex-Beatle e com essa força, atrairia imediatamente a atenção de ativistas como John Sinclair, Abbie Hoffman e Angela Davis, lutando por direitos civis, contra a Guerra do Vietnã, causas perfeitas, mas também outras, mais ideológicas, claro, não tão defensáveis assim. Eles foram falar com John que os adorou. Não digo que o tenham manipulado, simplesmente, mas o encantaram e o fizeram estar à frente de manifestações, fazendo músicas, comandando e incomodando autoridades. Aí vieram os problemas em relação ao visto. Quem é esse inglês que está em movimentos políticos, aqui? Acho que caiu, também, um tanto de sua criatividade. Veio Sean e ele virou pai. O pai que nunca teve. Quando voltou, veio o maluco e o matou. Yoko pode ter sido tudo o que foi, mas deu-lhe ombro, conforto, amizade e o fez pensar que vivia em liberdade, embora fosse seu prisioneiro. Que vida, hein?

A Batida Perfeita

Acabo de ouvir "Perfil", cd que traz alguns sucessos da carreira de Fernanda Abreu, buscando a venda para tiozinhos que ainda insistem em não ouvir música em aparelhinhos modernos. Considero "À Procura da Batida Perfeita" e "Acústico MTV", de Marcelo D2, dois dos álbuns mais revolucionários da música brasileira nos últimos vinte anos. O encontro entre a linguagem rap e o samba, o encontro entre o linguajar brasileiro e o ritmo hip hop é maravilhoso. Percussão eletrônica e acústica. Mas creio ter cometido uma injustiça com Fernanda Abreu, uma cantora que surgiu como integrante da Blitz, grupo revolucionário da linguagem musical pop aqui no Brasil. Encerrada a carreira da banda (recentemente retomada por Evandro Mesquita), Fernanda apareceu apostando na mistura de funk e disco, uma linha Chic, citando Sly and Family Stone, tipo "Sla Radical Disco Club". Bom, comercial, bem feito. Seguiu atirando até acertar, na cabeça, no cd com "Rio 40 graus", "Jacksoul Brasileiro" e outras jóias. Na primeira, misturando maracatu, funk, rock e uma letra vertiginosa de Fausto Fawcett, desenha a Cidade Maravilhosa e a segunda, Lenine "vestindo" Jackson do Pandeiro de funk disco, sensacional. Há muitas outras maravilhosas. O instrumental é riquíssimo, melodias e letras. Fernanda tem voz pequena mas dá conta. Seu único problema é a antipatia. Ela é profundamente antipática. Aquela carioca metida a besta, nariz levantado, prestes a dar uma resposta torta a tudo o que lhe for perguntado. Uma pena. Eu a adoro, quer dizer, as músicas. Certa vez assisti, na Tv Cultura, um show e babei. Nunca encontrei para comprar e rever. Fora isso, apenas a artista, por justiça, já havia encontrado a tal da "batida perfeita". Talvez D2 tenha adicionado sua simpatia, sua energia de "bola da vez" e se dado melhor. Mas Fernanda é pra lá de boa.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A mídia tem fome

Enquanto não encontrar o corpo de Eliza e o mostrar, esquartejado, e após usar de toda sua força para fazer o goleiro Bruno imolar-se publicamente, a mídia não descansará. Trata-se de um assassino. Um psicopata. Uma vítima de lar desfeito, falta de estrutura, família, amigos do bem, que subitamente, por seu próprio esforço, em área muito competitiva, consegue sobressair e ganhar muito dinheiro. Ele, que usava mulheres como coisas, errou na medida de seus atos. Espero que ele e seus companheiros nunca mais saiam da cadeia.
Agora, o grau de exposição a que ele e os companheiros estão sendo submetidos pela mídia, com o conluio da polícia, principalmente a mineira, é exagerado. Há um delegado que está gozando seus minutos de fama, mostrando para todo o Brasil seu despreparo. Agentes que fazem os suspeitos desfilarem diante de todas as câmeras. Repórteres escavocando parentes, colegas, buscando o choro, o emocional. Vendedores de DVDs piratas já acenam nas ruas, com filmes pornô que Eliza protagonizava, juntando, na capa, ela e Bruno. É demais. Essa é a nossa fome? Nossa fome de Justiça e Paz, liquidando os que foram flagrados cometendo crimes? Um linchamento na mídia. É justo? Tudo isso é porque nossa Justiça é lenta e injusta? Assim, usamos o que temos em mãos para linchá-los? Lembra aquelas execuções na guilhotina, na revolução francesa, ou as bruxas queimadas na fogueira, ou os templários sendo executados. Após um sem número de dias presos e torturados, desfilavam, em carroças, destroçados, retirada toda sua dignidade, aos farrapos, esfomeados, descabelados, diante da plebe que lhes cuspia e gritava impropérios e gozações, vibrando a cada sibilo do machado para depois, cumprida a execução, voltar à casa e à vidinha comum. É esse o nosso mundo moderno?

o fim do JB impresso

Estou chocado com a notícia do final da impressão do Jornal do Brasil. Não era segredo para ninguém as dificuldades que vinha enfrentando há mais de vinte anos, mas a notícia causa tristeza, sensação de ausência de algo muito importante e querido. Tornei-me leitor ali pelos anos 70, também seduzido por sua diagramação, jornalistas como João Saldanha, Zózimo e Tárik de Souza, que até hoje ainda milita, publicando sua coluna às sextas feiras. Quando entrou no ar, aqui, a Rádio Cidade Morena, nome em homenagem a meu avô, Edgar Proença, logo desembarcou um advogado, enviado pelo JB, mostrando que a empresa era detentora do nome "Rádio Cidade Qualquer Coisa", com pesada multa, no caso de desobediencia. Imagine se iríamos, eu e meu irmão, brigar com o JB. Também vieram vender uma das primeiras idéias de cadeia de rádio FM, com sua formidável Rádio Cidade, à qual adotamos imediatamente. E quando, em visitas ou a trabalho, íamos ao Rio de Janeiro, lembro da pompa da entrada do prédio do JB, ali em São Cristóvão. A empáfia das recepcionistas. Os cariocas, já naquela época, com a pose encobrindo a malandragem e incompetência escondidas. A empáfia de alguns, maior que a dos donos - é sempre assim. Era um prédio lindo, onde funcionavam gráfica, redação e emissoras de rádio. Nos corredores, circulavam garçons em carrinhos impecáveis, servindo café, chá ou refrigerantes. O JB tentou um canal de Tv, mas os militares preferiram Silvio Santos. A barra pesou. Brigas na família proprietária. Apareceu a dívida. Os presidentes da República que vieram, esquivaram-se de ser autores do fechamento do jornal. Veio Nelson Tanure, empresário que trabalha com estaleiros e outros negócios. Vendeu o prédio. Adotou o formato tablóide. Diminuiu a circulação. Foi um dos primeiros a apostar na internet. Foi assim que segui como leitor do JB, que deixou de chegar às bancas, o que hoje, ocorre com todos os outros. Manteve alguns dos articulistas como Tárik e Hildegard Angel. Aos domingos, a revista Domingo, lançada por Ruy Castro, que por lá esteve, entre tantos, continuou na briga. Mas agora, há atrasos de pagamento e o jornal agoniza. Muita pena. Somente na internet, creio, agora, não mais porque é moderno, mas porque pode estar definhando. Quando um jornal do porte e importância do JB fecha suas portas, algo muito errado está acontecendo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rio 22 graus

Entrei em um taxi e o motorista parecia incomodado. Me disse que não aguentava os buracos nas ruas. Naquele instante, quatro da tarde, uma luz impressionante e linda, sem uma nuvem no céu, temperatura de 22 graus, Zona Sul, cariocas e turistas passeando nas ruas, tomando chopp ou café nos bares e cafeterias, outros rumo à praia, naquele instante, eu disse a ele que também olhasse em volta, olhasse para cima, notasse a luz e me dissesse se havia, realmente motivo para estar aborrecido. Ele pensou bem e disse não. Claro que não. Chego a compreender a falta de qualquer vontade do carioca em trabalhar. Não é possível. Não há como não ser hedonista. O carioca é, para o turista, o figurante da grande cena que é o Rio de Janeiro, Zona Sul. Ele está jogando futevolei, andando na orla, vestindo roupas sumárias, passando, cheio de charme, tomando chopp, nas livrarias, boutiques, ele está lá, para nossa admiração. Convocar essas pessoas ao trabalho, ao escritório fechado, chega a ser um crime..
No meio disso tudo, essa tragédia envolvendo o goleiro do Flamengo. Uma das piores consequencias da fama, no Rio, no ambiente do futebol ou do meio artístico, é a proximidade do risco, de estar com pessoas erradas. Eu o vi, certa vez, no aeroporto. Muito alto, muito magro, olhar de doido. O que ele fez não tem perdão. Orgias, garotas de programa, meninas de vida complicada, lares desfeitos, sem apoio de ninguém, encontram um doido com dinheiro. E há uma criança. Bruno deveria ficar preso para o resto da vida. Não vai ficar. Primeiro porque vai rolar grande discussão sobre materialidade. Sem corpo, não há crime, por mais que gritem outras provas. A tranquilidade que ele demonstrava, era por saber que haviam dado fim no corpo da namorada. Mas se for condenado, passará mais de dez anos preso? Sairá com trinta e poucos anos, ainda novo. Não jogará mais, profissionalmente, com certeza. Penso que a essa altura, a galera do presídio já disputa seu passe para o campeonato interno. Como ficcionista, penso no menino, que será criado no Mato Grosso, com a avó. Suponha que Bruno fique preso uns 18 anos. E que o rapaz venha vingar a mãe. Ficção? Desculpem, não quero brincar com algo tão sério. Fiquei muito chocado com tudo isso. O delegado mineiro é péssimo, tentando aparecer, com uma dicção engracadíssima. Bom, vamos aguardar novidades.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um novo padrão

A mera presença da Espanha na decisão da Copa do Mundo pode ajudar grandemente a qualidade do futebol que é jogado em todo o mundo. Após a grande derrota do Brasil em 1982, com futebol espetáculo, veio a era mais defensiva, principalmente por aqui, com a criação dos cabeças de área, proteção excessiva aos zagueiros, anti jogo e profusão de faltas. A Espanha joga para a frente, mas vai chegando lá em passes curtos, rápidos deslocamentos, movimentação constante e, principalmente, o encurtamento do campo, transformado em uma quadra de futebol de salão. Tem um cabeça de área e dois zagueiros. Todos sabem jogar, participam dos passes e são velozes. Completamente diferente do que fazemos no Brasil. Jogamos com até três zagueiros, todos dentro da área, protegidos por dois, três cabeças de área, todos escalados para destruir, não construir jogadas. Zagueiros ruins por somente participar das jogadas filtradas pelos cabeças de área. Não aguentam o combate direto. E esses, não participam do meio de campo, como Felipe Melo e Gilberto Silva, por exemplo. Xabi, Xabi Alonso e Iniesta. Jogam simples, práticos, driblam, passam, marcam, não cometem faltas, fazem gols. Que essa mera presença na decisão faça com que ao menos os brasileiros comecem a jogar diferente, de um jeito que há muito, desde lá em 1982, jogava.

Força Espanha!

FORÇA, ESPANHA
Alguns narradores e comentaristas brasileiros, parecem não assistir as transmissões internacionais feitas em vários horários, todos os dias da semana, de jogos de campeonatos na Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Portugal e Espanha, por exemplo. Nem da Champions League, que reúne os melhores. Foram “comprados” pela exibição de gala da seleção alemã contra a da Argentina. Realmente, foram exuberantes. Antes, contra a Inglaterra, também. Schwasteigen, candidato a ser o melhor atleta. E no entanto, o melhor jogo da Copa, é o da seleção da Espanha. Mesmo que tenha sofrido para ganhar algumas partidas e marcado poucos gols.
Quando o jogo entre Alemanha e Espanha começou, mesmo com a absoluta supremacia de Iniesta e seus companheiros, o narrador da Sport TV dizia que era um domínio inócuo, pois havia poucos chutes a gol. Que a Alemanha aguardava apenas um contra ataque para vencer. Parecia uma questão de minutos. Nada disso. Os espanhóis, há muito jogam melhor. Perderam para o Brasil na Copa das Confederações por um dia infeliz. É uma mescla do melhor do Barcelona, Real Madri, mais David Villa e Fernando Torres, este, vindo de séria contusão. Iniesta, Xabi Alonso e Xabi mandam. Detém a bola. Transformam o campo de jogo em uma quadra de futebol de salão. Busquet e Puyol, zagueiros, além de saber jogar, são velozes e se aproximam do resto do time, diminuindo os espaços. E tocam. Tocam. Posse de bola. Bola que roda como em um garrafão de basquete. Toques curtos de futebol de salão, até abrir a brecha. Com isso, a equipe adversária não sabe mais o que fazer. E cansa. Mais de meia hora de jogo e nenhuma falta. Conseguem marcar pressão e não cometer faltas. Preparo físico e técnica. Sem ódio. Jogo bonito. Merecido. Pode até perder, mas para o bem do futebol, prefiro a Espanha, mesmo que a Holanda também jogue bonito. Eu ouvia os elogios aos alemães e achava corretos. Mas preferia a Espanha, que os asfixiou. O adversário parece saber que não terá chance. Ozil sumiu, marcado por Piquet. Close não teve chances. Só deu Espanha. Bela partida. Ah, se o Brasil jogasse assim!

São Paulo

São Paulo
Pois é, passei dois dias na cidade. Temperatura interessante. Estive na Casa Laboratório, para assistir “O Homem com a Flor na Boca”, de Pirandello, com Cacá Carvalho. Devo ter assistido umas cinco vezes ou mais. Em uma delas, lembro, um homem dormiu e roncava. O ator, então, passou a conduzir o espetáculo em tom mais baixo, para não acordá-lo. Pior, era marido de uma crítica que, impotente, assistia, desesperada. Outra vez, em um final de semana, Rio de Janeiro, serviu para pesar bem a questão da palavra falada, sua melodia e intensidade. Voltei a Belém e escrevi “Palco Iluminado”, encenada por Cleodon Gondim.
Tendo em vista o tamanho do espaço, há umas trinta cadeiras. Roberto Bacci fez pequenas alterações, perceptíveis apenas para quem já conhece o trabalho. O mais é o recital de sempre, feito por um dos homens de teatro mais completos do Brasil. Cacá vai tecendo a trama, mexendo nas palavras, despistando, oferecendo possibilidades. Dois rapazes parecem verdadeiramente tocados. Outras, à medida que a história se desenvolve e alcança seu ápice, choram. E ele morde, sopra, senhor da situação, manobrando os cordéis. Uma beleza. Há uma moça, Tatiana, que é Doutora em Artes Cênicas no Rio de Janeiro. Está em São Paulo para participar de uma prova para admissão de novo professor na USP. Mesmo sendo amiga e conhecedora das qualidades do paraense, derrama-se em elogios. Jovens têm os olhos brilhando de admiração. E eu, feliz, por ser seu amigo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Led Zeppelin

Acabo de ler Led Zeppelin - Quando os gigantes caminhavam sobre a terra, de Mick Wall, para a Editora Larousse. Nunca fui fã de carteirinha da banda, embora a acompanhasse em todos os seus singles de sucesso. Interesse, mesmo, quando saiu Houses of Holy. Talvez eu estivesse mais preocupado com rock progressivo, à época. Mas eu lembro que Whola Lott Love tocava nas boates, e que naquele trecho onde apenas sons são ouvidos, sem música, ficava meio sem saber o que fazer, na pista de dança. Tenho uma amiga, que até parece não ser mais minha amiga, não sei a razão, que conhece Jimmy Page. O livro é bem escrito. O grupo foi formado na categoria e talento de Jimmy Page, contando com o apoio do empresário Peter Grant. Page era músico de estúdio, muito novo, mas muito solicitado, tocando também com Yardbirds. Chamaramn Plant que chamou Bonham. Não lembro com Jonesy veio. Todos excelentes. Grant mudando os padrões empresariais da época, em favor de seus artistas. Page cuidando de tudo musicalmente, com o apoio, no estúdio, de J. ohn Paul Jones. Impressionante como Page roubou muitas músicas, muitos blues, dando novo arranjo, pegando o riff, trechos de versos. Processados, pagaram, deram crédito, enfim. Plant era o hippongo, descalço. Jonesy era família, sem se meter em confusão. Page pensava em música. Bonham era o que fazia confusão. Em casa, um paizão exemplar. Nas turnês, ao lado de Richard Cole, que cuidava do grupo, bebia, se drogava e quebrava tudo. Milionários, viajando em seu próprio Boeing, garotas, drogas, tudo. Page e suas pesquisas sobre ocultismo. A imprensa, sem saber exatamente o que era, veiculou bobagens, como maldição sobre o grupo. Plant sofreu acidente de carro. Sua mulher dirigia. A perna quebrou em várias partes. Bom tempo para ficar bom. Adiante, seu filho Karac morreu de infecção viral. Maldição? Mas não era Page? As drogas chegaram a todos, menos Jonesy. Veio o punk, disco, as mega platéias diminuíram. Iam voltar. Ensaiavam. Bonham bebeu até cair. Carregaram pro quarto. Ele não acordou. A banda acabou. Plant, agora, resiste a todas as pressões para voltar. Nenhuma das carreiras solo realmente decolou. Agora, Plant dá as ordens. Tocaram no Live Aid. Iam esquecendo Jonesy. Why? Plant e Page em dupla. Como se John Paul Jones não fosse também autor dos arranjos, das músicas. Agora no O2 em Londres. Volta, volta! Plant estava lançando, na mesma época, disco em dupla com uma cantora de country. Ganharam Grammy. Gravam o segundo. E agora, Plant dá as cartas. Tem show? Eu vou, mas não canto Stairway to Heaven, tá? E também, para que voltar? Só porque os caras, milionários, zanzam em casa sem saber fazer outra coisa a não ser tocar? Senhores de mais de 60 anos, fazendo rock? Bom, baixei umas músicas e fiz dois cds do Led Zeppelin para ouvir. Adoro The song remains the same e The Rain Song.

Quem perdeu

Sinto muito por Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan e Daniel Alves. Eles deram o melhor de si. Infelizmente, imperdoável o erro de Júlio César, considerado o melhor goleiro do mundo. Uma cena de nervosismo, precipitação, em uma bola já resolvida, sem holandeses na disputa. Ele errou. Sinto por Lúcio. Na Copa passada, ele foi um dos mais prejudicados. Preparou-se e fazia um torneio impecával, sem cometer faltas. Agora, novamente, dando show de preparo, com uma ou duas faltas em todos os jogos. Juan, também, embora venha de seguidas contusões. São atletas, sem contar Dani, creio, que se despedem, por conta da idade. Deram seu melhor.

Os bandidos perderam uma 3

A seleção de Dunga foi mal escalada, mal convocada. Daniel Alves nunca trabalhou com Maicon, como Elano o fazia. Depois, tentou repetir o jogo que faz no Barcelona, de passes curtos. Mas só conseguiu diálogo com Robinho. Nem Kaká, nem o Fabuloso trabalham assim. E Robinho? Um jogador do quase. Que nos momentos decisivos tem o chute errado ou não consegue manter-se de pé. Que até no Santos, onde veio para reabilitar-se, foi coadjuvante de Ganso e Neymar. E Kaká? Dunga não repetiu o que Felipão fez com Ronaldo em 2002. Ele não brilhou e como jogador de arrancada, também não obteve êxito. E como precisamos de um camisa 10, organizador de jogo! Quanto ao Fabuloso, é um atacante que depende de um passador de bola. Não teve. Um erro levar Michel Bastos, que nem de lateral jogava mais. Estranhou, gelou e não marcou bem Robben. Seu substituto, o veterano Gilberto, que também há muito não atua na lateral, perdeu para Robben, também. Gilberto Silva, Felipe, Josué, Elano, Kleberson, jogando ou no banco, não acrescentam nada. O que foi que jogamos na Copa? Mal contra a Coréia do Norte, coitadinha. Melhorzinha contra a Costa do Marfim. Pelo resultado contra Portugal. E contra a Holanda, o primeiro desafio, caiu fora. Jogou um ótimo primeiro tempo, deixando o adversário estático, dominado, à mercê para a vitória e entregou tudo em uma demonstração de nervosismo incompatível com a qualidade de atletas, todos jogando na Europa.
Os bandidos perderam uma, mas estão ganhando de goleada. O que será a próxima seleção? Jorginho vai ser o técnico, agora?

Os bandidos perderam uma 2

Você é muito jovem e rápido, de pobre vira milionário, saindo da favela para um país da Europa. Vai se adaptando, aprendendo a língua, jogando temporadas cansativas, de enorme desgaste físico e mental. E quando acaba a temporada, tem mais um torneio, profissional, com grandes prêmios, chamado Copa do Mundo. Você quase não vem ao Brasil, embora converse semanalmente com a família, pelo skype. Será que jogará na Copa dando seu sangue, como um soldado em uma guerra, defende sua pátria, sua família, ou atuará para marcar posição, manter-se entre os convocados, valorizado, mas profissionalmente?
A seleção de 2006, empapuçada de dinheiro e prêmios, extenuada pela pressão no físico e na mente, tentou jogar profissionalmente. Vou crucificada. Por isso, Dunga, um ex jogador famoso por sua vibração e demonstrações ridículas de macheza gaúcha. Para chamar atletas "cvomprometidos"
com a seleção. Era para dar uma satisfação, apenas, mas ele começou a ganhar. Amistosos contra árabes, chineses, regiamente pagos. Seleção caça níquel. Vêm as eliminatórias e ele segue vencendo. Ganha Copa América, das Confederações, Eliminatórias. Como tirar? E o cara concorda em chamar atletas desconhecidos, que em seguida assinam contratos com clubes da Europa. E tem um gosto esquisito por jogadores. Não podia dar certo. Está tudo errado. Ricardo Teixeira, quando percebeu ter perdido a mão, deixou de lado e foi cuidar dos milhões que receberá pela próxima Copa, no Brasil. Deu no que deu.

Os bandidos perderam uma 1

Como qualquer brasileiro, fiquei arrasado com a derrota para a Holanda. No entanto, como jornalista, obrigado a colher informações para opinar corretamente, penso que o prosseguimento da seleçao da CBF e possível vitória, seria mais um êxito da quadrilha que domina o nosso futebol. Uma quadrilha que se forma há vários anos, chefiada por João Havelange, que cometeu o erro imperdoável (para alguém tão inteligente) de confiar em um outro ladrão, que já havia dado o golpe e casado com sua filha, deixando de ser playboyzinho carioca, apostador em corrida de cavalos.
Uma coisa é a seleçao, aquelas onze camisas amarelinhas, adoradas pelo povo brasileiro, que enxerga nela uma desejada representaçao de sua pátria, feliz, vitoriosa e jogando bonito, para nos encher de orgulho, tirando nosso complexo de vira latas dirante do mundo.
Outra coisa é o time de uma organização particular, que usa dessa importância, desse poder de mídia e do inegável talento do jogador nacional para ganhar milhões. O amigo Gerson Nogueira, na transmissão da Rádio Clube, após o jogo, disse que "a CBF pensa que a seleção é dela, mas não é e sim do povo brasileiro". Desculpe, Gerson, mas é da CBF, essa organização particular cujo presidente é eleito pelo voto dos presidentes das federações estaduais. A cada votação, recebem passagens, inclusive para familiares e ficam hospedados em hoteis top de linha, os desacompanhados recebendo visitas femininas, fora os prêmios de chefiar delegações para os diversos torneios internacionais das quais esta seleção participa. Basta ir até lá e votar. Quanto a estes presidente de federação, também contam com os votos de milhares de pequenas ligas, a quem patrocinam com bolas e jogos de camisa, sendo reeleitos infinitamente. Ganham percentuais sobre a renda dos jogos. Muito dinheiro. Um negócio e tanto.
Não satisfeita, a CBF recebe polpudos patrocínios, diante de seu poder de mídia. Mais ainda, vende e preços estratosféricos, jogos da seleção, amistosos, contra qualquer time de sheik árabe, por exemplo.
Pior, agora vai promover a próxima Copa do Mundo. Já imaginaram o volume de dinheiro que será ganho por esses patifes, ladrões de paletó e gravata?
Está tudo errado, inclusive a maneira com que foi dirigida a seleção. Por isso, nossa derrota frente a Holanda, foi uma derrota para os bandidos.