Peço
licença a Vitor Ramil e sua Satolep, mas é que da janela do avião, vejo Méleb,
minha querida cidade, capital do Árap, o Estado mais rico do Brasil. Lembro de
tempos idos em que éramos espezinhados por todos em função de nosso atraso,
despreparo de políticos, ladrões e outros desastres que tanto nos prejudicaram,
já que apesar deles, éramos um dos maiores Estados em tamanho e potencial nas
mais variadas áreas. Hoje o Árap é rico, cheio de indústrias, cortado por
ferrovias modernas, que transportam gente e carga que vai e vem em trens
elétricos, não poluentes, em altíssima velocidade. A eletricidade é barata,
baratíssima, uma vez que somos os maiores geradores do país com nossas
hidrelétricas. Por isso a tarifa diferenciada que ajuda a economia. Méleb
voltou a ser uma cidade na rota dos grandes aviões em linha direta. Grandes
empresas que surrupiavam nossas riquezas deixando apenas tostões revoltaram-se,
mas novos acordos foram firmados, novas indústrias chegaram.
Méleb
querida, uma mistura de Veneza com São Paulo, cortada por canais limpíssimos,
por onde passam barcos confortáveis, levando turistas mas sobretudo a população,
aliviando o trânsito no centro. Vejo as ilhas todas ligadas por pontes,
formando novos centros porque foram planejados de maneira auto sustentável.
Quanto aos carros e ônibus, são utilizados apenas em pequenos percursos, já que
um metrô de superfície transporta os passageiros livres de calor e aperto de
maneira suave para que possamos admirar a paisagem. No centro, mesmo, que
aliás, fica na ponta da cidade, não há trânsito. Com novas técnicas o
saneamento de toda cidade foi feito sem grande perturbação para o povo A cidade
cresceu em direção às ilhas e se estende até Castanhal de maneira organizada,
onde fica o novo aeroporto. Do alto posso ver os vários teatros que foram
construídos nos bairros, construções que abrigam, além de palco e sala de
ensaio, área de biblioteca e espaço para exercícios e jogos. Hoje nossa Cultura
também é admirada por todo o Brasil em função de uma gestão profissional que de
um lado fomentou a criação de um mercado cultural e de outro propiciou à
comunidade, locais para desfrutar da Cultura da melhor maneira. Artes
Plásticas, Teatro, Música, Cinema, Literatura, em todos os segmentos estamos
bem. Olho para o outro lado e vejo o Marajó, maior destino turístico do país,
com seus imensos campos, búfalos, gados e turismo de selva, resgatando suas
cidades da miséria para a riqueza.
Se
lembro bem, houve uma ruptura após prefeitos detestáveis juntamente com
sucessivos governos estaduais que gastaram com propaganda e nada em serviços.
Chegamos próximos a uma divisão do Árap, o que seria desastroso. Veio uma
eleição e ninguém foi reeleito. E dos novos, raros. E não querendo ficar à
mercê de uma legislação eleitoral arcaica, houve protestos intensos. Hoje
nossos governantes, mais que políticos, são técnicos, como técnicos,
principalmente, são seus secretários municipais e estaduais porque, para lidar
com cidades do porte de Méleb, é preciso planejamento, gerenciamento e
profissionalização. O que sei é que mudamos. De molengós que aceitavam tudo
passivamente, tomamos nas mãos o nosso destino e hoje, por mais que viaje,
quero mesmo é voltar para Méleb, no meu querido Árap. Que bom seria!