quinta-feira, 15 de julho de 2010
A Batida Perfeita
Acabo de ouvir "Perfil", cd que traz alguns sucessos da carreira de Fernanda Abreu, buscando a venda para tiozinhos que ainda insistem em não ouvir música em aparelhinhos modernos. Considero "À Procura da Batida Perfeita" e "Acústico MTV", de Marcelo D2, dois dos álbuns mais revolucionários da música brasileira nos últimos vinte anos. O encontro entre a linguagem rap e o samba, o encontro entre o linguajar brasileiro e o ritmo hip hop é maravilhoso. Percussão eletrônica e acústica. Mas creio ter cometido uma injustiça com Fernanda Abreu, uma cantora que surgiu como integrante da Blitz, grupo revolucionário da linguagem musical pop aqui no Brasil. Encerrada a carreira da banda (recentemente retomada por Evandro Mesquita), Fernanda apareceu apostando na mistura de funk e disco, uma linha Chic, citando Sly and Family Stone, tipo "Sla Radical Disco Club". Bom, comercial, bem feito. Seguiu atirando até acertar, na cabeça, no cd com "Rio 40 graus", "Jacksoul Brasileiro" e outras jóias. Na primeira, misturando maracatu, funk, rock e uma letra vertiginosa de Fausto Fawcett, desenha a Cidade Maravilhosa e a segunda, Lenine "vestindo" Jackson do Pandeiro de funk disco, sensacional. Há muitas outras maravilhosas. O instrumental é riquíssimo, melodias e letras. Fernanda tem voz pequena mas dá conta. Seu único problema é a antipatia. Ela é profundamente antipática. Aquela carioca metida a besta, nariz levantado, prestes a dar uma resposta torta a tudo o que lhe for perguntado. Uma pena. Eu a adoro, quer dizer, as músicas. Certa vez assisti, na Tv Cultura, um show e babei. Nunca encontrei para comprar e rever. Fora isso, apenas a artista, por justiça, já havia encontrado a tal da "batida perfeita". Talvez D2 tenha adicionado sua simpatia, sua energia de "bola da vez" e se dado melhor. Mas Fernanda é pra lá de boa.
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