quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A maior festa do mundo é um programa de tv

Ano passado, estive fora do Brasil durante o carnaval. Assim, foi como se não tivesse acontecido. Ao contrário de nós, que temos diariamente muitas notícias sobre o mundo, lá fora não somos noticiados, ou ao menos não temos importancia suficiente para isso. Liguei a tv para assistir ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e fiquei decepcionado. Ao longo do tempo, o que era, principalmente, uma grande demonstração de pujança cultural, transformou-se em show profissional. Monótono. Não, o show de cameras digitais prometidos pela Globo, não conseguiu agilizar, dar clima ou colorido diferente à transmissão. As escolas são todas iguais. A variação das cores. Carros alegóricos. Tribufus gigantescas mostrando seios, coxas e bundas inflados artificialmente. O samba é o mesmo, em ritmo de marchinha, para apressar todo mundo. As comissões de frente, agora são ensaiadas por coreógrafos de fama internacional, como Deborah Colker. Em alguns raros momentos, boas idéias. Na platéia, classe média que pôde comprar os ingressos caros e camarotes, onde cortesãs e nobres (gente da mídia, patrocinadores, starlets, putas de luxo e globais), todos acenam, esperando o clic. O zoom. A camera lenta. Lá vem o passarinho! E vem a tribufu lentamente dançando sua dança de sexo, suas coxas imensas prometendo um torniquete mortal no infeliz pênis que ali se intrometer, a camera escarafunchando sua mais profunda intimidade de maneira laparoscópica, creio, pelo fiofó. Temos fome. A mídia tem fome. Por isso essas tribufus metem silicone nos seios, nas bundas duras, compactas, nas coxas. Queremos carne. E idiotas como Luma de Oliveira e Luiza Brunet passam desavisadas, atrás do viciante aplauso. Imagine ser Luma ou Luiza, quase nuas, sendo o centro das atenções, diante de 60 mil pessoas, mais batuqueiros, passistas, mais os insones da tv Brasil afora. Quarentonas, elas mostram a distância entre seus corpos, ainda bonitos, simétricos, e a explosão de carne das tribufus. E ainda assim, falta malícia nos comentários. Falta mulher nua. Em um show onde todas as cores e música são repetitivas, falta o sal. Carnaval é a festa da carne. Antigamente, aquele apresentador do "Alô você", namorava starlets e enchia a transmissão de malícia. Às vezes, havia fogo amigo, quando suas namoradas passavam. Fulana passou nuazinha e a escola vai perder ponto! Os fotógrafos, loucos, disparando seus flashes, feito um símbolo da mídia a fazer o movimento de meter e tirar do pênis, no corpo das tribufus! Meu tapa sexo tem apenas 3 centímetros, comenta uma. E a idiota da Susana Vieira dizendo que o Brasil pediu que ela fosse ao Faustão contar de suas desgraças e vitórias. Como alguém pode ser tão sem noção? E cadê a malícia? Os comentaristas se fazendo de sérios, querendo dizer verdades. E quem quer saber? Queremos malícia! Passa uma tribufu e pedem ao cantor que comente o excesso de saúde da moça. Ele diz que mulher bonita tem sempre dono e o dono daquela é amigo dele.. Minutos depois, passa Adriana Bombom, tribufu esposa do tal cantor. Silêncio total. Que merda! E lá vem o repórter, lá da concentração, com mais uma tribufu que vai mostrar como se dança samba no pé.. Impossível mesmo é fazer programa de televisão de Salvador ou Recife. Lá, gostemos ou não, a festa é de cada um, sem fantasia, pulando sua alegria. Fica um rame rame chato, com aquele sotaque, a prepotência baiana, a música insuportável, de bom, somente, a alegria, que no Rio vendem engarrafada, com vários breaks comerciais.

4 comentários:

Wagner Okasaki disse...

E aqueles comentários com jeitão de aula de história, para explicar o significado das alegorias? Aff... insuportáveis!
Na verdade, critico sem conhecimento de causa. Posso estar sendo injusto, pois isso pode ter mudado. Há anos não assisto aos desfiles.

Abraço

Edyr Augusto Proença disse...

E o Presidente da República no camarote da Beija Flor, cujo presidente, o bicheiro Anísio Abraão está em prisão domiciliar?
E a Primeira Dama com a camisa oficial da Beija Flor, escrito "Primeira Dama"? E a Leci Brandão falando da Tia Surica, comadre Dadá, lá da comunidade? E a inversão de valores, pois agora, quem está na avenida é que olha para os camarotes, onde estão as "estrelas" e bate palmas.. Hein?
E o Presidente da República jogando camisinhas para a multidão?

Wagner Okasaki disse...

Para, para, para!!! Não quero mais saber!
Ainda bem que me poupei disso... e tive ótimas noites de sono.

Abraço

Telma Christiane disse...

Não vejo problema nenhum no Presidente jogar camisinha, hoje vi uma foto do Obama tomando uma cervejinha enquanto assistia um jogo de basquete e ninguém morreu por isso, brasileiro se preocupa com tanta besteira, ora sexo seguro não é com camisinha ?