sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Você jurou que eu ia ser feliz
É o título maravilhoso de um livro, que aproveito para comentar a respeito de uma matéria que li em O Globo, sobre a vida de casais, felizes após a saída dos filhos de casa. Na contramão de um dos maiores problemas sociais do momento, que está na recusa dos filhos adultos em deixar o ninho, esses casais, desde cêdo, foram argumentando com os filhos o momento deles baterem asas e conquistar seu mundo, seu espaço. Hoje eles não querem sair das casas. Têm teto, cama, roupa lavada, luz, água, internet, comida, carinho, enfim. Vão ficando. Vivem como casados com as namoradas, com quem dormem. Amanhã, se brigam, terminam o relacionamento, numa boa. Continuam morando em seus quartos. Sair, pra quê? A culpa é nossa. Em contraposição à Educação que recebemos de nossos pais, mais dura, contra nossa rebeldia em usar cabelo grande, calça apertada, saias curtas, rock, fomos excessivamente permissivos. Fomos dialogar e esquecemos da autoridade. Somos amigos demais e não somos amigos deles. Somos pais. De parabéns os que não têm problemas sérios com drogas ou comportamento. Mas de lá eles não saem. Na minha geração, esse era sonho de todos. Sair de casa, ter seu próprio canto, estar com namoradas, amigos, sem dar satisfação. Ligar o som no volume máximo! Pois é, esses casais botaram para fora seus filhos e agora têm uma grande qualidade de vida. Um merecimento. Alguns venderam a antiga casa, para evitar uma recaída e foram para apartamentos. Dedicam-se a esporte, Cultura, viagens. Têm todo o tempo do mundo para si e aquele stress da relação desaparece. Voltam a ser namorados, amigos, parceiros. Claro, é bom dizer, que se trata de casais classe média. Nos mais pobres, impossível. Conversava com meu irmão Janjo, sobre a diferença de estágio da sociedade, comparando a brasileira com a dos europeus. Lá, o turismo, por exemplo, é feito principalmente por aposentados. Gente com 50, 60 anos, talvez, das mais diversas profissões, que pôde retirar-se dignamente e daí por diante, desfrutar daquilo que amealhou. Passeiam, viajam, gastam, se divertem, curtem. Que maravilha! Basta andar por Barcelona, Londres, Paris e vê-los sorrindo, felizes. Lá, a diferença entre o mais rico e o mais pobre é pequena. Todos têm a dignidade e pronto. Quando vamos chegar lá? Hoje, tenho certeza que todos nós, ao sair para uma temporada de no maximo sete, dez dias de férias, o fazemos preocupados, seja pelo stress que nos faz pensar sermos imprescindíveis, seja porque a cena que vivemos é de tal maneira competitiva, que até viajamos, mas ligados no celular, através do qual continuamos despachando os negócios e fazendo de conta que curtimos a viagem. E lá pelo quarto dia vem aquela vontade irresistível de voltar a trabalhar. Imaginem vocês, gente como eu, jornalista, pequeno empresário, escritor, como me sinto. Imagino, eu, qualquer um de vocês que me visita e que se sente igual. Quando nossa democracia, tão jovem, tão recente, chegará a um ponto mais justo?
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