sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Velório

Teimei durante o maior espaço de tempo que pude em não comparecer a velórios. Creio não ser necessário explicar. Mas agora, começo, lentamente, a comparecer às cerimônias de adeus das gerações. A minha, apenas iniciou, com alguns apressados, desculpem a ironia, para disfarçar a perda desses amigos. Mas nos últimos meses, em função de diversas circunstâncias, estive em alguns velórios. Observar o comportamento das pessoas, é muito interessante.
Há os familiares mais próximos, que ficam junto ao morto. A maioria, mulheres. Os homens estão sempre lá fora, em rodas de conversa, fumando, enfim, fugindo do flagra, da companhia da morte. As mulheres ficam sentadas, conversando. O velório é o grande momento da rememoração. Mesmo nós, homens, entre piadas e comentários esportivos, fazemos essa rememoração. É quando é feito um balanço da vida do morto. E vem alguém e conta algo que ninguém sabia. O cadáver, ali, em julgamento de corpo presente, com prós e contras. Cada um que chega, vai até ele, depois consola os parentes e procura sua turma. Às vezes, as conversas são tão altas, risadas, xistes, que esperamos o morto levantar e pedir um pouco mais de comedimento, talvez. A definição do velório, como espaço para rememoração, é de Wlad Lima. Fiquei pensando muito a respeito. Não sei se quero ser velado.