sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Cultura em Belém

Leio no Estado de São Paulo, que em 2010, a famosa e poderosa Livraria Cultura abrirá lojas em Salvador e Fortaleza. Belém, nada. Belém fecha livrarias, não abre. Em Belém, não tem Cultura, se me entendem..
Assisti à reestréia do programa Cultura Pai d'Égua, na Cultura, que antes era belamente apresentado por Alberto Silva, e agora vem como Roger Paes. Lá, o secretário Edilson Moura, certamente o secretário de Cultura mais incógnito que já tivemos. Vejam, antes de qualquer crítica ao desempenho à frente da pasta, é bom dizer que, há muitos anos a Secult responde, também pela Cultura em Belém, como se não tivesse de atender mais de cem outros municípios, tudo por conta da ausência da Prefeitura. Assim, ao invés de reclamar da Prefeitura, Fumbel, por isso, lembramos logo da Secult. Depois, é preciso dizer que tivemos doze anos de devastação a partir de um maluco, causando-nos um mal enorme, muito difícil de reparar. Mas, quando o secretário fala, parece que estamos em outro mundo. Ele explica que nesses dois anos de governo, vem debatendo o Plano Estadual de Cultura, que agora começa a tomar forma, embora ainda tenhamos mais conversa, mais debate, mais tempo passando. De um lado, era necessário um mapeamento. De outro, Gilberto Gil também conseguiu isso no Ministério. Vamos discutir o assunto e passamos um governo inteiro em discussão, ganhando dinheiro e sem necessáriamente gastar nada, uma vez que nossa dotação chega a ser ridícula, vergonhosa, senão me engano, 0,06 % do orçamento Estadual. É bom porque ele, político, viaja por todos os municípios, trabalhando para seu Partido. Sim, porque um dos maiores, talvez o capital erro da atual administração governamental, é dividir a Cultura, loteando os cargos pelos Partidos aliados. Assim, em cada órgão há alguém pouco interessado em trabalhar pela Cultura e mais, quando pode, quando tem verba, trabalhar por si e seu Partido. E como sempre são amadores, os chutes são estratosféricos, as tentativas em clima de quermesse, sem ver aquilo que está à sua frente. O secretário vive em outro mundo. As ações que ele realizou em regiões do Estado, não tiveram, pelo menos, uma boa divulgação. E pode-se fazer o Plano, mas é preciso considerar a realidade e a atual, tem Belém como o centro que recebe quem vem do interior e irradia para o resto do Estado. O que queremos é, trabalho profissional em todas as regiões, de base, ao mesmo tempo em que se alimenta os que estão à míngua e que precisam continuar, para evitar um fosso. Como o finado compositor Antonio Carlos Maranhão, ao responder a uma pergunta de repórter "sem noção", se já estava maduro.. Eu já estou é podre... Até agora, a política cultural é não cobrar a taxa dos teatros. Isso é anunciado como grande coisa. Dá vontade de chorar. O secretário não percebe nem o que ocorre à sua frente: o Teatro São Cristóvão está desmoronando. O Teatro funciona nos fundos da Associação de Chaufferes, um grupo que na primeira metade do século passado, veio de Barbados e virou motorista de taxi. Atrás, em um teatro onde cheguei a assistir Toquinho e Vinícius, apresentavam-se, principalmente, os Pássaros Juninos. Doze anos, depois, mais dois anos depois.. Houve um momento, cinco, seis anos atrás, que nós, do Cuíra, fomos até lá e reunimos com os proprietários remanescentes, que já estavam negando propostas de construtoras e até igrejas, pelo terreno. Fotografamos, medimos, fizemos uma planta e fomos ao
Rio de Janeiro, onde propusemos à Vale do Rio Doce, a compra e transformação de centro cultural e o teatro. Não deu certo. A Vale comprou outra casa para servir de bibelô e foi só. Mas, naquela época, um dos nossos integrantes, solicitou o tombamento, não sei se ao Estado do Município. Agora, os prédios, casa dos chaufferes e teatro, estão ruindo. Vai-se a Cultura, novamente. Em frente ao prédio onde o Secretário despacha diariamente. Os atores, ou seus remanescentes, reuniram e decidiram fazer uma manifestação na quarta feira de cinzas, meio dia, em frente aos dois imóveis, Teatro e Secretário, cobrando a desapropriação urgente do local, ou tombamento, ou qualquer coisa, uma ação, mais do que blábláblá. Sei que a galera enviou email para o programa Paid''egua, informando o Secretário e convidando para, na quarta, participar da ação e responder alguma coisa. O email não foi lido. E a Cultura, em Belém..

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