Eu também sou fã de Dulce Quental e estive no Margarida Schivazappa assistindo seu show. Vivi minha adolescência nos anos 70 e na década seguinte, estava com uma rádio FM, Rádio Cidade, tocando todos os hits do que se chamou Rock B. Dulce surgiu com o trio Sempre Livre, tentativa da Sony em emplacar um grupo feminino. A rigor, teve apenas um sucesso, "Esse seu jeito sexy de ser" e acabou. Dulce fazia parte e foi autora da música. Então compareceu em parcerias com Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho entre outros. Conviveu com Cazuza, Herbert Vianna. E lançou três discos solo. O primeiro deles, "Délica" é uma jóia do pop, casando voz charmosa, melodias, letras e arranjos primorosos. Apesar disso, pouca gente notou. Não sei se houve falta de empenho da gravadora, ou o temperamento esquivo da autora. Nada aconteceu. Veio "Voz Azul", mantendo a qualidade e novamente nada aconteceu. Houve mais outro disco, também ótimo e Dulce não apareceu mais, a não ser incluindo parcerias em discos de Barão e Paralamas, creio. Também andou escrevendo crônicas em sites. De repente, Luizão Dom King anuncia sua vinda.
Quando entrei no Teatro, percebi que aquela era uma verdadeira reunião de uma tchurma dos anos 80, todos conhecidos, jornalistas, músicos, atores, artistas plásticos, toda uma galera que no meio de todos aqueles hits percebeu Dulce Quental. Ou seja, Dulce já subiu ao palco vencedora, abrindo os braços, receberia aplausos. Estávamos todos saudosos, querendo cantar nossos hits, bater palmas, fazer carinho, reconhecê-la. Mas não. O show foi absolutamente esquizofrênico. Há versões diferentes dos motivos que a fizeram chegar aqui. Iria fazer outro show para uma Ong no Marajó. Viria, como disse, ano que vem, mas foi chamada por Luizão e não teve tempo para ensaiar. Acompanhada por baixo, violão e percussão. Muito bons os músicos. Dulce, nervosa. Abriu com musica de seu último cd, que quebrou ausência de alguns anos, "Beleza Roubada", infelizmente, muito fraco. Veio "Voz Azul", com voz fria, nervosa, sem alcançar agudos ou baixos. E após ser aplaudida carinhosamente, começou a desdenhar estar ali. "É, vamos fazer uma volta ao passado, um pouco, depois mostro minhas coisas novas". "Ah, tenho muitas coisas novas, estou em outra fase". "Puxa, como nós tocávamos e cantávamos mal antigamente. Essa música "Esse seu jeito sexy de ser", tem uma melodia linda, mas a letra, só não tenho mais vergonha porque chega a ser engraçada". E logo depois da platéia cantar junto, chorando. Em dado momento, pensou estar indo para a última música. Foi informada pelos músicos que ainda não era hora. "Olha, estou aqui em Belém por conta desse maluco do Luizão. Ele é quem é culpado". "Olha, quero dizer a vocês que sou uma compositora dando uma de cantora". "Olha, agora vamos terminar. São mais duas músicas e não tem bis". Errou música, pediu para voltar e tocar novamente. Errou mas continuou. Pediram pra tocar "Délica". "Não vai dar. É muito complicada. Olha, eu até tentei. Tentei novo arranjo e nada. Mas puxa, eu toquei muito, muitas músicas. Olha, escolham uma que eu já cantei no show. "Capuccino", tá, então vai ser essa". Isso aconteceu na hora do bis. A platéia batendo palmas, até que Dulce voltou. Na saída, aquela turma toda, maltratada, mas feliz. Não sei o que Dulce pensa de si. Se acha que é grande artista, ninguém sabe de sua existência. Seu último disco é ruim. Há outro, tomara que seja bom, vou comprar de qualquer maneira. Ela devia era montar esse show com todos os hits antigos e faturar algum com a galera saudosa dos anos 80. E, pior, não cantou "Pros que estão em casa". Amarga, Dulce..
Um comentário:
Pois é, opinião não se discute, mas opiniões firmadas em equívocos e má informação é bem discutível. Pra começar: Sempre livre nunca foi trio, era um quinteto. Esse seu jeito sexy de ser, não foi o único sucesso do grupo e não é da autoria de Dulce. No mais é só sua opinião saudosa dos 80. Quer um conselho? Não vá mais aos shows da Dulce, nem compre seu próximo cd. Vc não vai gostar, simplesmente pq o que ela produz não tem cheiro de naftalina.
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