quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Jards Anet da Silva, ou melhor, da Selva

Acabo de assistir ao dvd "Jards Macalé - Há um morcego na porta principal", de Marco Abujamra, sobre a vida e obra de uma das figuras mais importantes da música brasileira, chamada Jards Macalé. Desagradável, antipático, grosseiro, boca suja ou ousado, brilhante, músico, arranjador, compositor, cantor, ator, performer dos melhores? Qual você prefere? Macalé está na base da revolução musical brasileira a partir do final dos anos 60. Seu violão, inicialmente, com Caetano, Gil, Bethânia e Gal. Aos poucos, foi participando de todos os famosos discos da Tropicália, como autor e arranjador. Por si só, surgiu em um Festival Internacional da Canção de cabeleira afro gigante, vestes africanas, cantando "Gotham City", protestando contra a revolução. Está ao violão e nos arranjos de Transa, o disco de Caetano no exílio. Faz "Movimento dos Barcos" para Bethânia. Faz cinema com Nelson Pereira dos Santos. Briga à morte com os baianos. Caetano, somente há poucos anos, no relançamento do Transa, reparou o erro cometido, quando o nome de Macalé foi omitido. E foi um álbum histórico. Gravou um disco genial, com capa de Helio Oiticica, ele vestindo os penetráveis. Dentro, ao lado de Lanny Gordin e Tutti Moreno, arrebenta em jazz, rock, mpb, funk, soul, maravilhoso, com suas letras belas, parceiros como Waly Salomão, puxa, o cara é demais. Nada aconteceu. Passa um tempo e ele vem com o sensacional "Aprender a Nadar" ou "A linha da morbeza romântica", onde acompanhado de grande banda mais orquestra, arrebenta em "Rua Real Grandeza" (sou um cara sem saída, mas não se iluda com essa minha vida) ou "Quando você passa dois tres dias desaparecida, eu me queimo num fogo louco de paixão), é rock, jazz, blues, mambo, bossa nova, simplesmente demais. Ainda gravou mais um disco para a Som Livre. Sumiu. Então resolveu entrar em uma linha Moreira da Silva, com quem fez vários shows. Há pouco tempo, outros dois discos, creio, maravilhosos. Um cara aparentemente difícil, já prometendo aos meninos que fizeram o documentário processá-los se não ficasse contente. Um malandro cheio de histórias para contar, passando dias e noites na beira de um bar, cervejinha e violão. Um cara que já iniciou com Bethânia no show Opinião. Gil está lá dando sua opinião. Hermínio Belo de Carvalho, Bethânia, alguns outros. Mas não sei se ficou bom, sabe? Eu queria saber mais, muito mais. "Meu nome é Jards Anet da Silva, ou melhor, da selva, ou pior, da Silva. Tem para alugar lá na Fox.

Um comentário:

Marise Rocha Morbach disse...

"Que roseira bonita que me olha tão aflita pela chuva que não vem; É só pegar no regador, ela me olha com amor: sabe do que lhe convém; sabe do que lhe convém, que roseira bonita!"
Um ótimo 2010!