sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A morte de um amigo

Li com surpresa, hoje, sobre a morte de Rui Pinto, ontem, após jogar futebol na Assembléia Paraense. Não era exatamente um amigo, mas um companheiro de futebol, essas figuras que encontramos aos sábados, conversamos amistosamente e depois do motivo comum que nos levou ali, nos separamos e seguimos nossas vidas. Português, ia de vez em quando ao Velho Mundo, como dizia. Gostava de conversar com ele sobre a Europa. Engenheiro, tinha uma firma de fundações, creio. Foi figura de uma de minhas crônicas, exatamente aquela que mostrava como nossas mentes ainda raciocinam como se tivéssemos 15 anos, durante um jogo de futebol. A bola veio, ele decidiu dar uma "bicicleta". Estatelou-se no chão, com dores. O corpo não aceitou a proposta. Artilheiro, pedia a bola o tempo todo. Separou-se e foi para a vida de solteiro. Protagonizou umas duas paradas engraçadas, daquela moça bonita, no Boêmios, que fazia sinal que ele pensava ser "paz e amor". Quando chegou perto, ela disse que era 200 reais. Pode ser piada antiga, nem ter sido com ele, mas contaram assim. Ou então quando foi vítima de "Boa noite Cinderela". Seu apelido, na pelada, passou a ser Ruipinol. Coisas de colegas. Era uma pessoa alegre, comunicativa, inteligente, sobre qualquer assunto. Mas fumava. Bastante. Dei corda, fez uma tentativa, reduzindo o número de cigarros. Não deu. Ao que parece, após jogar no Campeonato de Super Máster, sofreu um infarto fulminante. Estou chocado com a perda do amigo, colega. Mas também fico pensando na rapidez da morte. Esse rompimento da vida, sem avisar. Fica tudo pelo meio, sem despedida, sem preparação. E os compromissos que hoje ia cumprir? Tinha marcado para sair com alguma garota? Interrompido. E claro, tinha apenas 47 anos. Bem mais velho, também reflito sobre isso, apesar de malhar semanalmente e ter no frequencímetro, meu batimento cardíaco. E não fumar mais há uns cinco anos. Mesmo assim. Jogamos nas tardes de sábado, sob um calor terrível. Mal podemos esperar pelo horário e já estamos, feito crianças, a correr e chutar a bola. Há umas duas semanas, tive o que chamam de "fugiu-me o sangue". Ou "tela branca". Tonto, sem forças, pernas bambas, o jeito foi parar e molhar a cabeça. Fiquei mais uns dois dias com dores no corpo, cansado. Agora, tudo bem. Mas querem saber, acho que vou fazer um exame de esforço. Nunca é tarde. Saudades do meu amigo, colega, Rui.

Um comentário:

Rosiane Barros disse...

Boa noite, Edyr Augusto! Lendo teu blog, quero aqui expor meus sentimentos a este maravilhoso homem de bem que tive a oportunidade de conviver por nove meses, em uma situação que vai além da amizade...Soube da morte do Rui ontem à noite, após retornar de uma viagem, e confesso que o choque foi imediato, e lamento não ter dado um adeus como eu queria...A morte é assim, faz dessas coisas, nunca sabemos quando vem e nunca estamos preparados para vivê-la...Sinto profundamente a morte dele, com toda intensidade, e sinto mais ainda por saber que os sonhos que ele tinha, que eram tantos ainda, não irão se realizar neste mundo...Hoje eu sei que as várias dores no braço que ele vinha sentindo e havia me confidenciado já era um sintoma do infarto se anunciando...Infelizmente, ele não se cuidou, como várias vezes eu pedia para que fosse ao médico..E o vício do cigarro, nossa, uma luta perdida, minha e agora dele também...No mais, concordo com as suas palavras ao definí-lo como um homem amigo, alegre, companheiro, batalhador, inteligente, bondoso e tantos outros adjetivos que poderia aqui listar..Lembro-me como se fosse hoje, as palavras dele:"Amor, eu fico no banco de reserva, mas no fim do jogo quem salva o time sou eu...Viva o Real Madri!!!"...Bem, fica aqui registrada a minha eterna saudade e meu eterno sentimento pelo Rui.
Aprendi, que definitivamente, não temos controle sobre a vida!
S2