Já estão todos nas ruas, com camisas amarelas, os carros pintados, foguetes, um clima de alegria no ar por conta da estréia do Brasil na Copa do Mundo. Sinto muito, mas não participo disso. Sou alucinado por futebol, mas minha compreensão do que se passa é outra. Me acostumei, desde criança, a acompanhar uma partida sem torcer, procurando perceber o que se passava no gramado. Confesso que hoje, em casa, grito em gols do Flamengo. E só. O que se passa no gramado é muito rico para misturar com festa. E é claro que todos estamos envolvidos pela brutal e violência mídia veiculada de maneira ampla, geral e irrestrita. Somos induzidos ao comportamento. Diria até que a maioria sequer sabe a escalação do time. Estamos nessa pela festa, as roupas, bebidas, companhia e vibração.
Assistirei aos jogos sozinho em casa. Talvez minha namorada esteja comigo, mas como não se interessa pelo assunto, temo que fique puxando conversa fora de hora, se me entendem. Não concordo, como muitos, tradicionalmente, com a convocação e escalação do time do Brasil. Não concordo sequer com a escolha do "técnico", entre aspas porque, estranhamente, saiu do 0 ao 1000, dirigindo nossa seleção. Só no Brasil. E Argentina. Compreendo a grande diferença entre nossa seleção, aquela que acreditamos representar nosso futebol, nosso coração alegre, cheio de fintas, bonito, que vibra mais com uma bela jogada do que gol mixuruca, e a seleção de um treinador que absorve todas as pressões e está naquele banco de reservas com o coração na mão, querendo, primeiro, não perder, depois ganhar, se der. Pior se é um gaúcho aborrecido e chucro, sem condições de manter um debate em alto nível. Mesmo assim, é a nossa seleção em campo. Como disse um confrade na tv, outro dia, agora esta é a nossa seleção. Sem essa de viúva de quem não foi. Vamos discutir nossa seleção. E ela é péssimamente escalada. Ainda assim, nossos talentos são tão bons que podemos seguir vencendo. Se jogar bonito, vibrarei. Se jogar feio e vencer, empatar ou perder, estarei assistindo com cara fechada. O que não posso é sair pelas ruas, fazendo a maior festa, sem realmente saber a razão dela. Para um brasileiro, não basta ganhar. Precisa vencer e jogar bonito. É a nossa alma.
Um comentário:
Não é um comentário a este post sobre a seleção, é mais geral. É que desde o comentário da Marize, tenho pensado em te escrever mas nunca me decido... Enfim, acho também que opinião não se discute, mas pode se dar, comentar etc. Acho riquíssimo o debate. Então, vamos lá: eu achava que gritavas também na hora de um gol do Leão, pôxa, afinal somos ou não somos azulinos de coração? Acho ótimo que grites no jogo do Mengão, claro, mas grita no do Leão, tá?...
Por questões de saúde, não tive como ir ao espetáculo do Cacá mas imagino que seja mais uma obra prima como só ele sabe criar. Li a entrevista dele e concordo com tudo que ele fala, estamos perdidos numa noite suja, ao deus-dará dos homens que fazem a política (?) cultural no nosso estado. Essa estória das dificuldades de acesso ao material sobre o Barata é uma prova triste dessa realidade. Bom, hoje fico por aqui... mas me espere, que volto a comentar, ok? Um grande abraço saudoso e um beijo pra Zê.
Zé Carlos Gondim
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