Foi natural, após montar "Laquê", espetáculo que marcou a chegada do Grupo Cuíra à Rua Riachuelo, onde se estabeleceu em um Teatro, aparecer a vontade de contar a história recente do Pará, de Belém. Como se, após a abertura da Belém Brasília, da chegada da televisão e principalmente a Revolução, tenha sido levantado um muro intransponível. Então veio "Prc5, a Voz que Fala e Canta para a Planície", com os 80 anos da Rádio Clube. Agora, "Sem dizer adeus". Mais adiante, um musical sobre Magalhães Barata.
"Sem dizer adeus" veio após a leitura do livro que Dalila Ohana escreveu para contar o que passou, nas últimas 72 horas de vida do caudilho. Encontrei o livro em um sêbo de Salvador, que me enviou pelo correio. Agora, após conversar com Cacá Carvalho e muitas dúvidas, começamos a leitura de mesa do texto que escrevi, juntando Cláudio Barradas e Zê Charone. Outras grandes figuras locais participarão. Fomos atrás das imagens de Barata. Através do Secretário Cincinato Jr e a diretora do MIS, Paula Macedo, além da colaboração dos funcionários do Museu, que está jogado em salas do Museu de Arte Sacra, com seu material se deteriorando sem estar na temperatura ideal, teremos essas imagens, feitas por Líbero Luxardo e Milton Mendonça, à nossa disposição. Claro, com todas as licenças das partes envolvidas. E para visitar o Memorial Barata? Será responsabilidade da Fumbel? Alguém foi até lá. "Não, eu acho que isso é do Estado, lá do Centur". Não é. Alguém nos consegue outro contato. "Não sei, mas vou pesquisar". O tempo vai passando. Como pode a Prefeitura, através de seu órgão de Cultura, não saber do que se trata? Agora, ligamos e estão sempre "em reunião". No domingo, Praça da República, há o lançamento da quadra junina, por parte da Prefeitura. Ouço o locutor passar a palavra ao titular da Fumbel. Vou até lá e consigo o contato. Ele acha que é de outro órgão, Segep, algo assim. Hoje, segunda, conversamos novamente. Dá-me outro número de telefone, da pessoa desta Segep, informar. Ligo. Pena. O "chapeu do Barata", ele diz, está fechado. Lá, funcionava também uma biblioteca técnica. Estava dando infiltração. Não há nada para ver? Não. Tudo está empacotado. Parado. Pena. Preciso dizer que sempre fui bem atendido, com toda a educação, mas puxa vida, que pena! Outro dia foi aniversário dele. Somente no dia seguinte, algum jornal comentou. O pior é que nos três jornais locais, haveria motivos suficientes para alguma manifestação. E pensar que na metade do século passado o cara mandava em tudo. Hoje, ninguém lembra nada. Passamos na Magalhães Barata sem nos dar conta de onde estamos pisando, passando. Passamos em São Brás e vemos o que alguns chamam de "disco voador". Achamos que o mundo começou com nosso nascimento. Pisamos onde pisamos, é mundo e pronto. Um povo sem Cultura, um povo sem passado, não pode ter presente, nem futuro. E é isso que somos, hoje. Não temos sequer um presente. Voltamos à selva. Vivas para os cretinos e estúpidos.
Um comentário:
Situação semelhante aconteceu quando tentei visitar as ruínas do Murutucu, meu amigo. O acesso está fechado a cadeado e ninguém sabe, sequer, que órgão tem a gestão do espaço.
É quase o fim do mundo.
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