É uma definição cruel, bem sei. Algum jornalista publicou e me deixou pensando. Acabei de ouvir "Raconte Moi", cd mais recente de Stacey Kent, cantora que mistura jazz, bossa nova, música francesa, com graça e charme imensos. Desta vez, todo o repertório é francês. O disco passado foi dedicado à música brasileira. Ela é linda, brilhante, canta muito bem, mas será que falta um tanto de originalidade? Não seria genérica de Madeleyne Peyroux, por exemplo, esta, por seu lado, genérica de Billie Holiday? No caso de Peyroux, nem acho, pois é somente o timbre. Digamos que Madeleyne é original. E Stacey? A sensação, também, é que escutamos, percebemos a qualidade, mas não chegamos a vibrar com a originalidade. Há muitas outras iguais. Vivemos uma época de super oferta. É nesse momento que o algo a mais precisa aparecer.
Também acontece aqui no Brasil. Há um boom de cantoras. Muitas cantam o samba novo, que vem da Lapa. Desculpem, mas não gosto de nenhuma. Não chego a detestar, todos os cds delas e deles, jovens sambistas, têm qualidade, mas eles tocam, acabam, e não dá vontade de repetir, cantar junto, olhar a letra. Lembro, para não ir tão atrás na história, de um momento em que saíram Ney Matogrosso, Luiz Melodia, Sergio Sampaio e Raul Seixas, quase no mesmo pacote. Tão diferentes, tão geniais. Hoje, parece que todos querem uma uniformização que só faz prejudicar. Lembrei agora de Roberta Sá, cujo primeiro disco ouvi, gostei alguma coisa e continua, como cantora famosa e não consigo ver nada. São as genéricas.
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