sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aqui é o fim do mundo

Pego o trecho de Marginália, de Gilberto Gil a cada dia em que leio pesquisas nacionais em que Belém, ou o Pará, sempre figuram nos últimos lugares. Um dos piores em Educação. Uma das piores em Violência e Assassinatos. Belém é uma das cidades que menos é servida por Saneamento, do Brasil. A Saúde no Pará é uma das piores do país. Este é o mesmo Pará em que pululam instituições de ensino superior? Esta é a mesma Belém, o mesmo Pará em que políticos insistem que dobraram, triplicaram o investimento em Segurança? Esta é a mesma cidade em que a construção civil bate recordes em lucros e lançamentos? Esta é a cidade em que a Saúde tem diversos hospitais inaugurados ou sendo inaugurados? Um amigo médico, sábado passado, me contou que estava de plantão no hospital metropolitano. Chega um rapaz com a mão estourada. Sala de cirurgia, rápido. Anestesiou e foi em busca dos instrumentos e demais materiais para a operação. Não havia. Está em falta. O hospital passou para outra administração que demitiu 200 funcionários e reduziu despesas. O que fazer?
Posso fugir do horário político, mas às vezes, as inserções nos pegam desprevenidos. Como aceitar que os governantes dos últimos 50 anos tenham o desplante de vir pedir votos? De elencar realizações em seus governos? Deveriam ter vergonha, fugir, pedir para sair. E quando há debates, são tão amarrados que as respostas beiram o ridículo, mentira sobre mentira. Como aceitar aquelas faces sorridentes, pedindo votos? E que terra tão pródiga é esta, com esses índices devastadoramente baixos, miséria total, ausência de tudo, mas com tanta briga por eleição?
E sim, a culpa é nossa. Nós que por motivos individuais, pequenos ganhos, cargos, favores lícitos ou ilícitos, tomamos partido deste ou daquele, indiferentes à destruição coletiva. A velha história da dualidade, Remo e Paysandu. Se critico o Paysandu é porque sou Remo e vice versa, não dando espaço à verdade, por nenhum interesse nela. Ricos em seus carrões importados, gigantescos, mas que ao saltar na porta de suas mansões ou palácios de cinquenta andares, pisam na lama. Até quando? É uma geração incompetente, a minha. Quanto a mim, fiz as minhas tentativas. Ainda faço. Talvez sejam insuficientes. Talvez seja incompetente, também, mas ao menos reconheço essa possibilidade.
Aproveito para elogiar o artigo que Lúcio Flávio Pinto escreveu em seu Jornal Pessoal desta semana, sobre o Presidente Lula. Assino embaixo.

Um comentário:

Luiza Montenegro Duarte disse...

Você tocou em um ponto importante, Edyr: nosso estado e nossa cidade sempre figuram entre os últimos, em qualquer pesquisa sobre qualidade de vida.
Definitivamente, ficamos para trás. Não sei o quanto precisaríamos correr para alcançar os outros, depois de tantos anos de descaso.