Recebi por email convite para participar do PC, Partido da Cultura, um grupo de pessoas interessadas em discutir e valorizar a Cultura do Pará. Li os nomes, alguns não conheço, mas estão realmente envolvidos no assunto. Depois, percebi que havia a idéia de ir em comitiva ao encontro de alguém, creio, do Governo, para ouvir suas propostas para o setor. Havia também uma entrevista com a governadora Ana Júlia. Prontamente neguei veementemente minha presença. Nunca mais participarei de qualquer iniciativa dessas, por ter sido enganado em todas as outras vezes por esses mentirosos faceiros em tempo de eleições.
Quero participar do PC e até me disponho frequentar reuniões e discutir melhores caminhos, mas sem a presença de candidatos de qualquer lado.
Estamos no fundo do poço. Trabalhei como técnico na Secretaria da Cultura, por dois anos, no Governo de Jáder Barbalho. Por isso, sobre o que foi feito, não me manifesto publicamente, mas na qualidade de cidadão, tenho o direito de me manifestar sobre os secretários que vieram nos governos seguintes. Nos primeiros oito anos do PSDB, atos absurdos e loucos foram cometidos, destruindo o pouco que havia de alicerces. Quando veio Jatene, forçado a manter uma pessoa no cargo, optou por retalhar a área Cultural, colaborando para implodir definitivamente o que já estava no chão. O governo do PT ainda fez pior. Colocou no cargo um vereador para que, nos quatro anos de Governo, estivesse em todos os municípios, de tal forma que se elegesse deputado nas próximas eleições. Quer dizer, Cultura, nem te ligo, só te uso.
Hoje, não temos nada. Cada órgão é comandado por um Partido, sem dotação orçamentária, com administrações quase sempre amadoras, cada um disparando para um lado e ninguém acertando o alvo. O discurso do PSDB ao assumir era acabar com o "paternalismo cultural". Quá qua qua. O PT diz querer "democratizar o acesso". Quá quá. Perdi, com o projeto de um cd com músicas inéditas do meu pai, uma Lei Semear. Perdi, com o Cuíra, outra Lei Semear. A razão? Falta de interessados. E olha que conheço muita gente e com elas estive. O empresário não acredita. Cultura sumiu do radar dele. Tem medo de ser fiscalizado e não faz, ainda que não vá gastar 1 centavo pessoal. E vem Ana Júlia a falar de PAC, PEC, francamente. E vem dizer que em quatro anos reuniu sei lá quantos gestores do Estado, para um Plano e tal, parecendo Gilberto Gil e seu Juca, oito anos e até agora a Rouanet ainda não é algo pronto.
Lá no Cuíra temos feito tudo a partir de prêmios aos quais nos habilitamos, como qualquer outro projeto. Acabamos de assinar o contrato com a Petrobrás e graças a Deus temos o que fazer em 2011 e 2012. Mas é muita lenha. Ganhamos seis máquinas de ar condicionado e agora a batalha é por dinheiro para pagar sua instalação. E depois? O cara da Celpa me disse que eu teria de pagar a conta como qualquer um, pois se desse isenção para cada projeto cultural que aparecesse, seria um inferno. O que vai ser depois? Não sei. Imagine quem não conseguiu patrocínio. Alguém dirá que isso é paternalismo, que o Teatro precisa viver de sua bilheteria e eu não discordo. Já cansei de lotar Teatro da Paz, com mil lugares, com direito a sessão extra, mas após tanto gol contra, a Cultura local está por baixo. Depois, é uma conversa longa, na direção da constituição de um mercado de Cultura. Outro dia eu escrevo isso.
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