segunda-feira, 13 de abril de 2009

O nome da morte

Estou muito impressionado com o livro O Nome da Morte, que acabo de ler, do jornalista Klester Cavalcanti, pela Editora Planeta. Trata-se do relato da história de Julio Santana, um assassino profissional, com confessadas 492 mortes em toda a carreira, já encerrada, de maneira tranquila. Em meus próprios livros, tenho delineado posturas e modo de pensar de alguns assassinos. Mas é ficção. Aqui, é absolutamente verdadeiro. Julio é iniciado na carreira por um tio. Boa parte do livro se prende a essa primeira vez. Em seguida, o segundo assassinato, dessa vez, sem querer, pois atuando a serviço dos militares a quem guiava na Guerrilha do Araguaia, atirou para ferir uma guerrilheira, mas acabou matando-a. Vêm então breves relatos sobre as outras mortes. Sem qualquer sentimento, ele mata homens, mulheres e até crianças, como uma de 13 anos, assassinada a mando de um fazendeiro, para vingar-se dos pais, que fugiram do trabalho escravo. Ou a outra vez em que matou a pessoa errada, parecida apenas e retornou para completar o serviço. Quase sempre tiro de revólver, à queima roupa, na cabeça. Uma vez foi preso. Justamente em um crime próximo à sua casa. O marido o contratou para matar a esposa, que havia matado o filhinho, de oito meses, afogado. Ele chega na casa. O marido o recebe. Avisa que vai sair um instante. Deixa-o na casa. A mulher se tranca no banheiro. O tempo passa. Ela não sai. Ele resolve arrombar. Enche um camburão de água. Começa a afoga-la. Assim havia sido o pedido. Ela grita. Ele perde a paciência. Envolve o revólver na toalha e atira. Quando sai, vizinhos perguntam o que havia acontecido. Nada. E o fulano? Saiu, mas já volta. Ele sai, eles entram. Gritam. A polícia o prende. Apanha uma noite inteira. No dia seguinte, ouve a esposa conversando com o delegado. O marido que o havia contratado, tinha ido avisar. Abrem a cela. Ele foge. O delegado havia aceitado receber uma motocicleta novinha em troca de sua liberdade. E é a esposa, uma piauiense que conheceu quando foi a Teresina matar uma pessoa, que o fez largar. Mulher e dois filhos. Eles, nunca souberam. Juntou dinheiro. Comprou um sítio em outra cidade. Jogou fora a arma. De madrugada, acordou todo mundo, pegaram um caminhão e partiram. Está aposentado. Aproximadamente 55 anos. Nunca fez outra coisa na vida.

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