segunda-feira, 27 de abril de 2009
Algum filho da puta
Não é novidade que a Cultura e a Educação são os dois primeiros ítens a serem cortados em momento de crise. Tem sempre algum filho da puta desses economistas, que alegremente acha que está cortando a farra de alguns viados e sapatões que fazem música, teatro e outros. Trabalhei algum pouco tempo na Secretaria de Cultura. A cada vez que vinha o tal QDQT, o secretario La Penha tinha um ataque de raiva, botava o paletó e ia direto ao governador, de onde saía mais tranquilo. Agora, como se não bastasse a não existência de qualquer política para a área, e as intermináveis discussões de um tal Plano de Cultura que nunca chega; de um secretário cujo rosto ninguém conhece, quanto mais as opiniões, vem algum filho da puta e além do corte de 30% anunciado pela governadora, faz um corte de mais de 50% no orçamento da Fundação Tancredo Neves. A Cultura, esgarçada, dividida como butim, onde dirigentes de diferentes partidos sentam nas cadeiras mas não podem fazer nada, agora chegou ao fim. Não há como funcionar. O Centur virou um elefante branco, onde algumas pessoas chegam, sentam e aguardam o fim do expediente sem nada para fazer. Quanto a nós, que fazemos Cultura, ficamos pior. Alguém dirá que devíamos ir à luta para continuar nossos trabalhos, sem precisar de "ajuda" do governo. Cultura é diferente. É muito maior. Depois, foi a criação das leis culturais que arrebentou com o que havíamos construído, em termos de relacionamento com empresas, conscientes do poder da mídia cultural. Hoje, nem o governo tem qualquer dinheiro para Cultura, nem os empresários querem apoiar através da lei, com medo de fiscalizações, pior ainda se for com dinheiro próprio. Melhor parar? Dar o fora, deixar pra lá, que isso só traz desgaste e parecemos estar em pequeno número. Afinal, que torce para a Cultura? Se fazemos peça de teatro, dança, sei lá e mesmo os que gostam ou gostavam, dão apoio, manifestam-se a favor, mas não vão ao teatro? Quem está por nós? Ninguém. Estamos incomodando, irritando, meramente por nos negarmos a desistir. Está difícil. Estou no limite. E ainda vem algum filho da puta e corta o dinheiro da Cultura.
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