quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ensaios

Imaginem o que é ensaiar dois espetáculos diametralmente opostos, ao mesmo tempo. Pior, imaginem não ser um diretor de teatro e ser chamado para dirigi-los. Pior ainda, imaginem que os elencos são formados por grandes atores locais. É de pirar. Está acontecendo comigo. Primeiro, em relação à comédia "As Gatosas", que reúne atrizes com mais de 50 anos de idade para comentar suas impressões. Uma mulher de 50 anos, hoje, é muito diferente das mulheres, na mesma idade, trinta, quarenta anos atrás. Muito diferente. E então temos Sandra Perlin e Sonia Alão, tão amigas, brilhantes, bacanas. Temos Olinda Charone e Vera Cascaes, a primeira, nem é preciso dizer. A segunda, convidei com a idéia de lhe sugerir dividir comigo o texto, tendo por base as espirituosas crônicas que publica uma vez por semana no Liberal. Foi tão bom que Vera, audaciosa, fará sua estréia no palco. Reunimos para conversar. Uma vez por semana. Dessas conversas, surgiu o texto, com enorme participação de Vera. Elas se uniram, viraram amigas de sempre, adoram reunir e fazer. Dependemos da saída do prêmio que o espetáculo ganhou, da Secretaria de Cultura do Estado, intitulado "Cláudio Barradas". Infelizmente, isso está atrasado e deixando muita gente aborrecida. Estamos ensaiando, mas sem dinheiro para o que o orçamento aprovado seja gasto com cenários, figurinos e outros. Uma pena.
A outra é "Sem dizer adeus", prêmio Myriam Muniz, da Funarte, baseado livremente no livro "Eu e as últimas 72 horas de Magalhães Barata", escrito por Dalila Ohana, sua companheira de últimos dias, obrigada, pelos mais estapafúrdios argumentos a se retirar de sua casa, não estando ao lado de seu companheiro que morreu chamando por seu nome. Conta com Zê Charone e Cláudio Barradas, repetindo a mesma dupla de "Abraço". Essa já começamos as leituras de mesa. Cacá Carvalho vai dar uma ajuda, graças a Deus. Temos algumas idéias. Talvez possamos estrear em agosto. Tive alguma dificuldade em chegar ao texto atual. Mas achei a saída. Os dois atores são ótimos. Estou com a cabeça tinindo. Mil idéias. As duas peças brigam pela primazia. Sensações maravilhosas. Mas, sinceramente, espero logo poder retornar aos livros que aguardam ser escritos, impacientemente.
Um detalhe: tomara que seja apenas mal entendido. Meu filho foi à Fumbel tentar agendar uma visita do elenco ao Memorial Magalhães Barata, ali em São Braz. "Não, acho que esse Museu é do Estado", disseram. Não. Falei com Raimundo Pinheiro, que me passou para Fernando Martins. Botei um ofício na Fumbel. "Escuta, esse Museu não é da alçada da Sema? Ela é quem cuida daquela praça..". Não, é um Museu, cara, deve ser Fumbel. "Eu vou me informar e te ligo de volta". Joaquim de Magalhães Barata se revira no túmulo! Como esquecemos tão rápido!!

Nenhum comentário: