Mais uma vez, a Feira do Livro. O secretário Edson dá entrevista mostrando a grandiosidade do evento. Que beleza! O número de participantes e o público estimado. Os escritores convidados, grandes nomes nacionais e alguns artistas da música, creio que estes, por conta do Hangar, extremamente generoso em trazê-los, por qualquer motivo. Todos parecem felizes, muito felizes. Até, talvez, os escritores locais, desinformados, frágeis, ingênuos, inscrevendo-se alegremente para participar do stand do escritor local. Será que eu é que estou errado? Desafino o côro dos contentes? Tento evitar sentir raiva, mas, idealista, não posso evitar. Essa Feira é canalha desde seu surgimento, retrato fiel da administração passada, absolutamente ignorante de seu papel e no entanto, imbuída dos melhores ou piores sentimentos na direção do sucesso de público, do evento, sem nenhuma preocupação com os alicerces. Creio que a mesma equipe prosseguiu à frente, na atual administração, que mais uma vez caracteriza-se pelo mais absoluto desconhecimento de sua função, de sua obrigação, trocando tudo por um projeto que pretende eleger seu dirigente máximo nas próximas eleições. Nos primeiros meses, compreendia-se a falta de ação, pois após doze anos de destruição, havia muito a construir. Com o tempo, deu para perceber que ninguém queria construir nada, a não ser uma candidatura.
Para os que somente agora podem me acompanhar, em poucas palavras, a razão de chamar a Feira do Livro de canalha. Se uma empresa particular decide promover uma Feira de Livros e para isso, aluga um lugar e por conta disso, aufere dinheiro vendendo espaços para livrarias, recebendo percentagens ou não; se traz escritores de fora, famosos, artistas da música, outros que tais e até, por boa vontade, abre inscrições para autores locais participarem de um stand do escritor local, tudo bem. Nada a opor. Agora, quando é uma ação de uma Secretaria de Estado da Cultura, está tudo errado. Porque é fundamental que não se esteja perseguindo ou apenas lucro, ou meramente sucesso de vendas ou de público, mas principalmente, um resultado cultural. Uma Feira de Livros é uma coroação anual de todo um trabalho desenvolvido, em todo o Estado, dividido, por exemplo, em três fases: relançamento de livros esgotados e importantes; lançamento de novos autores; popularização dos atuais escritores; diversos outros processos que popularizem de uma maneira geral a Literatura e os escritores locais. Assim, na Feira, teríamos o ápice de tudo e até podemos convidar algumas estrelas, que dividiriam palco com os locais. A festa é nossa. Enfim, o assunto é longo. Claro, assumo que sou suspeito para falar. Afinal, venho sendo censurado há 15 anos nessa feira, mesmo tendo escrito e publicado 11 livros, quatro deles com distribuição nacional, um deles traduzido e lançado na Inglaterra, além de compilações com outros autores, algumas internacionais. Mas, quem quiser que acredite, se não fosse escritor e atingido, também acharia a mesma coisa. É uma Feira canalha.
2 comentários:
Concordo com você, meu amigo. Plenamente.
AINDA TEREMOS A " FEIRA" QUE SONHAMOS.
SDS,BIG
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