Essa vem da lembrança de dois papers que escrevi. O primeiro, na extinta Província do Pará e o segundo, no texto de uma crônica em que comentava meus 50 anos de idade, que já vão longe...
Esse "Como você se vê", surgiu há pouco tempo. Em alguns lugares, com vários espelhos, podemos nos perceber em ângulos improváveis. Já começa uma surpresa. Hoje, com a profusão de câmeras e processos de filmagem, qualquer pessoa pode ver-se em uma tela. Não é algo simples. Como nos vemos? Quem pensamos que somos? Então nos vemos, aquela pessoa, na tela, ganhando volume, uma pessoa que tem gestos, um corpo, uma voz, andar, expressões. Nós. Em ângulos que nunca imaginamos. Percebemos, talvez, uma cabeça em desacordo com a elegância, gordurinhas, andar estranho, uma voz que se ouve diferente. Como você se vê, é para mim, algo para discutir muito mais. Gosto do tema. E como se veste? Ih, você percebeu que parece um velho, barrigudo, se vestindo como se tivesse 25 anos.. Bem, hoje qualquer um pode fazer isso. O problema é se cabe. Fit. E você percebeu isso naquele momento. Voltar para casa, refazer tudo? É, companheiro, a verdade é dura e pior, todos sempre viram isso, menos você, até agora. O problema é outro e aí, entro no que escrevi no texto dos 50 anos. Homens e mulheres, a maioria, diariamente, botam a cara em um espelho. No caso dos homens, para barbear-se. São alguns minutos se encarando. Mas, não é assim, simples. Olhamo-nos e imaginamos a cara de sempre, uma imagem, e nos barbeamos onde já sabemos, ser necessário. Vemos mas não vemos, não sei se me faço entender. Experimente olhar-se para valer. Examinar seus ângulos. Agora é ali, onde está chapada, sua face. Vêm as imperfeições. Bochecha caída, rugas, marcas no rosto, enfim, um desastre. Sabem o que me acontece? O cara que mora dentro de mim, o cara que me habita, digamos, é muito mais novo do que a carcaça. Ele não havia percebido a passagem do tempo. E as pessoas em volta, no dia a dia, também não percebem. É como deixar de ver alguém por um tempo e no reencontro, notar cabelos brancos, barriga, ou magreza, sinais de mudança, passagem do tempo, rejuvenescimento, sei lá. Mas o cara que me habita é danado. Ele ainda gosta de rock, é curioso, está sempre esfomeado atrás de novidades, dorme porque tem horário de dormir, quer jogar futebol todos os dias e emite um brilho pelos olhos que deve confundir estranhos. E então ele precisa raciocinar se não avança muito os sinais. Se a roupa que escolheu para sair combina com o resto. Já comprei várias camisas e calças que após a euforia da compra, passaram, direto, para meus filhos. Pena. Mas fico feliz em vê-los com elas. Me realizo, também. Enfim, bom de discutir isso, não?
Um comentário:
Realmente, é bom não só só discutir, como também pensar no assunto de maneira crítica, alegre e bem-humorada... Bem no estilo "Edgar Augusto" de ser.
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