segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Réquiem

É repetitivo. Já escrevi antes, mas não me contenho. Por três momentos: após minha pelada de sábado, alguém dizia que o Governo deveria dar dinheiro para Remo e Paysandu. Porque ao entrar em casa, à noite, vi na tv do porteiro o Bola na Torre. Porque hoje li a palavra réquiem na coluna de Gerson Nogueira.
Não foi por falta de aviso. Cheguei a ser incômodo, desagradável. Afinal, estamos no futebol amador, não interessam as novidades diárias nos cadernos esportivos, loucos por alguma notícia interessante. Fundo do poço? Há sempre mais alguma coisa. Ao Remo ainda resta jogar a Copa do Brasil, ser campeão sei lá. Ao Paysandu, a série C. À Tuna, que segue na frente de seus adversários, parece nada mais restar, já que sequer para o campeonato estadual se classificou. As razões são muitas, mas sobretudo incúria, falta de clubismo, serenidade, bom senso e profissionalismo. O mundo se modernizou lá fora, o futebol tornou-se uma máquina de fazer dinheiro. Menos aqui. Quer dizer, para os clubes, claro. Há muita gente rica. Que se deu bem e ainda posa de grande benemérito.
Nossos clubes, como foram fundados lá no início do século passado, precisam mudar sua razão social. Hoje, dez ou quinze figuras se reúnem, montam diretoria, convocam mais dez ou quinze conselheiros e tomam decisões. As sédes caem, são leiloadas, ninguém é pago e vida que segue, já que é preciso anunciar uma grande contratação. Há que mudar. Tornar-se propriedade de alguém. Hoje, quase ninguém paga mensalidade. Enfim, acabaram. Não sabem administrar. Remo e Paysandu com sédes no centro da cidade, cercadas por público abastado e nada. Garagens náuticas e nada. Estádios, áreas campestres e nada. Seus presidentes, homens de sucesso em seus negócios particulares, onde são premiados e usam as mais modernas técnicas, quando chegam ao clube, transformam-se. Profissionalismo, modernidade, técnica, nada disso parece chegar aos ouvidos, também, da torcida. Meu amigo, na pelada, profissional brilhante, inteligente, desfez todos os elogios ao achar que o governo precisa dar dinheiro aos clubes. Se aborreceu quando disse que também queria dinheiro para o Teatro. "Eu não gosto de Teatro", disse, tolo, aumentando sua bobagem. Numa região que não é vista com simpatia pela CBF pelas distâncias. Num Estado que tem o tamanho de um País, porque permitimos que o que temos de mais forte, seja ignorado? O campeonato estadual é, sim, importantíssimo. É necessário o entendimento entre clubes, federação, imprensa, prefeituras e governo. Sim, o governo. Pois ao municiar as prefeituras de tal maneira a que possam, quando for o caso, criar a infraestrutura de hoteis, estradas, estádios, gramados, principalmente, para receber os clubes, receberá de volta insumos, dará empregos, terá impostos recolhidos, fomentado o Turismo, por exemplo. Como esta, não pode ser. Dar dinheiro, nem pensar, mas utilizar a mobilização pelo futebol para desenvolver o Estado, arrecadar impostos e unir este Pará, seria muito bom. Quanto à imprensa, é para lembrar de ter assistido ao Bola na Torre, onde tenho grandes amigos e principalmente ídolos esportivos. Lá está, também, Gerson Nogueira, outro amigo. É realmente um réquiem do futebol paraense. Maranhão e Amazonas, nossos vizinhos, também acabaram com seu futebol. Nem isso nos comoveu. Estamos seguindo reto, direto, para o mais profundo do profundo. E, no caso dos meus amigos da imprensa, fatalmente, em algum momento, haverá demissões. Justamente a imprensa que tanto se desenvolveu técnica e profissionalmente, transmitindo Copa do Mundo, estando em todos os lugares. Não pode permitir. Precisa chamar às falas esses presidentes de clubes e sua federação. Precisa intervir, ao menos por instinto de sobrevivência. Não adianta programar Seminários e outros. Quem menos vai são representantes dos clubes. Tem que ser direto, na garganta. Será que ainda dá tempo? O paciente ainda respira? Já estamos com carreata até por campeonato do São Paulo. Em pouco tempo, teremos do Arsenal ou Real Madri. Futebol paraense? Só o pelada. Será que deixaremos isso acontecer?

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