E as
relações? A mulher começa um namoro. Acha o cara legal. Ele a convida para uma
reunião de amigos. Mulheres de um lado, homens de outro, jogando dominó! Ou
então ela fica sentada enquanto ele joga bilhar e de vez em quando, lança um
olhar orgulhoso. Por meu lado, tenho o defeito de ler livros e jogar futebol,
mas creio que ao menos no segundo defeito, tenho tantos seguidores que acabo
absolvido. A mulher começa o namoro e ele, ao invés de leva-la a um jantar
romântico, prefere uma churrascaria. Ele quer ouvir no carro o último disco de
Mônica Salmaso, mas a garota insiste em um pagode. Ela quer ir ao cinema mas
ele diz que só vai se o filme for dublado. E o toque do celular? O dele é de
funk. O dela é Mozart. São diferenças abissais, que dificilmente chegam a um
consenso. E vocês sabem, as relações são boas quando se chega a um consenso,
afinal, cada um tem seus gostos. Mais do que tudo, essas diferenças citadas
dizem respeito à Estética. E aí, é bem difícil. O que conversar se o namorado
de olhos rútilos acompanha o lutador socar seguidamente o adversário que se
esvai em sangue? Essa questão estética opõe gravemente o que muitos consideram
boa educação, informação, senso estético e, puramente, falta de educação e
preparo. Um amigo, de 14 anos, estudante de bom colégio particular, me conta
que há poucos dias, corrigiu o professor que se expressava erradamente, de
maneira chula. Se começa pelo professor.. Nossa Educação vai muito mal e já
temos cidadãos que parecem falar outra língua, têm outras preferencias. Pior,
já são maioria. E lembrar que em países como a França, o ditado, a leitura em
voz alta, nas salas, o estudo sobre os escritores, são obrigatórios, que
promovem o conhecimento, a opinião própria e principalmente, o diálogo, a
argumentação. Isso tudo reflete em mídias como facebook e what’sup. Dá vontade
de rir. Dá vontade de chorar. Dá constrangimento, quando se trata de alguém que
você conhece, mas não tanto para corrigir. Há como que um dialeto falado pela
maioria da população, uma estética diferente, de um lado com o onipresente
brega e do outro, pagodeiros e sertanejos “universitários”. Vem até o
constrangimento em falar corretamente no grupo de amigos. Muitos preferem o tal
“coloquial”, para sentirem-se adotados, não parecer querer ser melhores do que
outros. O problema é nacional. O problema é estadual. E aqui, já dura mais de
vinte anos. Neste domingo, vote, no mínimo, pela Cultura. Aos que vão sair,
todo meu desprezo pelo mal que fizeram ao povo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Desculpe, por escrever corretamente?
As
mídias sociais aproximaram pessoas distantes geograficamente e talvez as afastaram
da conversa face à face. Podemos dizer que fizeram muita gente voltar a
escrever, não somente e-mails, mas papear, dar opiniões, mostrar-se para o
público, registrar seu dia a dia. Também deixaram clara a má formação dos
brasileiros no que diz respeito à boa escrita. Não estou me referindo às novas
maneiras de abreviar palavras e outros truques. Língua é um organismo vivo. Mas
escrever errado é humilhante. Diria que em 80% das postagens há erros crassos
de ortografia. Pra mim fazer, pra ti ir e outros, lotam as mídias. E as simples
palavras escritas de maneira errada? Uma piada que rola, dá conta de uma moça
que convidou seu pretendente para jantar e pediu uma confirmação, ao que ele
respondeu: com certesa. Esfriou a relação. A verdade é que na medida em que
filmes começam a passar nos cinemas e até em canal fechado dublados, na medida
em que música sertaneja se transforma em universitária, na medida em que ir a
um barzinho, não é mais conversar e sim assistir lutas de MMA, tudo fica
difícil.
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