sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ANTIPATIA


É bastante normal quando percebemos que o “nosso santo” não bate com aquela pessoa. Diferença de atitudes, opiniões, postura, sei lá. Naturalmente você a tratará com todo respeito e civilidade, mas não vai procurar sua amizade, convidar para ir à sua casa, por exemplo. Mas há uma certa estupefação quando, por motivo fútil, uma pessoa se dirige a você de maneira a externar toda a antipatia que sente. Você não havia percebido. Essa pessoa estava naquele grupo, convivia sem grande contato, mas o tratamento era de colega. E em determinado momento ela externa o que estava engasgado, você se assusta e depois, botando a memória para funcionar, percebe que já havia sinais que você não tinha entendido. É confuso. Você agia com naturalidade entre aquelas pessoas, procurando ser quem é, sem grande destaque, participando do coletivo. E vem aquele direto no queixo. Você bambeia, vai para as cordas, o juiz abre contagem e as coisas vão clareando.
O jogo de futebol mal começara. Você joga no meio. Ele, na lateral direita. No primeiro lance ele atira-se ao ataque e por lá fica, indiferente à situação do jogo, que pretendia explorar a ausência naquela posição. Você, preocupado em sair do meio para a lateral afim de cobrir aquele espaço, dirige-se a ele, com um carinho que só é possível durante uma partida de futebol, e recebe de volta uma coleção de palavrões, identificando-o como costumeiro em reclamações e perseguição. Como? Surpreso, você tenta apaziguar os ânimos e recebe outros palavrões de volta. O jogo está rolando. Deixa pra lá. Vai para o outro lado do campo de maneira a não mais cobrir seu espaço ou participar de jogadas com ele. O jogo acaba e você não para de pensar. Lembra que ele, contrariando seu jeito calmo e tranquilo, sempre que você erra uma jogada, reclama fortemente e começa a unir as situações. Não há nenhuma contenda entre os dois. Fora dali, nem convivemos. É antipatia. No seu jeito macambúzio, ele pode estar assistindo quando você chega, conversa, joga, enfim, tudo, quem sabe, antipatizando. E explode nesse momento. Fiquei triste. Todos nós queremos agradar ao maior número de pessoas. Ser aceitos. Procuro fazer o meu melhor, sempre, dentro da civilidade, dignidade e educação. Mas é do gênero humano. A antipatia. Fez-me pensar. Ainda estou pensando. Por isso escrevi. Por isso publico aqui, em meu blog.

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