Linda
estava passando mal. O trenzinho seguiu adiante, menos Otávio, que ficou
preocupado e foi ajuda-la. Vomitou muito, pediu um tempo e saíram da muvuca.
Ela o abraçou procurando conforto e ele gostou. Quando melhorou, tomou uma
granada de água e o beijou. Ficaram se amassando num canto. José Carlos pulava
como se não houvesse amanhã. O ecstasy pegou forte, misturado com a cerveja. Acabou
esbarrando em um casal e o cara, malhado, deu um soco. Abriu clarão, mas José
Carlos, caído, não oferecia perigo. Levantou e seguiu pulando e cantando. Edu e
Márcia deram um tempo porque Márcia ia ao banheiro. E também porque o Edu
achava que Márcia estava olhando para um bonitão, ao lado. Encontraram Linda e
Otávio. Edu conhecia Linda. Já haviam paquerado. Então Márcia voltou e juntos,
foram lá para a frente. A Márcia de olho no Edu e na Linda, que voltou a beber
e Otávio já estava bem ligado. O show terminou. Mas continuou rolando som
mecânico. O público foi saindo, mas Edu, Márcia, Linda e Otávio continuaram. Tá
bom, vamos. Na saída, encontram José Carlos, com o rosto inchado, mas feliz.
Alfredo estava encostado em um Gol. Era o carro de Linda. Já haviam se visto.
Quem quer carona? Nós estamos indo lá para a Cidade Velha, continuar, sem hora
pra acabar. Todos vibraram. José Carlos avisou que ficaria antes, em Nazaré.
Fica no caminho? Vai todo mundo! Compraram mais umas latinhas. Vocês vão ficar
aí, bebendo? Vamos no carro! Sentaram Linda e Otavio na frente. Atrás, quatro
se apertaram, sendo que Márcia sentou no colo de Edu. Alfredo se acomodou no
bagageiro. Uma farra. Linda ligou o som do carro e ouviram, novamente, Anete.
Márcia estava apagando no colo de Edu, mesmo que rolasse uma leve excitação em
ambos, prometendo, mais tarde, sexo. Os outros contavam piadas. Riam alto.
Gritavam. Era um carro de festa. Linda dirigia rápido. Otávio com a mão em suas
coxas. Na primeira curva, cantaram pneu. Oi! Todos gritaram, felizes. Sem hora
pra terminar! Agora estavam na Avenida João Paulo, em alta velocidade. Havia um
calombo na pista. Para quem estava dentro do carro, não houve tempo para nada.
O mundo virou de cabeça para baixo, choques, tudo ficou escuro.
Edu
tinha prova na segunda. Márcia, prova de Matemática. Alfredo teria um novo
chefe na agência. José Carlos não tinha nada para fazer. Otávio pensava em
bater o recorde de vendas. Raimundo tinha dinheiro no bolso. Eram. Tinham. Que
pena. Vidas interrompidas.
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