Nos
anos 70, trabalhava na Rádio Clube, onde tinha alguns programas como “Gente da
Pesada”, nas manhãs de sábado, “Mr. Moonlight”, nas madrugadas e “Sábado Gente
Jovem”, juntamente com Janjo, Edgar, Rosenildo Franco, Ricardo Albuquerque,
Tarrika e Gilvandro Furtado. O programa lançou em Belém o filme “Embalos de
Sábado à Noite”, aquele que imortalizou John Travolta e deu uma nova vida aos
Bee Gees. Mas a discotheque começou bem antes, nos Estados Unidos, através de
programas de tv como “The Sound of Philadelphia” e “Love Train”, onde grupos
vocais e cantores interpretavam sucessos acompanhados por grandes orquestras.
Havia “The Love I Lost”, com Harold Melvin & Blue Notes e “Love Train”, com
O’Jays. E vieram Gloria Gaynor, The Trammps, Commodores e mil outros que faziam
o mundo dançar com ritmo dançante e acima de tudo, melodias gostosas e
instrumentais poderosos.
Aqui
em Belém, várias casas noturnas tornaram-se locais movimentados, ao som de
Janjo, Tarrika, Alberto Pinheiro, Dom Floriano, Fiapo, Jimmy Night e outros que
esqueço agora. Entre as casas mais famosas, creio que o Signo’s Club foi a mais
famosa, com grandes festas onde se bebia um vinho chileno chamado Tocornal, que
nem sei se ainda existe. Eu e Floriano tínhamos a loja 33 ¼ que virou point dos
djs e fãs da música. Havia quem comprasse dois exemplares de cada disco, um
para usar, outro para guardar e não gastar, uma vez que ainda era o tempo do
vinyl. Não, não havia satélite, de maneira que fazíamos assinatura de revistas
como Billboard e Rolling Stone. Chegamos, na época, a ter conta em um banco
americano, que enviava semanalmente os lançamentos. Muito tempo depois pudemos
assistir em filme, os grupos e cantores que amávamos em performances de palco.
Foi uma corrente tão forte que artistas como Paul McCartney e Rolling Stones
lançaram singles com ritmo dance. O mesmo aconteceu com Queen, a banda do
Freddie Mercury. Fazíamos remixes por conta própria, usando gravadores de rolo,
mais tesoura e fita isolante. Ficavam perfeitas.
Adiante,
vieram as experimentações com teclados eletrônicos, a partir de Donna Summer e
o alemão Giorgio Moroder, o que aos poucos, por questões econômicas (grandes
orquestras custam caro) e também pela novidade, foram fazendo surgir outras estrelas,
inclusive galera chic de NY, como Blondie. Veio o dance eletrônico, à base de
bpm (batidas por minuto), facilitando as mixagens, sem espaço para erros que
eram chamados, com bom humor, de “cavalgadas”. Muito fácil. Difícil era, na
festa, no alto astral e na pressão, mixar com sucesso. Perguntem ao Tarrika.
Assim como a Jovem Guarda, Belém adora um flash back. Até hoje, festas
homenageando a discotheque lotam por tiozinhos que reviram os olhos ao som de
“Disco Inferno”, por exemplo. Ih, esqueci Barry White, que além de seus discos,
produzia um grupo feminino, Love Unlimited. Era bom. Será que a força da
televisão trará de volta esses sucessos? Acho que tudo é possível, menos o
retorno da máquina de datilografar e o telefone com fio. Mas que é uma boa idéia,
não dá para discordar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário