quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O inimigo agora é outro

Fui assistir Elite da Tropa 2, no Pátio Belém, no primeiro horário, 12.00 hs e me dei bem. Nem meia casa e tudo certo. À saída, já havia imensa fila para a sessão seguinte. Gostei muito como do primeiro. Muito bom roteiro. A Montagem, maravilhosa. Diálogos. Preparação de elenco. Fátima Toledo não precisa de atores. Cinema é feito de takes. Ela prepara a pessoa, seja com exercícios físicos ou psicológicos para que, no momento de filmar, esteja na pulsação, respiração, no clima necessário. E o clima, ali, é sempre intenso, olhos rútilos, maxilar travado, carótida saltando. Desta vez, Padilha quis mostrar algo mais recente, no Rio de Janeiro, mas extremamente atual: as milícias. Aconteceu há pouco tempo. Um ex policial, Secretário de Segurança, com uma rede que misturava políticos, governador, pms, detetives, policiais, expulsando traficantes e entrando com sua galera. Matando de maneira escandalosa, para todos verem e ficarem com medo. Todos se protegendo e ganhando dinheiro. Mas aí a casa começou a cair. O Secretário era Alvaro Lins, o Linho, cujo grupo de asseclas era apelidado de Os Inhos, pois se tratavam apenas por diminutivos. Houve dois jornalistas de O Dia que foram barbaramente torturados por se meterem onde não deviam. E um defensor de Direitos Humanos que acaba de se eleger com a segunda maior votação do Estado, de sobrenome Freixo, parecido com Fraga, do filme. Ou seja, para que trocar tiros com traficantes? Melhor é tomar conta de tudo. Sergio Cabral se reelegeu com facilidade. Ele e suas UPAs, nos morros cariocas. Mas a pergunta que fica é: quem está faturando o dinheiro da Gatonet? Ou todos deixaram de assistir tv a cabo pirata? Quem está faturando com o dinheiro da venda de botijões de gás? Por exemplo..
Mas é apenas um filme. Por ter tido tanto sucesso e agora mesmo já comemorar 3 a 5 milhões de espectadores, procuram em Elite da Tropa 2, um sinal para onde se dirigir. E é apenas um filme. Como cobrar de Bruce Willis pelos filmes que fez e faz, liquidando milhares, sem perguntar a razão? Já li em O Globo gente dizendo ser um filme fascista. Lá, Fraga, o defensor dos direitos humanos, mostra em uma palestra, que pela progressão da população brasileira, em comparação com os números crescentes de adolescentes presos, em 50 anos, seremos 570 milhões de brasileiros, e 520 presidiários, ou seja, apenas 50 milhões estariam livres.
Coitado do Coronel Nascimento, pois agora, sua mulher o deixou e namora, exatamente, o tal Fraga, defensor de Direitos Humanos, e enchendo a lata do seu filho. Há embate entre Nascimento e Fraga, a rejeição do filho, a virada de mesa, quando Nascimento é traído pela galera da milícia, o herói contra o sistema e por fim, a reconciliação com a mulher e o filho. E o final, dizendo que o inimigo agora é outro, ou seja, o inimigo é o Estado, o Sistema, o inimigo somos nós todos, com sobrevôo na Praça dos Três Poderes em Brasília. E olha que estamos em eleições. Talvez por isso tenham botado, contra a sua vontade, o nome do Padilha como artista apoiando Dilma. Padilha rejeita. Nem um, nem outro. Enfim, Elite da Tropa 2 é apenas um filme, mas é muito bom.

Nenhum comentário: