terça-feira, 29 de março de 2011
O pior lugar do mundo para estar
"Restrepo", posto avançado das forças americanas no Vale do Korengal, Paquistão. Em poucos meses, cinquenta jovens soldados voltaram para casa no caixão. O documentário é muito bom. Os caras participaram da aventura. Camera ligada. Os soldados, na ida, brincando de maneira juvenil e após, dando depoimento, o sorriso amarelo, tiques nervosos, pausas, olhos vermelhos. Um deles informa que os médicos ainda estudam a melhor maneira de acompanha-los, pois havia poucos soldados que passavam tão pouco tempo em um lugar e voltavam tão estressados. Uma média de cinco confrontos por dia, em um local inóspito, de dia calor abrasador, de noite frio de matar. Pouca vegetação, pedras, tudo cor de cinza. Americanos saudáveis, com suas máquinas modernas em um mundo que se diz moderno, vivendo no fim do mundo (ou começo), tudo cinza, conversando com lideranças das tribos, os velhos, de cócoras, mascando tabaco, cagando e andando para os americanos. Tudo vai continuar o mesmo. E tome tiro. Morre um. O amigo chora descontrolado. Os outros arrumam a mochila. Voltam para casa. Chamaram de "Restrepo" uma posição que assumiram e instalaram um posto, em homenagem ao primeiro companheiro que morreu, logo ao chegar, soldado médico, de sobrenome latino. É tudo muito estúpido. Como querer entender? Os americanos atrás de óleo, mandando seus jovens para um mundo tão diferente quanto a Lua, Marte, Plutão, sei lá. Outra cultura. Outro tudo. Como chegar lá e se impor? Só se for gastando muita bala. E recebendo. Os americanos com seu equipamento top de linha e os paquistaneses atirando pontualmente e acertando. Lembra da Guerra de Canudos. Choque entre Culturas. E eu é que não queria ir fazer turismo em Restrepo. O documentário foi feito pela National Geographic. Procurem.
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