quarta-feira, 9 de março de 2011

De Londres

"Viajar é mais", diz a letra de "Manoel, o Audaz". Tenho ido sempre a Londres. Me sinto bem. Só não digo que "parece que vivi ali em outros dias", porque certamente não diria o mesmo de Picos, Piauí, se me entendem. Nunca ninguém viveu outras vidas em Picos.. A primeira constatação é da falência do aeroporto de Guarulhos, SP. Está completamente superado, sem espaços, serviços, uma porcaria. A segunda, se me permitem, é que só vai para Londres quem é muito especial. Deixo que a maioria vá a New York, Miami, Paris. Reparo nos companheiros de viagem. Quem vai a Londres é very special. Chegamos e um brasileiro nos acolhe em sua van. Mora há alguns anos, reside com outros brasileiros, namora uma brasileira. Diz que o bom de Londres é que um motorista é tão importante quanto um médico. Não há diferença de tratamento. Ele está errado. Há resquícios de nobreza, algum preconceito contra estrangeiros, que lá costumam pegar apenas o serviço pesado. Eles, ingleses, não. Penso que ele está feliz em seu discreto cotidiano e que em seu lugar, já teria feito outras coisas. Não sei a razão mas Londres pareceu lotada de turistas. Há serviços aqui e ali por conta das Olimpíadas em 2012, creio. E brasileiros. E portugueses. No St Giles, Luciana nos atendeu. No Garfunkel's Olga é portuguesa. Está sempre entre 3 e 5 graus, o que é uma delícia para quem sai do nosso forno constante. Minha amiga Silvana nos leva para dar uma volta na Abbey Road. Wlad e Olinda lagrimam ao entrar no The Globe, o mítico teatro de Shakespeare. E em uma terça feira, assistimos no Victoria Theatre, "Billy Elliott", quase lotado. O que chega a espantar é o envolvimento do povo com a Cultura. Há raríssimos outdoors, mas há propaganda em ônibus, metrô e totens. Em 90%, a propaganda de filmes, livros e teatro. Esses informes estão o tempo todo sendo esfregados em nossas mentes. A cidade toma conhecimento. Há uma incitação ao consumo de Cultura. E os teatros lotados. Em Paris, a mesma coisa. A Oxford Street é uma babel. Assisto na tv uma mesa redonda sobre o fim dos jornais impressos. Presentes, todos os editores de Londres, mais um cara do Google. Depois comento. Saudades.

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