terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sem carro

Meu carro deu problema, sábado à noite. Somente na segunda, o guincho levou para a concessionária. Fui buscá-lo agora, quatro da tarde, terça feira. A falta que ele me fez! Pode ser delírio pequeno burguês, o que quiserem. Acho inclusive que a única saída para esta pobre cidade de Belém está no metrô por superfície, que garantiria o ir e vir da população, de maneira adequada. Mas não é disso que quero falar. Nem da falta que o carro me fez, causando-me desconforto, ansiedade, um sentimento de falta de alguma coisa. Afinal, com o carro, somos absolutamente independentes para ir a qualquer lugar, quando quisermos. Enfim, chega de lero lero. Tomei um taxi na Presidente Vargas. Às quatro da tarde, é impressionante o número de táxis estacionados, nos dois lados da avenida. Impressionante. Mais impressionante é o número de carros e caminhões que estacionam em fila dupla, em qualquer situação, ou seja, em frente a colégios, em qualquer lugar, próximo a parada de ônibus, faixa de segurança. O grau de agressividade dessas pessoas, seu desprezo pelo coletivo é imenso. Passo muito na Duque e lá acontece isso, demais. Pior, estacionam, mesmo, em rua de razoável velocidade. Próximo ao sinal da Igreja de NS de Lourdes, uma distribuidora permite grandes caminhões bem na curva. Ou são caminhões que distribuem refrigerantes. Na maioria das ruas de Belém, importantes ou não, largas ou não, é permitido o estacionamento de ambos os lados, o que é um absurdo, pois afunila o espaço para os carros em movimento. Adicione a isso a fila dupla. Quem, a não ser os "flanelinhas", autorizou, na Boaventura da Silva, entre 14 e Alcindo Cacela, o estacionamento em diagonal, causando um engarrafamento constante e estressante? Quem, a não ser flanelinhas autorizou o estacionamento, em diagonal, na Osvaldo Cruz, ao lado da Praça da República? E no quarteirão seguinte, Riachuelo, entre Presidente Vargas e Primeiro de Março? Quem? As pessoas assim procedem porque estamos todos descendo, ladeira abaixo, nossos mínimos comportamentos civis, na direção da selva. E nem falo dos vendedores ambulantes, das cozinhas ao ar livre, da ferocidade dessas pessoas, prontas a declarar, entre ingênuos, entre ameaçadores, que poderiam estar assaltando, que não têm onde ganhar dinheiro para sustentar a família. Enfim, tudo isso porque ao ser passageiro de um taxi, observei mais e pude pensar, sem os pontos de referência dos motoristas e suas preocupações.

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