sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A entrevista de Andrew Jennings

Fiquei embasbacado ao assistir uma entrevista feita na ESPN Brasil com o jornalista inglês Andrew Jennings, talvez o maior inimigo da poderosa Fifa. O susto foi pela torrente de denúncias feitas sem nenhum disfarce ou jogo de palavras. Andrew é uma espécie de Lucio Flavio Pinto, sendo que o nosso querido jornalista é perseguido pelo que escreve em seu Jornal Pessoal e Andrew, no caso específico do Brasil, desfilou suas denúncias por um canal que mesmo fechado, tem enorme audiência nacional.
O principal alvo de Jennings é João Havelange que, pessoalmente, reputo como um dos canalhas mais competentes do mundo. Venerado, amado, invejado, considerado impoluto, políticamente vencedor, tornando a Fifa mais que a própria Onu, parece um crime acusá-lo de alguma coisa. E Havelange, cuja família já era dona da Viação Cometa, atleta de waterpolo, desde que assumiu a CBF, foi como um "cometa", desculpem, percebendo, longe, as chances de uma Fifa. E embora o Brasil seja um país campeão do mundo, admirado pelo talento no esporte, não é possível que apenas por méritos, almejasse a presidência, entre tantos europeus. Pois o brasileiro se elegeu e fez o que fez, mudando a sede para a Suiça, claro. Milhões e milhões e milhões. Um imperador. Saiu e deixou para Blatter. As razões para a Copa na África do Sul? Assistam ao programa. Para a Copa ser no Brasil? E Ricardo Teixeira, um aventureiro apostador de cavalos que casou com a filha de Havelange, foi feito presidente da CBF, separou-se e agora vai ficar ainda mais rico? E todos os outros, agora que vem também a Olimpíada?
Andrew conta tudo com muita tranquilidade, talvez por vir de centros desenvolvidos, onde se pode falar de tudo, sem o medo de ser assassinado, ou dobrar-se ao peso de milhares de ações na Justiça. Assistir Jennings foi um "eu já sabia". Fuçando atrás de informações, sempre me deparei com detalhes sombrios nas negociações do futebol mundial. Nem é surpresa ler que o destacamento precursor da Fifa já esteve na Rússia e gostou muito dos planos de uma próxima Copa. Meu pai ficaria aborrecido. Ele respeitava muito o imperador. Lembrei dele quando recebi, certa vez, a Bola de Ouro, em Cabo Frio, RJ, das mãos de Havelange. Sempre constrangendo ou impressionando com suas maneiras delicadas mas firmes, roupas finas e discretas, postura de rei, o cara é o canalha perfeito. Agora, teremos uma festa no Brasil, trazendo a Copa, fazendo o povo achar que ela é um acelerador de desenvolvimento local. Não é. Enfim, procurem na internet e assistam.

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