Se
embaixo o cenário e de ruínas, digamos, ao olhar para cima os olhos se enchem
de lágrimas pelo choque em ver o que eram as casas, velas, azulejadas,
janelões, enfeites, estátuas, acima dessa desgraça abaixo. As lojas, ao invés
de preservar a beleza, a derrubam com gosto, instalando peças ridículas, que
ofendem qualquer conceito de estética. No meio das ruas, essas barracas como
nesses campos de refugiados de guerra, onde os produtos made in China são
vendidos. E muita sujeira, caixas de som altíssimas, locutores falando
português errado e sendo entendidos por todos os que também não sabem mais
falar seu idioma.
Belém
já está abaixo da civilização. Quanto custará para voltar aos mínimos padrões?
Essas novas gerações de imbecilizados e mal educados, que não sabem somar dois
mais dois, lendo mas sem saber dizer o que leram, acham que o mundo começou no
dia em que nasceram. Não têm idéia de onde pisam, por onde passam e quem fez
tudo isso existir. E quem tem idéia disso tudo, por boçalidade, tenta por todos
os meios destruir o que foi feito, meramente porque não foi sua obra, ou por
discordâncias políticas.
A
Presidente Vargas está destruída, com prédios inteiros abandonados, mendigos e
marreteiros, ladrões e crackeiros, circulando com olhos esgazeados de crack.
Caixa Economica, Banco do Brasil, Bradesco, Banpará, C&A, o caralho
(desculpem, mas não há como evitar), nenhum deles pensa em cuidar da avenida.
Em usar os prédios para fins culturais ou educacionais. Em devolver à cidade o
dinheiro que ganham a rodo. É escrotice. Muita. Desamor. Odeiam o Pará.
Odeiam-nos. Vivem do nosso dinheiro e nos odeiam.
E
nós? Você que teve a paciência de ler até aqui, deve concordar, xingar, também,
depois, dizer que porra, alguém devia fazer alguma coisa. E pronto. Vida que
segue. Não é, aparentemente, nenhuma agressão à sua pessoa, nada que
aparentemente o afete. Mas afeta. Machuca. Agride. Diminui. A sua, a minha
cidade está destruída, abandonada, achincalhada, humilhada. O que podemos
fazer. Eu, por enquanto, ao menos, escrevo este. Vamos fazer mais?
Nenhum comentário:
Postar um comentário