sexta-feira, 25 de maio de 2018
MINHAS LEITURAS
Como
sabem, sou um leitor vulgar. Leio sem parar os livros que me agradam pela capa,
informações, trechos ou críticas. Hoje decidi dividir com vocês alguns desses
livros que tenho lido e que creio, vocês poderão gostar também. A sorte, a
chance, aquele momento pode se oferecer a qualquer instante. Como dizia
Shakespeare, “para tudo, é preciso estar pronto”. É o caso de Geovani Martins,
um carioca que morou em várias favelas do Rio de Janeiro e que começou a escrever
para se divertir. Paralela à Flip, feira que acontece em Paraty, com autores
internacionais, acontece a Flup, em favelas, visando o surgimento de novos
escritores. Um deles é Geovani Martins, que teve um conto publicado em uma
coletânea a partir do evento. Ano seguinte, Geovani foi dar um rolê na Flip.
Encontrou um dos promotores da Flup, flanando por lá. Este, o apresentou a um
dos donos da Companhia das Letras. Pronto. Virou sucesso. Lançamentos,
promoções, programas de televisão. Seu livro é “O Sol Na Cabeça”, com vários
contos, todos focalizando a vida de jovens nas favelas. E qual será o segredo
de Geovani para se destacar, além da sorte de assinar com uma das maiores
editoras do Brasil? A linguagem. É como se ele nos colocasse nos morros, nas
rodinhas, amigos e traficantes, trabalhadores e vapores, nos ônibus em que a
moçada dá um teco e vai para Copacabana, ou Ipanema, agitar e assustar a classe
média. Sobretudo no aplaudido “Rolezim”. Geovani como que nos coloca dentro da
cena, abicorados, em segurança, mas sacando tudo. E não é isso? Os telejornais
cada vez mais mostram reportagens com câmeras nervosas, correndo entre os
barracos, visando flagrantes. Geovani nos põe do outro lado. Nem todos os
contos mantém o nível e agora ele se prepara para o primeiro romance. Terá
fôlego? Vamos ver. Sem ser exatamente o outro lado da moeda, recomendo “Fiel”,
romance de Jessé Andarilho, da mesma turma de Geovani, morador de favelas, que
já começa contando história de gente lá de dentro do morro. As gírias, medos,
alegrias e tensões de um garoto bom de bola e de conta que aos poucos torna-se
chefão da droga e cai, claro, como sempre ocorre. A narrativa é muito boa, mas
Geovani parece mais esperto, mais comunicativo. Jessé lança seu livro pela
Objetiva, selo Favela, sem os fogos de artifício da Companhia das Letras, mas
recomendo a leitura. Outro livro interessante é “Tudo pode ser roubado”, de
Giovana Madalosso, lançado pela Editora Todavia. Uma garçonete que trabalha nos
Jardins, São Paulo, e que também faz programas sexuais, aproveitando para
roubar peças de grife por onde passa. Giovana é outra estreante com linguagem
rápida, agradável, urbana e sem preocupação alguma de erudição. Um cara oferece
dinheiro para se aproximar de um professor e roubar um livro raro. Para quem
conhece a cidade, muito legal por permitir que nos situemos nas cenas.
Finalmente, um dos grandes livros do ano, de Martha Batalha, também pela
Companhia das Letras, “Nunca houve um castelo”, seu segundo trabalho, após o
festejado “a vida invisível de Eurídice Gusmão”, que não li. Martha mistura
fatos e ficção. No começo do século passado, Ipanema era uma praia selvagem, no
meio do mato. Um casal sueco, ele embaixador, ela levemente biruta, veio para o
Rio de Janeiro. Uma casa em forma de castelo foi construída. Filhos nasceram. E
outros habitantes foram chegando. A espevitada Laura Alvim, é uma. A vida segue.
Veio Getulio. Bossa nova, revolução. Gente que morre, gente que nasce. Uma
praia, um bairro famoso no mundo inteiro. Martha tem um talento especial para
traduzir as famílias da classe média carioca. E para contar história. E houve,
mesmo, um castelo em Ipanema? Recomendo.
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2 comentários:
Estou atrasado uns 50 livros ou mais , kkkk
Imagine eu, rabachi...
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