sexta-feira, 8 de setembro de 2017

UM SÁBADO TRISTE

Assisti a um trecho do jogo de sábado passado, quando, em um estádio completamente lotado, festivo, clima de vitória, os azulinos foram derrotados por maranhenses, estes, com uma equipe com salários baixos e bem colocados na tabela. Estava em um clube, aguardando a pelada. Havia uma quantidade bem maior de azulinos do que “secadores”. Não gosto de assistir jogo do Remo. Primeiro porque a qualidade é ruim, segundo que, como torcedor, sofro muito, fico aborrecido. Bastou assistir ao pênalti perdido para dar as costas e ir jogar a minha pelada. A turma que ficou, fazia barulho. Dentro do campo, percebemos os acontecimentos. Baixou o astral. Tirou a graça. Tudo o que estava envolvendo nossa diversão. Em outra parte da cidade, dois torcedores se arengavam, cada um com seu clube. Um terceiro tenta separa-los. Um deles vai em casa, volta armado e o mata. O que faz uma pessoa, de maneira pensada, buscar uma arma, retornar e matar outra, a quem nunca tinha visto? Matar, morrer, por uma discussão sem graça. Tensão social? Revolta, bastando um pavio curto?
Ainda na segunda, andando em direção ao trabalho, ouvi trechos de conversa, sempre bicolores brincando, xingando o outro pela derrota. Normal. Mas dependendo do ambiente, pode acontecer o pior. Basta uma cabeça quente e a vida se esvai.

Por outro lado, vendo aquela imensa plateia no estádio, me pergunto como os clubes não têm departamentos de marketing, que saibam capitalizar todo esse amor em lucro, proveniente de todos os produtos derivados dos clubes. Li também uma lista de despesas do Remo, com alugueis de todos as formas, lanche para a Polícia, um tal de quadro móvel. Nào entendo. O clube aluga o estádio. Então, dentro dele, por fora, onde quer que seja, tudo o que for vendido, de bebida, refrigerante, lanche, bandeira, picolé, camisa, o que pintar, precisa retornar em lucro para aquele que é dono da festa, que pagou para ter o estádio. Uma imensa máquina de ganhar dinheiro, dinheiro pago com amor ao clube, e retornando para que este seja poderoso, financeiramente positivo. É esse amadorismo por parte dos dirigentes que coloca tudo a perder. Quando o Remo jogou em São Luiz, percebi o estádio vazio, afinal, era um jogo da Terceira Divisão. Esses atletas, contratados a título de “reforços”, rodam o país, três meses em cada clube. São perdedores, sem confiança, sem a flama da vitória, sem compreender o tamanho do amor que a torcida tem. Ficam nervosos, apavorados, com a multidão, acostumados a estádios frios, vazios, tristes. Aí, o que era apenas incompetência técnica, vira tremedeira e desastre. Leio que o Paysandu também anuncia reforços. Que jogadores, a essa altura da temporada, quatro divisões funcionando, tendo qualidade, não estão empregados, bem empregados em um clube? Quem virá, então? Perdedores. No futebol, como em quase tudo na vida, não basta ser apenas profissional. Há de ter flama, gana, vontade de vencer e sim, ganhar ainda mais ímpeto com o apoio de uma grande torcida. Li que o plantel do Sampaio Correa consome 150 mil reais por mês, muito menos que o Remo. Como nossos clubes não conseguem contratar melhor? Circulei pela cidade, naquele sábado. O número de camisas azulinas eram maravilhoso, a cidade vivendo seu momento, apaixonada por uma partida da Terceira Divisão! É preciso gente nova para assumir os clubes. Profissionais de administração. Promover parceria entre os dois clubes rivais. Rivais apenas no campo, onze de cada lado e juízes. Fora, são irmãos, parceiros. Deixem para a torcida o urro da vitória, o lamento pela derrota. Foi um sábado triste para a cidade. Sonhos adiados, mais uma vez?

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