Acordo com aquela algazarra
distante das crianças na praia e a doce melodia das folhas dos coqueiros
embalados pelo vento de maré cheia. Rápido a expedição está pronta e partimos
para mais uma manhã adorando o rei sol. Há quem instale o guarda sol, outros as
cadeiras, toalhas, cangas, comece a operar o isopor com bebidinhas e
delicinhas. Jogo-me em uma espreguiçadeira e primeiro dou uma conferida no
ambiente, demorando-me, lógico, nas moças bonitas que vão naquele passeio
malemolente, naquela catwalk em que fazem de conta que nem prestam atenção aos
olhares, enquanto nós também disfarçamos e parecemos contemplar a paisagem.
Suspirando, abro o jornal ou livro e começo minha leitura. Logo, aquela
algazarra vai se transformando em um lullaby e mergulho em um soninho gostoso,
distante o barulho das ondas e pimba! Desperto assustado. Uma garoto vem atrás
de uma bola que alguém chutou com defeito e atingiu nossa tenda. Entre
imprecações e outros gritos, o moleque recolhe seu material e retorna ao jogo.
Balanço o jornal que guarda alguma terra trazida pela bola e tento retomar a
leitura. Qual nada. Como uma grande onda, um grande lençol, os olhos vão
fechando e agora talvez consiga uma soneca boa. Quem sabe, sonhar com a Ilha dos
Amores.. Pimba! Assim não tem peruano que aguente! Uma horda de vândalos
atravessa a praia, como um arrastão. Com nossos medos urbanos, alguns jogam
celulares e carteiras para debaixo das cadeiras e levantam os braços na base do
eu me rendo. Os cavalões passam por sobre nós e outros tantos. Estão atrás de
um papagaio que chinou. Curiosamente, o vitorioso foi um moleque baixinho e
marrento. E agora? Outro, maior, também arvora-se a ser o vencedor. Haverá
briga? Há apartes de todos os lados. O grandão cede e o moleque sai com ar
vitorioso, desfilando com sua presa, orgulhoso. O céu está coalhado como em uma
batalha aérea em que papagaios de todos os tipos se enfrentam em combates
mortais. Pergunto-me, afinal, qual a graça em estar nesta confusão quando as crianças
gritam, querendo raspa raspa. Não adianta argumentar a respeito de condições
higiênicas. O raspa raspa é sagrado e ao fim, todos tomamos um copo, que
devolvemos para ser lavado em uma pequena bacia imunda. Nem bem sentamos e
passa o vendedor de pirulito de mel ou karo, sei lá. Assim não é possível. Que
tal um mergulho? O último lá, é.. É o quê? Olha o que vocês fazem com o avô de
vocês.. Bom, agora vocês me deixam ler o jornal, tirar uma soneca.. Bom dia,
amigos da praia! Vai começar o show de brega, promoção da Prefeitura para
alegrar este verão!! Há um palco improvisado e pressinto o que virá a seguir.
Quem quiser que fique. Volto para casa, tomo banho de água de poço, mas o tal
show começa e mesmo distante da praia, o som é ensurdecedor. Que férias são
essas!!
Quanto a mim, leitor vulgar,
estou abraçado no terceiro volume do romance “Outlander”, de Diane Gabaldon,
que já virou série e assisti à primeira temporada. Romance de capa e espada que
me faz voltar no tempo, tal como a protagonista, embora não de sua maneira,
radical. Assim, vou passando as férias. Há muitos outros livros à espera. Quem
sabe, um dia? Não moro. Sou hóspede de uma biblioteca. Os livros me cercam. Me
encaram, suplicando leitura. Fazem cara feia. Mostram seus encantos. Será que conseguirei
lê-los?
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