“Todos os homens devem morrer”. Eu também
fiquei chocado quando, na primeira temporada de “Game of Thrones”, Ned Stark
foi decapitado. O personagem era um homem justo, com família adorável e
protagonista. Foi quando a série impôs um ritmo de acontecimentos que saiu da
mesmice, da manipulação, do bom mocismo. Não sou viciado em séries. Escolho uma
ou duas para assistir. Agora assisto em meu computador “Outlander”, a respeito
de um livro que comentei aqui e que não deve ser lançada no Brasil. E “Games of
Thrones”. Já li todos os livros. George Martin é um excelente contador de
estórias. Teceu uma trama envolvente, longa, com muitos personagens e que a
cada momento parece encontrar outros horizontes e até a comentar o mundo em que
vivemos atualmente. O último capítulo, da temporada 2015, também chocou. O
Facebook, essa espécie de mural em que debatemos nossas opiniões, teve também
alguns festejando nunca terem assistido “GOT”. Tudo bem. Fiz um comentário
dizendo “Vocês não sabem de nada”.. Os adictos sabem o que isso representa. Os
Lannister estão no poder e no entanto, podem sucumbir ante um crescente
movimento religioso pregando a volta aos princípios básicos, humildade, pobreza
e outros. Não seria o Estado Islâmico em luta contra os abastados ditadores,
sultões e presidentes do Oriente Médio? E tivemos um desfile que misturou
humilhação, brutalidade, com a Rainha Cersei fazendo o que chamaram de
“expiação”, andando, nua, pelas ruas, apedrejada e insultada pelo povo. Que
desfile. Uma mulher linda, em seus quarenta anos, talvez, corpo perfeito,
cabelos cortados rente, ereta, orgulhosa, sendo açoitada pelos gritos. Belo
catwalking. A morte de Stannis Baratheon, deixando-se levar pelos encantos de
uma feiticeira do fogo, que tornou-se sua amante, o forçou a queimar na
fogueira sua única filha e atacar no auge do inverno o castelo de Winterfell,
sendo seu exército cercado e dizimado. Ao final, surge a cavaleira Brienne,
mulher guerreira, vestindo-se e agindo como homem, que em nome dos reis que
pensa representar, executa-o. Ao mesmo tempo, Sansa Stark, joguete nas mãos dos
poderosos inimigos, consegue aliciar Theon Greyjoy a fugir do castelo. Fugir do
vilão da vez de GOT, o malvado Ramsey. E quanto a Arya, minha preferida?
Sobrevive vestindo-se como rapaz e agora tenta filiar-se aos Deuses sem Face,
para vingar-se de todos os que lhe causaram mal. Não esqueci de Robb Stark,
assassinado à traição, com sua mãe Caitlin. E o anão Tyrion que em poucos dias
torna-se principal conselheiro da Kaleese Targaryen, que após reinar como uma
déspota iluminada, teve que se valer de seus dragões para escapar de uma
revolta e agora vê-se solitária, sem dragão e cercada por uma tribo. E quanto a
Jon Snow? Bastardo, justo, herói e pacificador. Chefe da Patrulha Noturna,
venceu a guerra com os selvagens e agora os salva dos “White walking”. Quis
juntar inimigos, como um socialista, lutando juntos contra a ameaça comum. Foi
o grande golpe de encerramento da temporada. Em uma cena influenciada pela
morte de Julio César no senado, em Roma, recebe um chamado falso e quando
chega, há uma cruz com o título “Traidor”. Um por um, seus antigos comandados
desferem facadas e por último, o garoto por qual havia se afeiçoado, salvado da
morte, sem precisar dizer “até tu, Brutus”, desfere o golpe final. Os
roteiristas já saíram dos livros e encaminham tudo para o ano que vem, já
iniciando as gravações do que seria a última temporada, enquanto Martin também
promete um último livro. Valar morghulis. A
resposta é Valar Dohaeris, todos os homens devem servir.
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