Um coletivo formado por alguns
dos mais completos atores do Pará é autor dos textos básicos, a serem
desenvolvidos de improviso, conforme os acontecimentos, no espetáculo “Só dói
quando eu rio”, em cartaz no Teatro Cuíra às terças e quartas feiras do mês de
julho, sempre às 20 horas. É bom saber que a “função” inicia antes, já no hall
do Cuíra, onde várias cenas acontecem, enquanto quem espera toma uma cervejinha
esperta e conversa.
A idéia veio de Zê Charone,
Adriano Barroso e Cláudio Melo, em um papo onde o assunto era a falta de
oportunidades, salas de exibição, a escuridão que a nossa Cultura, e
especificamente o Teatro passa, mesmo com uma Escola de Teatro da Ufpa bem
ativa, formando técnicos em Artes Cênicas que obviamente não terão onde exercer
seu ofício. Em vez de ficar se queixando, melhor é agir, protestar, como fez o
Movimento Chega no ano passado, ameaçando, inclusive retomar sua indignação com
a aproximação das eleições. Melhor que mimimi é reagir e uma das boas maneiras
é com o riso, o deboche, a ironia.
Vieram Paulo Vasconcelos,
Ronalda Salgado, Ronaldo Rosa, Ronildo Carvalho, Jefferson Cecim (que
retrabalhou maravilhosamente figurinos de outras peças), Astréia Lucena, Leoci
Medeiros (nos teclados) e Leandro Lima na Iluminação. Os nomes são conhecidos.
Nos últimos 30 anos, talvez, eles estiveram em algumas das melhores montagens
de espetáculos apresentadas em Belém e em algumas cidades do Pará. Ao longo
desse tempo, os espaços foram minguando, patrocínios sumiram, bem como qualquer
política cultural. Os teatros, que antes recebiam grupos com produções
ensaiadas durante três meses, por apenas um final de semana, agora também
estavam fechados ou cobrando uma diária impossível para quem se atrevia a
tentar, sem qualquer verba. Hoje, a situação é que não há datas ou por uma taxa
altíssima no Teatro da Paz. No Margarida Schivazzapa, embora espaço público,
reaberto após longo período fechado – a não ser para “companheiros”, hoje
parece haver um quem chegar leva, sem nenhum estudo de ocupação. Mesmo assim,
dito por quem ouviu os próprios técnicos, nunca o teatro esteve tão bem
ocupado. O problema é que está funcionando com menos de 30% de sua capacidade
técnica. A aparelhagem está encaixotada. Holofotes, caixas, mesas, não dispõem,
meramente, de plugs para serem ligados. Será necessária uma licitação, que não
deve resultar antes das eleições. O Teatro Gasômetro foi projetado tão
bisonhamente que só é ocupado por quem aceita de tudo. O Waldemar Henrique,
somente se aparelhagem técnica for levada. O da Estação das Docas, virou até
cinema. Restam espaços independentes, administrados heroicamente pelos Palhaços
Trovadores, Cuíra e InBust e o “Cláudio Barradas”, da Ufpa. Espaços pequenos,
com cem lugares, se tanto, onde ainda comparece um público interessado, mas
pequeno, bem diferente do público que assistia aos espetáculos apresentados por
esses atores, grandes atores, completos, dominando todos os instrumentos de sua
Arte, que agora se juntaram, mesmo doendo, rirem e fazer rir. Riem de si
próprios, de nós todos, das autoridades, das imoralidades, dos costumes, não
escapando sequer o Círio de Nazaré e suas personalidades. A Direção é de
Claudio Melo e a Produção de Zê Charone. Como disse, o show começa no hall do
teatro e está imperdível. Afinal, dói, mas rimos. E rimos. E rimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário