Foi
vencedor de Oscar nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.
Não lembro com quem concorreu, mas é uma absurda injustiça que nem Jon Voight
ou Dustin Hoffman tenham ganho Melhor Ator e Coadjuvante. Nem sei como dividir
os prêmios. A direção é de John Schlesinger e a trilha, autoria do grande John
Barry.
Voight
uma grande aposta de galã. Hoffman, após “A Primeira Noite de um Homem”,
aguardou alguns anos antes de se decidir por outro roteiro. Ficou parado,
indeciso. Escolheu certo.
“Midnight
Cowboy” é uma festa de sonhos não realizados. Um tanto pela juventude, que no
final dos anos 60, queria Paz, Amor, Música e psicodelismo, experimentar outras
sensações. Voight é Joe Buck, rapagão texano que sonha com New York, onde faria
amor com as mulheres mais lindas e ricas. Veste-se como um cowboy de boutique e
nos primeiros dias, suas cantadas revelam-se toscas, até que encontra Enrico
Rizzo, mais conhecido como “Ratso”, Dustin Hoffman, coxo, gay, pobre, vivendo
em um prédio abandonado e a ser demolido, sonhando em ir para Miam. Ratso
engana Buck. Sem dinheiro, o cowboy vaga por NY até reencontrar o finório.
Acabam fazendo uma dupla. Aos poucos, por linhas tortas e absoluta necessidade
de amparar um ao outro, surge uma amizade, mais que isso, um amor puro entre
duas pessoas, nada a ver com sexo. Eles se unem em atos e golpes que nunca dão
certo. São losers, perdedores. Vem o inverno, temperatura abaixo de zero e a
tosse que nunca deixa Ratso respirar corretamente, piora. A grande cidade vai
engolindo, triturando seus sonhos. Pequenos roubos, doação de sangue,
prostituição, tudo por dinheiro, até serem escolhidos a comparecer em uma festa
psicodélica, toda filmada. Sai com uma mulher. Pagamento antecipado a Ratso,
que já nem consegue andar direito. Funciona. Agora, a mulher quer passa-lo a
outras amigas. Tudo vai dar certo? Não. Ratso está cada vez pior. Me leva para
Miami. Joe Buck vai atrás de dinheiro. Um homem. Tudo se complica. Talvez o
tenha pelo dinheiro. Embarcam no ônibus. Chega na Flórida. Sol, vento, e
“Everybody’s Talking” tocando. A música é de Fred Neil, ele mesmo, um loser
conhecido no mercado fonográfico. Auto destrutivo, problemas com álcool. Fred
não deu certo a não ser por essa canção, cantada por Harry Nilsson, ele,
também, um perdedor. Encaixou, além dessa, “Without You” e nada mais. Ouvimos
falar dele como companheiro de John Lennon e Elton John em seu período
solteiro, quando viviam na farra.
Às
vezes invento buscas improváveis e me ponho em campo. Talvez seja uma desculpa
para visitar lojas e livrarias atrás do produto que certamente não estará à
venda. É o caso de “Midnight Cowboy”. Por alguma razão bem estranha, nunca foi
lançado em BluRay. Problemas com distribuidores, direitos, qualquer coisa
assim. É um dos melhores filmes que já assisti. O jeito encomendar à Amazon.
Bom porque há possibilidade de legendas em português. A composição de
personagens de Voight e Hoffman é maravilhosa. Todos os detalhes. Voz, rosto,
roupas, trejeitos. Quase não vemos entrega assim nos filmes de hoje. “Midnight
Cowboy” é sobre amor entre dois homens. Amizade, fraternidade. Ratso
verbalizando mais as condições, Buck agindo, coração enorme e pouco cérebro. As
cenas finais são lindas. Que tal rever?
Nenhum comentário:
Postar um comentário