quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sean Penn e Johnny Depp

Penso que são os dois melhores atores em atividade. Assisti seus dois mais recentes filmes. Pena, servem apenas para admirar seus talentos e técnica. Penn está em "There must be a place", no papel de um roqueiro afastado, deprimido por dois fãs que se suicidaram ouvindo suas músicas, feitas de encomenda, para um nicho, nos anos 80. É claramente inspirado em Robert Smith, do The Cure. Cabelos longos, revoltos, maquiagem e batom vermelho. Milionário, vaga pelas ruas, sem nada para fazer. O pai, com quem não falava há 30 anos, falece. Ele vai assistir ao enterro e de lá, volta refeito. O diretor parece italiano, não lembro o nome, bem jovem. O roteiro é tortuoso, oferece janelas que não cumpre e nos pegamos admirando Sean Penn, apenas.
"Rum Diary" é Johnny Depp, baseado no livro de Hunter Thompson, o admirado inventor do "jornalismo gonzo". A cena é em Porto Rico e Depp faz o jornalista Kemp, que chega para trabalhar no agonizante jornal local. Bem, qual jornal não é agonizante? Lembrei de Gilberto Gil que ando ouvindo, extasiado, em seus dois primeiros discos: "o jornal de manhã chega cedo, mas não traz o que eu quero saber, as notícias que leio, conheço, já sabia antes mesmo de ler". Não é somente a vida que se repete, mas hoje, principalmente, a perenidade de um artefato que entre apuração, redação, impressão e distribuição, perde um tempo enorme em que as notícias que traz já foram superadas por acontecimentos. Penso na dificuldade de meu amigo Gerson Nogueira, em decidir as manchetes, por exemplo. Tergiverso. Entre litros e litros de rum, Depp/Kemp se envolve com pilantras, amigos, uma bela mulher e nativos. De maneira absurda, sai incólume, em um veleiro, rumo nowhere. Depp é o máximo. O filme, não. Melhor ler o livro.

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