E
aproveito para sugerir, já que ando ouvindo comentários a respeito de
candidaturas à Prefeitura – antecipação mais que necessária tendo em vista ao
descalabro e abandono da cidade, algo para os candidatos pensarem sobre
Cultura. Começa em considerar Cultura algo importante e não dar dinheiro para
pequenos eventos apoiados por vereadores e que tais. Passa por analisar os
bairros e locais onde poderá instalar mecanismos culturais. Salões paroquiais?
Sedes de clubes? Nos maiores bairros, mais mecanismos. Levar oficinas, fazer
com que crianças, jovens, adultos e idosos voltem a conviver com o fazer
cultural. Realizar eventos nos finais de semana, principalmente à noite,
entrando pela madrugada, evitando que esses jovens estejam à mercê do que não
presta. Editais para artistas de várias áreas, de maneira a apresentar-se e
conviver com as comunidades. Concurso arquitetônico para prédios a serem
construídos nos bairros. Sugiro trabalhar com o Ibama para doação de madeira
apreendida. Tudo feito de madeira, bem amazônico. Sugiro a construção do Teatro
Municipal no Mercado de São Brás, onde como ápice, todas as ações estarão.
Parece muito? Nada disso. Imaginem quanto já foi gasto no superado BRT. A
última vez em que a cidade teve uma secretaria trabalhando Cultura foi quando
Paes Loureiro lá esteve. Uma cidade inteira está sofrendo, brigando, morrendo, apanhando,
sendo humilhada, sem qualquer horizonte, à espera de Cultura, acreditem,
senhores candidatos.
sexta-feira, 19 de julho de 2019
70 ANOS DE PAZ E ÀS NOVAS CANDIDATURAS
Henrique
da Paz completou 70 anos. É um dos grandes nomes do Teatro Paraense. Está à
frente do Grupo Gruta, um dos mais antigos e perfeitamente atuante. Acabou de
reler “Antígona”, no Waldemar Henrique. Além de ótimo diretor, exigente, sábio,
estive com ele na condição de ator em dois momentos marcantes de minha vida. Em
1985 ele foi Francisco Vinagre no espetáculo “Angelim, o outro lado da
Cabanagem”, apresentado em uma segunda feira, 7 de janeiro, no Teatro da Paz, data
da revolta. Era empolgante vê-lo em cena, o ator em seu auge. Ele “era”
Francisco Vinagre. Dois meses de ensaio, lapidando cada gesto, melodia de voz.
Bons anos depois, “Hamlet, um Extrato de Nós”, do Grupo Cuíra, dirigido por
Cacá Carvalho, fazendo Polônio, magicamente envolvido naquele processo genial,
vivido por um mês, 24 horas de ensaio e compromisso. Como há muito a Secult e a
Escola de Teatro estão distantes do teatro, a primeira retornando, a segunda
com seus alunos não assistindo às peças em cartaz, mesmo que oferecidos
ingressos gratuitamente, até agora, os 70 anos passaram sem qualquer nota. Que
pena de um Estado que não festeja seus nomes, pessoas que contribuíram e
contribuem fortemente para a formação de um povo, doam-se a um trabalho cansativo,
embora, para eles, não exista saída. São artistas. Vi uma foto, no Face, de um
encontro entre Salustiano Vilhena, Neder Charone e Claudio Barradas. Quanto
talento junto! Tenho ensaiado com Barradas a volta de “Abraço”, que fizemos no
Teatro Cuíra, claro, como era praxe naquele tempo, sem qualquer apoio oficial.
O que podemos fazer para o grande Salustiano voltar aos palcos? E Neder e seus
cenários inesquecíveis? Impressionante é assistir Cláudio Barradas, 90 anos,
dando seu texto, sugerindo gestos, vozes, movimento, pleno de sua sabedoria
teatral. Eles continuam, mas as pessoas não acompanham. Não notam. Não percebem
que dão as costas à vida, à Cultura, ao talento.
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