sexta-feira, 28 de junho de 2019

O OUTONO NÃO É GLACIAL

Escapar por alguns dias desse pré verão que já se anuncia em chamas foi a idéia. Marina Lima já cantou que o outono no Rio é glacial. Acreditei. Já estive em outros anos, na mesma estação, na cidade. Escolhi algumas roupas próprias para temperaturas mais baixas. Logo na chegada, aquele azul de um céu maravilhoso, embora isso não dissesse nada. Às vezes, quanto mais azul, mais frio. Mas não estava frio. Estava quente. Muito quente. Verão total. Botei a sunga e fui à praia. Aqui na Praia do Pepê ainda não chegou, ao menos nos dias de semana, aquela multidão disputando palmo a palmo um lugar na areia. Há kite surf no ar, fazendo belas acrobacias. Aposentados disputam alegre partida de futvolei. Perto está outro aposentado. Bronzeado, corpo fit, está sentado lendo seu livro. Chega outro e atrapalha a leitura. À direita, parece ser um grupo de malhadores. Todos têm corpos musculosos, até com exagero. As moças são muito bonitas. Logo na chegada, dois, três, quatro vêm oferecer aluguel de cadeira e guarda sol. Nina, dona de uma barraca, oferece bebidas e até salgadinhos. Há espaço para todos. O vento, delicioso, o ar salgado também. Não fiquei muito tempo. Não levei nenhum protetor 200, sei lá e nos últimos anos, estive exposto somente à iluminação de escritório. Calor, muito calor. Assisto à estréia do espetáculo de Saulo Sisnando, teoricamente infantil, mas com bela mensagem de amor perfeita para adultos. Torço por ele. Tem muito talento e uma linguagem atual, com influencias do cinema americano da primeira metade do século XX. Não é o caso da peça que assisto, que tem outro tema. No outro dia, um verdadeiro êxtase. No Flamengo, foi recuperado o famoso teatro Manchete, agora com o nome Prudential. Lá, em seu último dia, a peça “Pi – Panorâmica Insana”, com direção de Bia Lessa e destacando Leandra Leal e Claudia Abreu. Uma colagem de textos magnífica, direção maravilhosa, cenário, trilha sonora e por ser the last, ultimíssima sessão, presença de famosos como Malu Mader e Tony Belotto, Fernanda Montenegro, Fernandinha e muitos outros. Uma celebração à arte da interpretação e que maravilha um teatro lotado para assistir algo que faz pensar. O calor continua. Olho no aplicativo e teremos mais calor nos próximos dias. Acho que errei nesse outono. Não era glacial? Daqui da Praia do Pepê, até a Zona Sul e seus teatros, basta pegar o metrô. Mão na roda. Quanto à Barra da Tijuca, nunca pude desfrutar. Se antigamente já era uma área inóspita para alguém que passou a vida entre Flamengo, Copacabana, Ipanema e Leblon, agora ficou mais evidente. Uma outra cidade. Outra arquitetura. Parece Miami. Ao contrário da Zona Sul, aqui, quem manda é o carro, para cobrir as grandes distâncias. À noite, quando escrevo e no prazo de entrega do material, Maju avisa que uma frente fria está chegando ao sul, com queda brusca de temperatura. Rezo para que chegue por aqui ou vou me queixar ao Procon. Na quinta, assistirei “Antígona”, no Teatro Poeira, com Marieta Severo. Quando lerem, já terei ido. O mesmo acontece com “O Mistério de Irma Vap”, que assisti com elenco original, Ney Latorraca e Marcos Nanini em performances lendárias. Agora tem grande elenco, no Teatro Casagrande. O melhor de assistir Teatro é renovar o amor ao gênero, atualizar suas opiniões, admirar as performances e deixar-se influenciar pelas novas idéias. Quanto à Cidade Maravilhosa, que coisa linda no pôr do sol através dos Dois Irmãos, água transparente e gelada. Uma delícia.

Nenhum comentário: