sexta-feira, 3 de agosto de 2018

DESPEDIDA

Mais dois anos e eu completaria 50 anos de atividades como radialista. Olho para trás e acho que acrescentei alguma coisa. Comecei aos 16 anos, em uma das funções mais simples, na discoteca, primeiro com Jacy Duarte, Souza Filho e depois meu irmão Edgar. Meu primeiro programa de rádio foi “Gente da Pesada”, aos sábados, oito da manhã. Junto ao Janjo, Edgar, Tarrika, Ricardo Albuquerque e Gilvandro Furtado e Fredoca Gantuss, comandados por Rosenildo Franco, botamos no ar o “Sábado Gente Jovem”. Também tinha um programa na madrugada, que deixava gravado, apresentado sob o pseudônimo de Mr. Moonlight. Meu grande amigo Laredo Neto. Grandes tempos. Convivi com alguns dos maiores comunicadores do rádio paraense. Descobri um mundo diferente, aprendi muito. Da Rádio Clube do Pará, conheço todos os que ainda estão em atividade. Mas estive com Grimoaldo Soares, José Simões, Osmar Simões, Jair Gouveia, mas devo dizer que para mim, os melhores narradores foram meu pai, que depois passou a comentar, meu irmão Edgar, desculpem se pareço parcial, Zaire Filho e Cláudio Guimarães. Hoje admiro Guilherme Guerreiro, Gerson Nogueira e Carlos Castilho. Aos que não mencionei, minhas desculpas. Atrás dos microfones, um mundo de profissionais ótimos, bons amigos. Mas um dia, o Dr. Raul Navegantes, do Idesp, foi até meu pai pedir a sugestão de um nome para montar a Rádio Cultura do Pará em Ondas Tropicais. Meu pai me chamou. E a emissora, com seus transmissores em Marituba, foi ao ar. Sem muitos exemplos a seguir, tateamos uma programação para o interior, sem deixar de lado a Cultura. Uma grande experiência. Porque em seguida, veio a Rádio Cidade Morena e a parceria com meu irmão Janjo, minha outra metade, se firmou, com a ajuda de Jones Tavares e jovens santarenos como Silvio Jr, Arturo Gonçalves, Nelson Gil, mais Cacá Raymundo, Jorge Reis, Caíto Martins, Julio César e os que esqueci, perdão ao velhinho que o alemão quer pegar. No começo, ligava os transmissores e ia ao microfone às seis da manhã até onze. Apresentei lá a Feira do Som, com o Edgar Augusto. Mas então veio a filiação com a Rede Rádio Cidade, a melhor FM do Brasil. Muitas promoções, gincanas. A Cidade encerrou atividades por conta de problemas da família dona da marca. O pessoal Machado de Carvalho, da Jovem Pan entrou em contato. O velho Paulo, marechal da vitória na Copa de 58, fizera negócios com meu avô Edgar, trazendo artistas durante o Círio. Fomos os segundos a nos filiar e durante bom tempo, nas reuniões de todas as Pans do Brasil, fomos considerados a segunda melhor emissora, perdendo apenas para a matriz, claro. Formamos muitas pessoas. Criamos um estúdio para gravar jingles e comerciais no nível que a emissora precisava, falando para jovens. Após pesquisa de comportamento, levamos às agências estudo completo sobre o que os jovens queriam. No meio do caminho, fui convidado a montar outra emissora, a Belém FM, uma das primeiras do Brasil no gênero segmentado, procurando claramente o público bem jovem, alternativo, gostando de rock. Mas cansei. O rádio virou algo muito técnico, usando as mídias sociais como parceiras. Para realizar o que fizemos, sendo somente uma emissora de rádio, sem contar com jornais ou emissoras de tv como apoio, nos desgastamos muito. Chegou a hora de parar. Parar no auge. Sabemos, eu e Janjo, que com a saída do sinal da Pan, haverá tristeza. Mas é bom sair no momento certo. Foi muito bom. O rádio me deu e me ensinou tudo. Espero ter deixado alguma coisa, também, para os ouvintes e para os que comigo trabalharam. A esses o meu sincero agradecimento pela paciência que tiveram comigo. Agora terei mais tempo para escrever. Muito obrigado.

Um comentário:

Bruno Figueiredo disse...

Depois de tanto tempo deve ser complexo encerrar um ciclo só quem passa sabe o real significado. Momentos marcantes é o que importa nessa vida.