Quando estou feliz, toco Beatles
para festejar. Específicamente, um disco que na época, com gravações juntadas
criminosamente no Brasil, se chamou “Beatles 65”. Eu tinha onze anos de idade e
era agosto. Chegamos das férias escolares em Mosqueiro e no nosso quarto, sobre
a cama do Edgar Augusto, estava o vinil. Por algum motive, aquele conjunto de
músicas firmou a sensação de felicidade. Também ouço nos primeiros dias
cinzentos de dezembro, como uma antecipação do natal. Ouço e lembro dos dias
felizes em que, nas férias grandes, ficávamos jogados no salão do apartamento
do Renascença, sem nada para fazer, ouvindo música.
Estou feliz porque meu livro
novo, “Pssica”, é finalista na categoria “Romance”, ao prêmio da Associação
Paulista de Críticos de Arte, uma das premiações mais importantes do Brasil.
Feliz porque afinal, consegui repercussão nacional do meu trabalho. Sobretudo
feliz, porque nada fiz pensando em prêmios, quem sabe um pouquinho em
repercussão. Afinal, ninguém escreve e publica para não ser lido. Escrevo para
ser feliz. Escrevo porque gosto de criar histórias, personagens. Durante o
tempo em que escrevo, sou o mais feliz de todos. Me enamoro pelo trabalho.
Escrevo em um horário e após, fico pensando no que virá depois. Encontrei uma
Editora que me compreende, gosta de mim e apostou durante vários anos.
Encontrei na França outra Editora que pensa o mesmo. E agora se prepara para lançar,
ano que vem, “Pssica”, por lá. E então serao quatro livros traduzidos! E mais
os dois primeiros no format de livro de bolso.
Estar entre os quatro finalistas
é uma honra. Gente de peso. Eu e Alberto Maluf, bem jovem, que me encontrou na
Balada Literária e me deu seu livro, somos os azarões. Podemos ganhar,
meramente por fazer parte dos finalistas. Mary Del Priore e o grande Raimundo
Carrero é que disputam. Mas sair do Pará, onde há mais de vinte anos não há
qualquer política cultural de incentive à Literatura e chegar onde cheguei, é motivo
de alegria. De felicidade. E depois, é Belém no noticiário. Belém, minha casa,
meu chão, com todos os seus problemas e personagens maravilhosos. Agora ouço
Beatles, cantarolo, faço segunda voz nas canções, conheço a sequencia. Estou
feliz. “I’m so happy when you dance with me”!
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