Agora que o futuro já chegou,
os escritores de ficção científica precisam rebolar para nos oferecer algo
interessante e mais do que tudo, crível. Não há mais espaço para carros que
voam e outras invenções.. Já passaram 14 anos de “2001, uma Odisséia no
Espaco”. Foi sem muita fé que comecei a ler o livro de Andy Weir, pela Editora
Arqueiro, chamado “Perdido em Marte”. Outros livros e filmes, razoavelmente
recentes já trataram de missões espaciais, mas nada muito convincente. Nem sou,
inclusive, um grande leitor do gênero. Mas a partir das primeiras páginas, não
larguei mais esta aventura sensacional, ainda que com final feliz, que vai se
delineando com alguns exageros.
Mark Watney é tripulante do
Programa Ares e está em uma nave que após vários meses, chega até Marte. A
equipe começa as pesquisas quando vem uma grande tempestade de areia. Todos
conseguem chegar ao módulo e escapam, menos Mark, que foi lançado contra
antenas que havia instalado, uma delas perfurando seu traje. Os colegas não
puderam espera-lo. Escolha difícil, mas houve treinamento para isso e pronto.
Pensaram que havia morrido. Mas não. Daí em diante, tem início um processo de
sobrevivência absolutamente lógico, que mistura eletrônica, química, agricultura
e bom senso. Avistado daqui da Terra por satélite, sua vida provoca uma comoção
mundial. Adiante, ele consegue comunicar-se. Fica a dúvida se devem avisar ou
não a tripulação que retorna à Terra. Constroem em tempo recorde um foguete com
mantimentos para que fique vivo até enviarem outra nave socorro. O foguete se
desmancha ao decolar. Os chineses iam lançar um foguete. Pedem socorro, trocam
favores. Mark raciona a comida. Os meses vão passando. Um engenheiro aparece
com a solução. A nave do Programa Ares, que retorna, dez meses passando, não
deve penetrar na atmosfera e sim fazer a volta em órbita e aproveitar a
velocidade para retornar e buscar Watney. Antes, pega os mantimentos deixados
em órbita. Não, dizem as autoridades. Colocarão em risco a vida de uma equipe
inteira. Agora o pessoal da nave já sabe da vida do companheiro. Secretamente
recebem a sugestão recusada de retornar. Anunciam que voltam. Enquanto isso,
Watney precisa se dirigir a determinado ponto onde está um módulo que ficou lá,
com combustível para alcançar, lá fora, a Ares. E tome aventura, sem nenhum
Sexta Feira para ajudar nosso Robinson Crusoe. Apenas a luta pela
sobrevivência. Ele chega a colher batatas plantadas dentro de uma nave, onde
mistura terra da Terra, de Marte e excrementos. Ao chegar ao módulo, precisa
jogar fora todo o peso supérfluo em equipamentos que não precisaria utilizar.
Daqui em diante, não conto mais, não sou nenhum spoiler. Claro que deve virar
filme, mas a exatidão de suas atitudes, a coragem, os golpes de sorte e o
conhecimento mostram como o ser humano, em momentos decisivos para manter a
vida, luta com denodo e esperança. Não, ele não está em uma ilha deserta. Ele
está em um planeta, absolutamente só, com atmosfera hostil, comida acabando e
rara chance de escapar. O astronauta Chris Hadfield, comandante da Estação
Espacial Internacional, conferiu a correção dos dados. Quando termina, mesmo
que preferisse um final mais previsível, não há como não sentir um grande ufa!
Recomendo.
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